Diariamente caminho pelas alamedas do Parque São Clemente, do Nova Friburgo Country Clube que nesta quinta-feira, 20, celebra mais um aniversário. E embora tenha percorrido tantas vezes aquele espaço, basta que atravesse o portão de entrada para, como se fosse pela primeira vez, sentir a paz, o silêncio, o ar puro que reinam ali. Onde quer que se esteja e para qualquer lado que se olhe, passando pelo bambuzal, o casarão, os lagos, o que se vê é uma grande beleza: capricho da natureza e obra do trabalho humano.
Os jardins do Country Clube são um ambiente em que as pessoas experimentam a sensação de estarem vivendo um momento especial, daqueles que fazem bem ao corpo, à mente e ao coração (a este, duplamente: pelo exercício físico das caminhadas e pela alegria de estar num lugar onde é inevitável seguir o sábio conselho latino: “carpe diem”). Um oásis no centro da cidade, no qual pessoas conhecidas se encontram, se cumprimentam, trocam uma palavra amiga. Mas mesmo as que não se conhecem (há sempre turistas circulando) sentem que um sorriso ou um aceno cordial para o estranho que passa são gestos de uma cordialidade que o ambiente requer e merece.
Em todo canto se veem trabalhadores em ação, num cuidado constante para que as folhas que caem das árvores não se acumulem no chão, para que os galhos que o vento ou a chuva derrubou sejam logo recolhidos, que novas plantas e flores substituam as que o tempo desgastou. É um trabalho que vem de longe, desde os tempos do Barão, de Glaziou, dos Guinles, de sucessivas diretorias. Atualmente (e mais uma vez) o clube é presidido por Roosevelt Concy, a quem vejo com frequência, ao mesmo tempo caminhando e administrando, conversando com os funcionários, dando uma sugestão, inventando melhorias.
Nova Friburgo tem muita coisa de que se orgulhar, e o parque do Country Clube é, sem dúvida, uma delas. Feliz a cidade que tem um lugar assim. E este é um dos que certamente mais contribuem para que Nova Friburgo seja, na bela definição de Raphael Jaccoud: “A mais gentil, meiga e formosa flor das montanhas do Brasil”.
*Robério Canto é escritor, membro da Academia Friburguense de Letras e colunista de A VOZ DA SERRA
O charmoso Country Clube
O Nova Friburgo Country Clube é, sem dúvida, um dos lugares mais belos e tradicionais do país. Em 1862, o Barão de Nova Friburgo decidiu construir uma residência de campo para a família. A casa, em arquitetura de chalé, projeto do arquiteto alemão Gustave Waehneldt, foi rodeada por jardins do paisagista francês Auguste Glaziou, dando forma à Chácara do Chalet.
O Imperador D. Pedro II esteve na Chácara do Chalet ao menos duas vezes: em 1873, durante o baile de inauguração da segunda seção da Estrada de Ferro de Cantagallo, e em 1883, quando de sua viagem a Campos dos Goytacazes, para inauguração da iluminação elétrica naquela cidade.
Com a morte do Barão, a propriedade foi herdada por seu filho mais velho, o Conde de São Clemente, ficando conhecida como Parque São Clemente. Após pertencer a quatro gerações da família, a propriedade foi adquirida pelo empresário Eduardo Guinle, em 1913.
Em 1957, a parte central da propriedade - constituída por lagos, jardins e a casa - foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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