Os dias passam, e em meio às tentativas de ampliar a segurança das pessoas sem deixar de buscar um retorno gradual à rotina, várias propostas de procedimentos e cuidados são debatidas. No universo do esporte, em especial do futebol, essa mesma história se repete. No Estado do Rio de Janeiro, as várias vídeo conferências realizadas entre os principais clubes começam a produzir alguns resultados mais efetivos, ainda sem datas, porém com direcionamentos importantes.
Recentemente, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e os departamentos médicos do Friburguense, América, Bangu, Boavista, Botafogo, Cabofriense, Macaé, Resende, Volta Redonda, Flamengo, Fluminense, Portuguesa, Madureira e Vasco debateram a elaboração do protocolo Jogo Seguro para a volta das atividades - apenas quando permitidas pelas autoridades sanitárias.
Antes do compartilhamento de ideias, um grupo de trabalho foi formado para compilar as sugestões de todos os responsáveis: Christiano Cibelli (Botafogo), Eduardo Moraes (Boavista), Márcio Tannure (Flamengo), Marcos Teixeira (Vasco) e Celso Ramos Filho (professor titular de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da UFRJ).
O grupo apresentou o texto do protocolo para todos os médicos avaliarem e darem a validação. Esse documento será enviado aos órgãos governamentais.
Alguns pontos abordados foram: critérios de inclusão no grupo estabelecido para as atividades, sendo um número necessário; deslocamento do atleta; uniformes e acessórios; formação de corredor de segurança no local de treino; desinfecção e descontaminação; uso de sanitários; cuidados individuais; proibição de abertura de outros locais, como restaurante, cozinha e outros departamentos.
“A confecção do protocolo Jogo Seguro é uma diretriz responsável e planejada para o retorno. É um trabalho pioneiro no Brasil. Criaremos uma comissão temporária na Ferj para o acompanhamento e consultorias para os diversos clubes”, disse o presidente da Ferj, Rubens Lopes.
A redação final do documento, por fim, foi aprovada na última semana. Com 12 páginas, é fundamentado em conceitos da Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e sociedades médicas especializadas, e será entregue aos órgãos governamentais para apreciação.
Objetivos, aspectos técnicos sobre o coronavírus, pré-requisitos para retorno às atividades de treinamento, testes diagnósticos, transporte, vestiários, fisioterapia, departamento médico, nutrição, academia, rouparia/lavanderia e rotina de treinos foram itens detalhados no documento intitulado “Recomendações Médicas para Retorno ao Futebol”.
Série A do Brasileiro
Em paralelo às discussões locais, através das federações estaduais, à exemplo do Rio de Janeiro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) busca alternativas a nível nacional, em especial para tentar projetar a realização do Campeonato Brasileiro das Séries A a D.
Após reunião com representantes dos clubes das séries A e B, os dirigentes dos clubes decidiu estender por mais dez dias as férias de jogadores. Portanto, a volta que seria na última terça-feira, 21, passou agora para o início de maio – caso não haja necessidade de novo adiamento.
Clubes e federações ganham mais tempo para organizar os departamentos e protocolos médicos para possível retorno ao futebol. Apesar de a maioria aderir a decisão de dar mais dez dias de férias aos jogadores em um primeiro momento, Botafogo, Flamengo e Vasco aguardaram um pouco mais a deliberação da Ferj.
Esses três clubes tiveram a prerrogativa de decidir, a partir dali, se retornariam as atividades na última terça-feira, 21, mas acabaram optando pelo prolongamento das férias. O Fluminense havia aderido à prorrogação anteriormente.
Outro tema levantado, a partilha dos direitos internacionais foi novamente abordado pelos clubes. Após a apresentação das propostas, mas com a indefinição do calendário do futebol nacional, por conta da Covid-19, os dirigentes não avançaram com relação a um acordo para a venda do produto.
Protocolo médico
A CBF também finalizou os últimos ajustes para divulgar um protocolo médico de prevenção ao coronavírus para retorno ao futebol. O documento não prevê data para a bola voltar a rolar nos gramados brasileiros, mas determina cuidados mínimos para dar segurança a atletas e todos envolvidos em clubes e nos jogos. Ele foi montado com a coordenação do presidente da Comissão Nacional de Médicos da CBF, Jorge Pagura, que reuniu os chefes dos departamentos médicos de alguns clubes, orientados pelo infectologista Sergio Wey, do Hospital Albert Einstein.
Os profissionais consultaram protocolos que já estão sendo utilizados nas federações da Espanha, de Portugal e em alguns clubes do Japão e da Alemanha, como o Bayern de Munique e o Bayer Leverkusen. Cada médico escreveu parte do documento e depois passou para consolidar as sugestões e discutir as ideias. O documento foi enviado para a presidência da CBF, e passa pelo departamento jurídico e de competições para última análise.
Alguns pontos considerados fundamentais para o momento do retorno das atividades, definidos neste protocolo, são os testes de coronavírus; medição de temperatura; treinos com grupos separados; uso limitado de instalações do clube, com cozinha e vestiários fechados; tratamento médico e fisioterapia com cuidados especiais; corredor de segurança no local de treino e a contratação de empresas de desinfecção e descontaminação.
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