Em Friburgo, 194 pacientes infectados pela Covid já se recuperaram

Total de casos confirmados sobe para 485 e o de óbitos, estagnado desde o início da semana, para 34. Brasil é campeão de cura
sexta-feira, 26 de junho de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
Seu Abelo em casa, após internação no Raul Sertã (Arquivo AVS)
Seu Abelo em casa, após internação no Raul Sertã (Arquivo AVS)

Atualmente o Brasil tem 649.908 pessoas que contraíram coronavírus e conseguiram se recuperar. No Estado do Rio de Janeiro, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, pelo menos 83.800 pacientes se recuperaram da doença. Em Nova Friburgo, são 194 friburguenses que conseguiram vencer a Covid-19 em meio a 485 infectados confirmados e 34 mortos, segundo boletim divulgado pela prefeitura na noite desta sexta-feira, 26..

O Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o país com maior número de pessoas recuperadas de Covid no mundo, informa a Universidade Johns Hopkins, que tem monitorado a pandemia do novo coronavírus em parceria com órgãos equivalentes ao Ministério da Saúde em todos os países.

Um dos recentes casos que emocionou Nova Friburgo foi o do idoso Abelo João Rocha, de 83 anos. No início deste mês, Abelo foi aplaudido pelos profissionais de saúde do Hospital Raul Sertã, logo após receber alta médica.

Abelo é pai de pai de quatro filhos (três homens e uma mulher), tem sete netos, é morador do distrito de Campo do Coelho e passou cerca de 20 dias internado na unidade hospitalar se tratando da Covid-19.

Entre os parentes que o recepcionaram na porta do hospital estava um dos filhos, Naor Adbeel Rocha, que comemorou a recuperação do pai mandando uma mensagem de esperança. “Tenham fé. A Covid-19 não é o fim da vida. Basta acreditar”, afirmou Naor sobre a recuperação do pai.

Em maio, o primeiro paciente de Nova Friburgo que conseguiu se recuperar esteve internado no Hospital Unimed (foto). Ele também passou pela corrente do bem ao ser aplaudido pela equipe médica do hospital, após ter alta e vencer a Covid-19. O paciente não teve sua identidade divulgada pelo hospital.

Último boletim

A Prefeitura de Nova Friburgo divulgou nesta sexta-feira, 26, boletim sobre o panorama do coronavírus no município indicando mais 40 confirmações de casos em 24 horas e mais dois óbitos. O total de casos subiu de 445 para 485 e o de óbitos, que estava estagnado em 32 desde o início da semana, subiu para 34. 

Entre os 485 infectados, 110 são profissionais da saúde (eram 106 na quinta). 

Os casos suspeitos agora são 24 (na quinta eram 43), sendo que cinco pessoas estão em isolamento domiciliar e 14 estão internadas. Também há cinco mortes suspeitas (uma foi confirmada nas últimas 24 horas).

A boa notícia fica por conta do total de recuperados: 194 (16 a mais em 24 horas). O total de casos descartados chega a 802.

Do total de 106 leitos disponíveis para Covid nos hospitais da cidade, entre enfermaria e UTI, só 37 estão ocupados.

Assistência psicológica

A coordenação de Saúde Mental de Nova Friburgo desenvolveu um precioso trabalho para assistir os pacientes internados com o vírus no Hospital Municipal Raul Sertã, os familiares e também os profissionais que estão na linha de frente no combate ao Covid-19. Foi criado um Manual de Saúde Mental ao Enfrentamento à Covid-19 para nortear os atendimentos nos casos de estresse agudo às pessoas afetadas pela doença.

No manual, foram inseridos os tópicos necessários para organização da estrutura já existente no município para oferecer o suporte psicológico neste momento. No total, sete profissionais da área se revezam para que a assistência esteja disponível 24 horas, além de equipe multiprofissional.

No Hospital Municipal Raul Sertã, os pacientes internados com coronavírus são acolhidos pela equipe, que, além de oferecer a eles o suporte psicológico de acordo com o que a situação individual que cada um exige, oferece ainda atividades de terapia ocupacional para que possam diminuir o tempo ocioso. Eles recebem kits com lápis comum e de cor, giz de cera, caça palavras para que possam desenvolver atividades terapêuticas. Bilhetes e fotos de familiares também são entregues a estes pacientes para que eles se sintam, de alguma forma, próximos dos seus.

 A coordenadora de Saúde Mental de Nova Friburgo, Elaine Gomes, explica que os parentes de pacientes internados também recebem assistência psicológica, na maioria das vezes de forma remota, bem como os profissionais de saúde que estão na linha de frente no enfrentamento ao Covid. 

     “Neste momento de tantas incertezas que estamos vivendo em relação a tudo o que envolve a doença, é fundamental oferecer um suporte psicológico a estas pessoas para que elas tenham capacidade de ter uma retaguarda ao mesmo tempo em que a sobrecarga emocional é intensa. No caso dos pacientes, o trabalho diminui a angústia e auxilia na reação de melhora, sendo mais um instrumento positivo do quadro clínico. Para os profissionais, que têm a preocupação com trabalho e com o risco de infecção, conseguimos trabalhar a paciência e a resiliência”, disse.

Histórias comoventes de quem superou a doença 

O Governo do Estado do Rio divulgou algumas histórias emocionantes de pessoas que superaram a doença em diversos municípios. Como a do enfermeiro Max Roldney, de 44 anos que não imaginou trocar de lugar e se tornaria o paciente. Acostumado a socorrer as pessoas no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, Max se viu diante de um desafio: os primeiros sintomas do coronavírus. Dias depois, ele foi internado no Hospital Regional Zilda Arns Neumann, em Volta Redonda, no Sul do Estado, uma das unidades de referência do Governo do Estado do Rio para o tratamento da Covid-19.

“No dia 11 de abril, comecei a sentir os primeiros sintomas da Covid-19. Iniciei o tratamento em casa, mesmo, com medicamentos, mas meu quadro se agravou para uma insuficiência respiratória. Busquei atendimento na UPA de Belford Roxo e, de lá, fui transferido para o Hospital Zilda Arns. Fiquei nove dias internado na UTI e, graças a Deus, no dia 29 de abril, tive alta. Posso dizer que sobrevivi ao coronavírus”, contou Max, que já retornou às atividades profissionais.

 “Hoje, eu olho mais ainda, a partir de agora, para os meus pacientes. A sensação de sobreviver a uma doença tão grave como esta é indescritível. É realmente uma vitória e, acima de tudo, Deus. Lutei por não ser entubado, mas, do leito onde eu estava internado, vi colegas que vieram a óbito. Costumo dizer que o trabalho no Samu é a frente da linha de frente. Então, valorizo ainda mais a minha atuação e de meus colegas”, descreveu o enfermeiro.

Do hospital para vida: amizades nos leitos

Os 20 dias em que ficou no CTI do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, foram suficientes para que Felipe Abraão, de 27 anos, criasse amizades. Além das chamadas de vídeo com a família durante o período de isolamento hospitalar, o bate-papo com outros pacientes internados e com as equipes de enfermagem ajudava a amenizar o difícil momento.

“No quinto dia hospitalizado no Azevedo Lima, fui transferido para o CTI. Não cheguei a ser intubado, mas fiquei no ventilador que me ajudava a respirar melhor. Dos médicos às equipes de enfermagem, todos me trataram muito bem. Mas, voltar para a casa foi um grande alívio”, disse, Felipe.

 O comerciante, assim que teve alta, soube que os familiares receberam apoio psicológico durante a internação dele. Felipe, que já retornou às atividades relembrou qual é a sensação de ter superado o coronavírus: “Meu estado de saúde se agravou muito rápido. Vi que a doença é de verdade e, diante da realidade, é um misto de susto e choque. Me perguntava sempre se seria o próximo a morrer. Mas, graças a Deus, e com o trabalho excelente dos funcionários do hospital, eu sobrevivi. Tiro uma grande lição, que é dar valor às pequenas coisas da vida”, falou o jovem.

Quando chegou ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, após fazer uma tomografia do tórax, Rosângela da Silva Lemos foi informada que estava com 75% do pulmão comprometido. Imediatamente, a moradora de Padre Miguel, bairro da Zona Oeste da capital, foi internada na unidade. “Fiquei internada de 30 de abril a 7 de maio e só pensava que não iria ver mais minha família, principalmente meus netos. Mas, a equipe do Adão Pereira Nunes nos tratou muito bem e fui me recuperando aos poucos”, relembrou Rosângela, que, ainda, completou: “Tantas pessoas com que estavam com o pulmão melhor que eu, não tiveram a chance de se recuperar do coronavírus. Eu, mesmo com mais da metade do órgão comprometido, saí vencedora. Ainda estou me recuperando, fazendo fisioterapia respiratória, mas muito grata, principalmente pela equipe que cuidou de mim enquanto eu estava no hospital. Hoje, olho com mais cuidado para o próximo”, concluiu ela, que tem 55 anos e uma nova vida.

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