Esqueça o vestido esvoaçante, a camisa polo combinando com a bermuda e o mocassim, a roupa com cheiro de nova para abraçar Papai Noel. O Natal desta pandemia (e o réveillon também) promete ser bem diferente de todos os outros e tem tudo, mesmo, para ser uma noite feliz… de pijama.
Essa peça do vestuário que andava negligenciada, esquecida, muitas vezes mofando nas gavetas, trocou de lugar com as roupas de sair e ganhou novo figurino, um verdadeiro status de traje de gala, desde o início da quarentena. E nunca mais saiu dos holofotes. Esgotou-se nas prateleiras das lojas físicas, alavancou as vendas pela web, estimulou o surgimento de novas linhas de produção e novos negócios.
No dress code dos afortunados sobreviventes da Covid-19, tem sido um alívio ver pacientes deixando os hospitais, nos corredores em festa, vestindo os seus melhores pijamas (acima). Nesse ranking de esperança e gratidão, pijamas só perdem mesmo para os jalecos dos bravos médicos e enfermeiros.
O próprio Silvio Santos comemorou seu aniversário de 90 anos com uma “festa do pijama” em família. O apresentador e dono do SBT não vai à emissora gravar seu programa desde o início da pandemia.
Com a chegada do coronavírus e as restrições de circulação, confecções amargaram, por um lado, o fechamento de lojas físicas, mas experimentaram um vertiginoso crescimento do e-commerce, vendendo não só pijamas (“sleepwear”), como roupas confortáveis para ficar em casa, a chamada “homewear” ou “loungewear”.
Com a institucionalização do home-office, teve empresa que inventou até “pijama para trabalhar de casa”. A roupa da Work From Home Jammies, do Japão, consiste em um pijama normal, com um corte na altura do peito, no limite do enquadramento pela webcam, permitindo à pessoa “parecer” estar de roupa social. Só que, embaixo, ela está de moletom (acima).
Na internet, as buscas por “pijama” cresceram 140% somente em maio, em comparação ao mesmo mês de 2019, de acordo com o Google Trends, ferramenta que mapeia as tendências de consumo na web. Além disso, de acordo com o próprio Google, pijamas e roupões se encontram entre os dez itens mais buscados pelos brasileiros.
Tecidos leves e maleáveis, suaves ao toque e agradáveis no corpo já vinham sendo uma preferência do consumidor nos últimos tempos, mesmo antes da pandemia. Com a quarentena, acabaram sendo popularizados por celebridades nas redes sociais. Ivete Sangalo, por exemplo, fez o maior sucesso vestindo um conjunto pink de bolinhas brancas na sua primeira live (acima). Lázaro Ramos, Caetano Veloso, Bruna Marquezine e Anitta, entre outros famosos, também ostentaram suas roupas de dormir.
Outro fator que influenciou o aumento da busca por pijamas foi o inverno. Afinal, o frio sempre faz com que as pessoas busquem roupas aconchegantes. Ainda mais para quem pode se dar ao luxo de ficar em casa.
Assim como aconteceu com as máscaras faciais, pijamas também viraram itens fashion. Aliás, repetindo modismos do passado. Na década de 20, a famosa estilista Coco Chanel era conhecida por usar pijamas de tecidos finos, como seda e cetim, ornados com colares de pérolas. Em 2015 a grife Dolce & Gabbana levou os pijamas para a Semana de Moda de Milão. Pouco tempo depois, outras marcas, como Louis Vuitton, Alexander Wang e Gucci, também trouxeram o pijama para as ruas.
De escondidinho do namorado a item fashion no armário, o pijama, através do olhar de estilistas, vem ganhando modelagens, estampas e cores que fogem dos padrões. São modelos que agora levam estilo da rua para o conforto do lar, mas que também podem sair para dar uma volta lá fora sem constrangimento. Roupas acima de tudo versáteis: podem ser usadas na cama, na sala, no carro ou na calçada.
O conceito é importado do estilo de vida dos americanos, que não ligam muito para o que vestem, sobretudo nos fins de semana. Ou melhor, ligam para o que “vestem”, não para o que “mostram” por aí.
Não à toa, uma das linhas de loungewear mais famosas do mundo é a da marca americana Calvin Klein. São roupas para relaxar, geralmente feitas de algodão macio, que servem tanto para dormir, para fazer uma atividade física leve ou arrastar os chinelos em casa, seja tomando um vinho ou assistindo a um filme, podendo também ir até a padaria ou, quem sabe, combinar com outras peças, em um estilo mais informal.
Em Nova Friburgo, a maioria das confecções tem linhas de sleepwear, homewear e loungewear. A Lalie Lalou, por exemplo, foca na versatilidade e em tecidos que parecem acariciar a pele, de tão macios (acima). O diferencial aparece ainda mais nas estampas e na linha de produtos exclusivos com tecidos biodegradáveis e antiodor.
Já a Monthal investe na máxima de que estar em casa não significa andar desarrumado. Afinal, como diz o ditado, elegância vem de berço. Na galeria abaixo, fotos de roupas de ficar em casa das marcas friburguenses:
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