Frizão e clubes do Rio em defesa do Jogo Seguro

Ferj lidera clubes em busca da retomada gradual do futebol
quarta-feira, 03 de junho de 2020
por Vinicius Gastin
Alguns estádios do Rio já passaram pelo processo de sanitização, previsto no Jogo Seguro
Alguns estádios do Rio já passaram pelo processo de sanitização, previsto no Jogo Seguro

As ações pela retomada do futebol no Estado do Rio de Janeiro prosseguem, mas há ainda alguns entraves que tornam difícil fazer qualquer tipo de previsão. Na capital fluminense, os clubes já estão autorizados a treinarem – boa parte já retomou as atividades -, mas outras equipes do interior ainda buscam entendimento com as respectivas prefeituras. Há ainda a resistência de Botafogo e Fluminense, contrários ao retorno dos treinamentos em campo neste momento.     

Com o planejamento de retomar o Campeonato Carioca em meados de junho, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) decidiu criar uma Comissão Especial de Saúde. Assim como A VOZ DA SERRA já noticiou, o grupo de médicos vai compilar dados e preparar um novo protocolo para a volta dos jogos.

Essa comissão é formada pelos médicos Marcos Teixeira (Vasco), Márcio Tannure (Flamengo) e Rômulo Capello Teixeira (Bangu). Após a liberação dos treinos na cidade do Rio de Janeiro, estipulou-se a data de 14 de junho como base para a volta do Campeonato Carioca, em acordo com o achatamento da curva da pandemia.

Algumas entidades, no entanto, se manifestam contra o retorno do futebol neste momento. O Ministério Público do Rio de Janeiro, por exemplo, emitiu um comunicado dizendo ser contra o retorno do futebol na cidade. Segundo o MP, a intenção é de não voltar até que seja atestado pelos órgãos competentes a queda do número de casos de coronavírus.

Também contrário à volta dos clubes aos trabalhos nos centros de treinamentos, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) enviou carta notificando todos os médicos de clubes da Série A do Campeonato Carioca.

Com todos os profissionais notificados, a ideia é de que se abra um processo dentro do Conselho contra aqueles que continuarem permitindo treinos em seus clubes. Nos últimos dias, o órgão divulgou um parecer que se mostrou totalmente contrário à volta aos treinamentos.

Desta forma, os médicos seriam enquadrados nos artigos 1º e 18º do Código de Ética Médica. A punição pode variar entre advertência, suspensão e até cassação do CRM (Conselho Regional de Medicina, nome do registro profissional).

Marcelo Erthal, conselheiro responsável pela Câmara Técnica de Medicina Esportiva do Cremerj e que está substituindo Clóvis Munhoz (este estava hospitalizado por conta do Covid-19), explicou de que forma o Cremerj procederá com os médicos dos clubes que liberarem seus atletas para os treinos nos CTs.

“O Cremerj vai atuar especificamente em cima do médico. Se a gente tiver a denúncia de que os treinos ou qualquer coisa do gênero vêm acontecendo, que estão expondo as pessoas aos riscos da doença, os médicos responsáveis vão ser enquadrados nestes artigos. É uma exposição, ao nosso ver, absolutamente desnecessária. Não tem por que, neste momento, num pico da doença, expor todo mundo a algo que não é atividade essencial”, pontua.

Em resposta ao Cremerj, 14 dos 16 clubes que participam do Campeonato Carioca deste ano – contando os quatro da Seletiva e excluindo Botafogo e Fluminense -, emitiram nota conjunta com a Federação do Rio na tarde do último domingo, 31 de maio, utilizando sites e redes sociais. O Friburguense também participou do manifesto.

“Ratificamos o que vem sendo repetido há muito tempo e por inúmeras vezes de que a volta de partidas oficiais de futebol profissional, em cada município do Estado do Rio de Janeiro, deverá ocorrer a partir do momento em que não houver impedimento legal e de acordo com as diretrizes do protocolo específico ainda não finalizado para essa fase”, diz parte do texto publicado em conjunto pelas equipes.

A íntegra da nota dos clubes

“A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e os filiados América, Americano, Bangu, Boavista, Cabofriense, Flamengo, Friburguense, Macaé, Madureira, Nova Iguaçu, Portuguesa, Resende, Vasco e Volta Redonda, em apoio aos seus profissionais médicos, estranham a posição do Cremerj ao fugir de suas atribuições para opinar no que desconhece, investindo-se de competência que não possui, e expedir documento absolutista, caracterizado por conteúdo intimidatório e coator direcionado aos médicos dos clubes para impedir que os mesmos pratiquem o exercício legal de sua profissão.

Não cabem retaliações, recalques, frustrações ou ameaças àqueles que não tem nenhum poder se vai ou não haver treino ou jogo, decisão que compete unicamente à direção de cada clube, fato inexplicavelmente olvidado pelo Cremerj, mas do conhecimento de muitos dos profissionais que dele fazem parte.

Em relação ao protocolo denominado Jogo Seguro, elaborado, debatido e finalizado para a fase de treinamentos, por médicos de todos os clubes, com fundamentos e bases científicas, convém ressaltar que não existe impermeabilidade a críticas ou sugestões desde que propositivas e fundamentadas, melhor ainda se revestidas da experiência na matéria por parte de quem as façam.

Ratificamos o que vem sendo repetido há muito tempo e por inúmeras vezes de que a volta de partidas oficiais de futebol profissional, em cada município do Estado do Rio de Janeiro, deverá ocorrer a partir do momento em que não houver impedimento legal e de acordo com as diretrizes do protocolo específico ainda não finalizado para essa fase.

Sugestões técnicas, científicas, factíveis, coerentes, lógicas, fundamentadas e sem nenhum viés político podem ser encaminhadas até o dia 4 de junho através do e-mail: secretaria@fferj.com.br.”

 

Trecho do ofício do Cremerj

 “Tendo em vista a recomendação das Câmaras Técnicas de Infectologia e Medicina Desportiva (vide anexo) e considerando o disposto no Código de Ética - Capítulo III - CFM, da Resolução CFM/2217/2018, em seu artigo 1º "causar dano ao paciente, por ação e omissão, caracterizável por imperícia, imprudência ou negligência, bem como o disposto no artigo 17º, "deixar de cumprir salvo por motivo justo as normas emanadas pelo Conselho Regional de Medicina", oficiamos V.Sa. para que demonstre a esse conselho se está ocorrendo treinamento de atletas.”

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