Inteligência artificial vai afetar 40% dos empregos em todo o mundo

Estudo do FMI mostra que metade dos profissionais vai se beneficiar da tecnologia e a outra pode ser prejudicada
quarta-feira, 17 de janeiro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
Inteligência artificial vai afetar 40% dos empregos em todo o mundo (Foto: Pexels)
Inteligência artificial vai afetar 40% dos empregos em todo o mundo (Foto: Pexels)

Quase 40% dos empregos no mundo serão afetados pelo avanço da IA (inteligência artificial), que vai substituir alguns e complementar outros, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Uma análise da organização descobriu que, nas economias avançadas, cerca de 60% dos empregos podem ser impactados pela inteligência artificial. Em mercados emergentes e países de baixa renda, no entanto, a proporção é de 40% e 26%, respectivamente. 

“As economias de mercados emergentes e em desenvolvimento enfrentarão menos transformações imediatas com a IA”, escreveu a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, em uma postagem no blog da organização no domingo, 14, véspera do início do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, onde o assunto é abrodado desde segunda-feira. O evento reúne líderes mundiais e chefes de Estado, além de 2.800 convidados.

Dos quase 40% dos empregos globais expostos à IA, metade vai se beneficiar com o uso da tecnologia e aumento da produtividade. Para a outra metade, as ferramentas de inteligência artificial vão executar tarefas hoje realizadas por humanos, o que pode reduzir a demanda de trabalho, levando a salários mais baixos e menos contratações. Nos casos mais extremos, alguns desses empregos podem desaparecer.

Aumento das desigualdades 

A executiva também chama atenção para o fato de que muitos países e regiões não possuem infraestrutura ou força de trabalho qualificada para aproveitar os benefícios da inteligência artificial. Com o tempo, segundo ela, a tecnologia pode agravar as desigualdades entre países e dentro de uma mesma nação.

“Trabalhadores que conseguem aproveitar a IA veem seus ganhos de produtividade e salários aumentarem, enquanto aqueles que não conseguem ficam para trás.” Além disso, os ganhos de produtividade das empresas que adotam a IA vão impactar o retorno do capital, o que também pode favorecer os profissionais com maiores salários. 

Para Georgieva, líderes políticos e empresariais têm o papel de tornar a transição para a IA mais inclusiva. “Na maioria dos cenários, a IA vai piorar a desigualdade geral, uma tendência preocupante que os formuladores de políticas devem abordar proativamente para impedir que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais.”

O Brasil e o mundo

De um modo geral, os trabalhadores mais jovens e com renda mais elevada poderão ver um aumento desproporcional nos seus salários após a adoção da inteligência artificial. Já os trabalhadores com renda mais baixa e os mais velhos poderão ficar para trás, acredita o FMI.

"É crucial que os países estabeleçam redes de segurança social abrangentes e ofereçam programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis", disse Georgieva. "Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a IA mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade".

A tecnologia está enfrentando crescente regulamentação em todo o mundo. No mês passado, as autoridades da União Europeia chegaram a um acordo provisório sobre as primeiras leis abrangentes do mundo para regular o uso da IA. 

O Parlamento Europeu votará as propostas da Lei da IA no início deste ano, mas nenhuma legislação deverá entrar em vigor antes de 2025. Os EUA, o Reino Unido e a China ainda não publicaram as suas próprias diretrizes de IA.  Embora o Brasil tenha iniciado debate no Congresso sobre inteligência artificial, ainda não tem regulamentação sobre o tema.

O relatório do FMI indica que em economias avançadas — como Estados Unidos e Reino Unido — algo entre 60% e 70% dos empregos atuais estão altamente expostos à inteligência artificial. No Brasil, o FMI avalia que 41% dos empregos têm alta exposição à inteligência artificial. Na Índia, esse percentual cai para 26%.

Esse critério do estudo do FMI — exposição de um emprego à inteligência artificial — engloba tanto trabalhos que vão se beneficiar da tecnologia como aqueles que estarão ameaçados por ela no futuro. Para avaliar se o impacto da inteligência artificial será bom ou ruim no mercado de trabalho, o relatório do FMI criou outra categoria: a complementaridade.

Os empregos com alta complementaridade são aqueles que se beneficiarão com a inteligência artificial, mas não serão extintos por ela. Por exemplo, um cirurgião, um administrador, um advogado ou um juiz terão grandes ganhos de produtividade com a IA — mas suas atividades não estarão ameaçadas, pois sempre dependerão de um grande componente humano para sua execução.

Já os empregos de baixa complementaridade são os mais ameaçados pela IA. É o caso de operadores de telemarketing, que podem ser totalmente substituídos pelas novas tecnologias, com pouca necessidade de um componente humano.

E é nesse ponto que a inteligência artificial pode fazer crescer a desigualdade social nos países. Segundo o FMI, trabalhadores com mais educação e mais jovens têm melhores condições de encontrar empregos de alta complementaridade (beneficiados pela IA); os com menos escolaridade e mais velhos estarão mais sujeitos a empregos de baixa complementaridade (ameaçados pela IA).

Habilidades que a IA não pode substituir

Apesar do potencial da inteligência artificial em revolucionar as atividades e funções, os recursos não podem substituir algumas habilidades humanas. Mesmo com o desenvolvimento tecnológico, será preciso ter profissionais qualificados em diversos cargos.

Em outras palavras, os recursos em IA podem automatizar muitas tarefas em uma empresa e, com isso, provocar o deslocamento de trabalho. No entanto, determinadas habilidades não podem ser substituídas e serão sempre indispensáveis no mercado. Podemos citar as seguintes:

  • pensamento crítico;

  • criatividade;

  • habilidades interpessoais;

  • habilidades de liderança;

  • inteligência emocional;

  • trabalho sustentável.

Todos esses aspectos são difíceis de a IA desenvolver em suas diversas formas de aplicação. O que significa que a presença humana é imprescindível em todo o momento, mesmo diante da evolução rápida da tecnologia.

O melhor caminho é ter um olhar atento ao futuro e a tecnologia para a área de atuação. Como tudo está em constante evolução, é a alternativa ideal para acompanhar as tendências, superar desafios e aproveitar oportunidades.

Ao notar campos da IA relacionados às empresas e funções, será possível direcionar a educação corporativa e investir no capital humano. Quanto mais precoce a percepção desse assunto, melhores serão os resultados para a organização.

O tema inteligência artificial requer uma atenção exclusiva, principalmente dos gestores de Recursos Humanos. Afinal, adaptar processos e estimular o desenvolvimento de habilidades do futuro é a base para ter uma equipe de ponta. (Fontes: brasil.emeritus.org / BBC News Brasil)

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