Neste domingo, 5, acontecerá o GP das Montanhas Rota 116, a fantástica subida da serra sobre duas rodas, entre Cachoeiras de Macacu até Nova Friburgo. E no fim de agosto teremos a Route MTB (acima), prova que acontece no calendário das festividades do "Agosto Suíço", com apoio do consulado e da colônia do país responsável pela fundação de Nova Friburgo.
O GP das Montanhas Rota 116 (acima) reunirá neste domingo, a partir das 9h, ciclistas de todo o Estado do Rio. Serão 26 quilômetros de pedalada, sendo 21 de subida. A prova, que exige muito esforço, reúne atletas de 18 a 70 anos, entre eles Urwalei Fonesi, o Vavá, bicampeão de 2018 e 2019. O GP das Montanhas Rota 116 teve sua primeira edição em 2008. Com largada no quilômetro 39 da RJ-116, em frente à Vila Olímpica de Cachoeiras, a prova com cerca de 200 atletas inscritos, tem como ponto final o quilômetro 65, em Theodoro de Oliveira, a 1.089 metros de altitude. Em 2021, o atleta Francisco Júnior, o Juninho, completou o percurso em uma hora e quatro minutos.
Organizador da competição, Orlando Mielli (Equipe Montanha Sports), lembra que o GP das Montanhas Rota 116 é uma das provas mais requisitadas do calendário estadual devido à exuberância das belezas naturais por onde os atletas passam, mas também pela infraestrutura fornecida pela concessionária Rota 116, patrocinadora da competição.
“Poucas provas em todo o Brasil têm essa estrutura. Toda a faixa da direita da rodovia é isolada para os competidores e temos 21 quilômetros de pista segregada com cones, dotando a competição de muita segurança para os atletas. Além disso, viaturas ficam disponibilizadas em pontos estratégicos com o objetivo de orientar e prevenir qualquer incidente. Vale lembrar, também, o apoio de órgãos públicos como Polícia Militar, Bombeiros e as prefeituras de Cachoeiras de Macacu e de Nova Friburgo”, explica.
Para Edyano Bittencourt, superintendente-geral da Rota 116, a prova de domingo faz parte do calendário de eventos da concessionária. “Esta é a sexta edição do GP das Montanhas Rota 116 e cairá, por coincidência, quando se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. Temos muito orgulho em dar total apoio à sua realização. A nossa rodovia corta o Parque Estadual dos Três Picos e procuramos estar em sintonia com iniciativas que tenham um viés voltado para o esporte e a preservação do meio ambiente”, destaca.
Mais 400%
O mercado que gira em torno da bicicleta cresceu cerca de 400% desde o início da pandemia. A estimativa, que inclui Nova Friburgo, é de Orlando Mielli, um dos maiores incentivadores da prática do ciclismo na cidade. Segundo Orlando, em meio ao isolamento social imposto pelo coronavírus, centenas de friburguenses começaram a pedalar como forma de atividade física e acabaram transformando esse hábito em um estilo de vida que atrai cada vez mais adeptos. Prova disso são as lojas especializadas que não param de abrir, por todos os bairros.
“São inúmeros os casos de pessoas que deixaram o sedentarismo, perderam peso, deixaram de fumar e saíram de uma depressão profunda graças à inclusão da bicicleta em seu cotidiano”, diz Orlando, que pedala há mais de 30 anos. Não por acaso, o calendário oficial do esporte está dando um “sprint” - como dizem os ciclistas quando estão em velocidade máxima. Em março foi realizada a Montanha Cup, prova mais tradicional da modalidade MTB no Estado do Rio, comemorando 15 anos.
Uma paixão antiga
A paixão dos friburguenses por bicicletas é antiga. Em 9 de abril de 1899 foi criado o Bicyclette Club Friburguense, por Eduardo Salusse, de tradicional família da cidade, destinado a competições. Inventada em 1839, a bicicleta chegou a Nova Friburgo no fim do século 19.
Mesmo sendo consideradas um luxo na época, bicicletas eram o principal meio de transporte dos friburguenses na década de 1950. Tanto que o tráfego de bicicletas era autorizado em uma das alamedas da Praça Getúlio Vargas. Quando circulavam pela cidade, os ciclistas eram obrigados a usar marcha moderada e lanterna acesa à noite. Corridas de bicicleta eram o ponto alto do verão friburguense e transformavam a Praça 15 de Novembro (atual Getúlio Vargas) no velódromo de Friburgo. O Dia da Bicicleta, neste 3 de junho, foi criado em 12 de abril de 2018, pela ONU, para a conscientização sobre os vários benefícios sociais de usar esse veículo não poluente para transporte e lazer.
Em São Pedro da Serra, um exemplo de amor sobre duas rodas
(Por Paulo Toscano*)
Um dos adeptos do ciclismo mais idosos de Friburgo era Eliseu de Freitas (foto abaixo, de Paulo Toscano), que completaria 82 anos em julho. Ele faleceu em 29 de maio, deixando saudades em seus muitos admiradores de Lumiar e São Pedro da Serra. “Desde que me entendo por gente, via o Eliseu montado numa bicicleta”. Não há exagero nestas palavras. Afinal, elas vêm da dona Ezali Monteiro de Freitas, viúva de Eliseu de Freitas, com quem foi casada por longos 50 anos.
A filha Priscila de Freitas, caçula dos três filhos do casal, lembra que seu Eliseu a buscava na escola diariamente de bicicleta. “Subia na garupa de lado porque usava saias. No trajeto até a nossa casa, era comum ver papai com a mão estendida, cumprimentando todos no caminho”. Pelas ruas de paralelepípedo da Rua Rodrigues Alves, ou nas vicinais de terra batida e esburacada, seu Eliseu pedalava com toda a sua simplicidade, transformando-se num personagem importante de São Pedro da Serra, reconhecido como uma pessoa gentil e altruísta, sempre disposto a ajudar.
Seu Eliseu, minha torneira está pingando! Seu Eliseu, preciso levantar uma chaminé! Seu Eliseu, preciso limpar a caixa d’água! Seu Eliseu, preciso trocar o encanamento!” Seu Eliseu! Seu Eliseu! Seu Eliseu! Seu Eliseu! Os pedidos de ajuda eram inúmeros e diários. “Não se preocupe, em uma hora, chego a sua casa”, respondia Eliseu, sempre calmo, com sua voz rouca. Pontualmente, surgia com sua bicicleta, ano 1928, chapeuzinho, camisa de botões e mangas curtas, calça social e sandálias havaianas.
A antiga bicicleta ele teve que vender. Mas Haroldo, seu filho do meio, que vive na Alemanha, lhe presenteou com uma bicicleta barra circular da Monark, preta. Nada, então, havia mudado a estética de felicidade sobre duas rodas de seu Eliseu. “Amava o meu avô”, declara Yoran Monteiro de Freitas, filho de Alessandra Monteiro de Freitas, cantora, assim como a caçula, todas influenciadas pelo talento musical do ciclista e trompetista Eliseu.
Todos os domingos era normal vê-lo participando do grupo musical da Igreja Assembleia de Deus de São Pedro da Serra. “Se eu fizesse alguma besteira, meu avô apenas me fitava com os olhos, e eu, então, suplicava a minha redenção, tal o respeito que tinha por ele”, continuou o neto. “Às vezes em que pedia sua bicicleta emprestada, não era raro passar por uma minuciosa vistoria do meu avô, que desejava certificar-se de que a sua amada bicicleta voltara imaculada.”
*Paulo Toscano é morador de São Pedro.
“Poucas provas em todo o Brasil têm essa estrutura. Toda a faixa da direita da rodovia é isolada para os competidores e temos 21 quilômetros de pista segregada com cones, dotando a competição de muita segurança para os atletas. Além disso, viaturas ficam disponibilizadas em pontos estratégicos com o objetivo de orientar e prevenir qualquer incidente. Vale lembrar, também, o apoio de órgãos públicos como Polícia Militar, Bombeiros e as prefeituras de Cachoeiras de Macacu e de Nova Friburgo”, explica.
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