No último dia 12, uma enfermeira friburguense que mora e trabalha na Região Metropolitana do estado começou a observar alguns sintomas compatíveis com a Covid-19, tais como febre e cansaço. Conta a coluna do Massimo que, imediatamente, ela se submeteu a dois testes, um particular e outro público.
O resultado do teste particular saiu rapidamente, e deu negativo. Assim, ela continuou trabalhando, ainda que os sintomas persistissem. E não ficou restrita a áreas isoladas para tratamento de Covid, atuando também, em dias específicos, em áreas como pediatria e UTI convencional.
No dia 26, saiu o resultado do teste público confirmando a presença do novo coronavírus.
A situação é insatisfatória sob diversos aspectos, tanto mais quando se considera que tudo se passou numa das unidades mais conceituadas da rede particular de saúde. Em consequência de um inaceitável falso negativo, quantas pessoas essa profissional pode ter infectado sem culpa alguma? E qual o prejuízo que sua própria saúde pode ter sofrido, ao continuar trabalhando exposta a um ambiente agressivo ao sistema imunológico, quando deveria estar focada em cuidar da própria saúde?
Olho do furacão
Diante de relatos como este, os números de nossos infectados parecem carecer de análise mais aprofundada, lembra Massimo. O quantitativo de contágios continua a subir, conservando o percentual próximo a 50% correspondendo a profissionais da saúde.
Considerando que, em média, cada infectado transmite a doença a mais duas pessoas, parece evidente que toda a rotina dos profissionais de saúde precisa ser avaliada com máxima atenção nas redes pública e privada, não apenas como forma de manifestar respeito e gratidão para com o sacrifício que estão fazendo, mas também por haver indícios de ser esta a maneira mais efetiva de se enfraquecer a cadeia de contágio.
Casos como o dessa enfermeira friburguense não podem se repetir de forma alguma. Inclusive porque o Hospital Municipal Raul Sertã já alcançou 100% de ocupação em leitos de UTI reservados ao tratamento da Covid-19, tornando mínima a margem para qualquer flexibilização da quarentena, se é que ainda existe alguma.
Muitos já não suportam mais o isolamento, e no contexto atual não há muito que possa ser feito. Se existe algum ponto fraco em nossa rede de proteção, então é crucial que ele seja identificado o quanto antes, porque o momento é crítico, diz Massimo.
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