Formada em Artes Cênicas pela Unirio, Daniela Santi tinha uma sólida carreira como atriz, diretora e professora de teatro, construída ao longo de 50 anos. Profissional sempre presente na vida cultural do município, Dani atuava em diversas frentes em defesa do que considerava justo e necessário lutar. Uma de suas causas mais recentes era a reabertura do Centro de Arte — do qual foi diretora nos anos 1986/87/88 —, espaço tradicional da cultura local, fechado há mais 10 anos.
Nascida na Itália, criada em São Paulo, depois no Rio, cidades onde se graduou em inúmeros cursos, mudou-se para Nova Friburgo nos anos 80. Décadas depois teve o merecido reconhecimento por sua dedicação à cultura ao receber o título de cidadã friburguense, em 2007. Como exemplo, o movimento @voltacentrodearte, criado por um grupo de artistas, que contou com forte adesão da população. Para melhor definir essa pessoa, republicamos aqui, trechos de artigo exclusivo da Daniela Santi para A Voz da Serra, em agosto de 2023:
“Quem não teve a sua vocação voltada para a arte, não sabe o quanto é difícil não se ter espaço para praticar a sua função, que esteja disponível no município no qual mora. Imaginem um médico sem o hospital público para auxiliar os doentes de corpo e mente, como seria terrível! Apesar de ser considerada, pela maioria das pessoas, como uma profissão descartável, nós artistas somos os doutores da alma. Se não houvesse a arte para informar, questionar, divertir, entreter, a vida seria menos colorida, não é mesmo? Pois há muitos anos nossas casas estão ruindo, metafórica e fisicamente. O trabalho, muitas vezes sem retorno financeiro que baste para o sustento, faz o artista ficar à deriva, dependendo apenas do seu esforço próprio.
[....] Não é por acaso que cobramos a reabertura dos teatros municipais, que se encontram sem uso. Teatro Municipal, que está em obras e em breve voltará a funcionar, Centro de Arte, que ninguém sabe o destino final, e Praça CEUS (ou Estação Cidadania), que atenderia ao bairro de Olaria, descentralizando as apresentações e evitando o deslocamento do cidadão para acessar cultura. O pior, nesse turbilhão criativo, é ouvir de alguns, que ser artista é fácil, que é só diversão! Pior ainda, é ser solicitado para fazer nosso trabalho por poucos tostões ou de graça. Essa é a vida do artista!”
Assim foi a vida de Daniela Santi, um carrossel de emoções, de toda natureza, fosse nos palcos, nas ruas ou nos corredores dos “poderes públicos”, na dura batalha de quem faz teatro no Brasil.
Nós, equipe de A Voz da Serra, nos juntamos aos seus familiares, amigos, colegas, alunos, enfim, toda a classe artística de Nova Friburgo e região, solidários neste momento de profunda dor. Siga em paz, Daniela Santi!
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