Na última semana, Nova Friburgo registrou aumento no total de infecções pelo coronavírus: foram 312 novos casos da doença de segunda a sexta. Diante do aumento no número de casos e internações, a cooperativa de serviços médicos Unimed divulgou nota alertando para o aumento de casos em seu hospital na Chácara do Paraíso. Na última quinta-feira, 26, o diretor da unidade, Armando Lemos, emitiu novo alerta, ao gravar um vídeo que teve grande acesso nas redes sociais enfatizando a grande circulação do vírus no município.
“Estamos em novembro com mais casos que os registrados em agosto, que foi nosso pior mês. Nesse momento estamos vivendo o período mais crítico, desde o início da pandemia. Um aumento do número de casos e de internações. É um ledo engano achar que sendo jovem, não tendo comorbidades, não tendo doenças, se está livre do coronavírus. O cuidado é para toda a população. É natural, com o tempo, observarmos um relaxamento nestas medidas de afastamento social, mas isso é um perigo porque estamos observando que esse relaxamento trouxe um aumento do número de casos”, alertou o médico.
O diretor da Unimed também ressaltou que pacientes curados não podem relaxar as medidas e que não descarta uma possibilidade de reincidência. “Na prática, a pessoa que já pegou Covid-19 deve manter as mesmas medidas de isolamento. É uma doença que conhecemos pouco, que traz uma série de situações novas, são desafios diários. Hoje a gente sabe tratar essa doença de maneira muito mais eficiente do que no começo, porque obviamente adquirimos experiência, mas não é o suficiente para assegurar ao paciente que já teve Covid-19 de que ele não vá contrair novamente”, completou.
Fiocruz alerta para aumentos de casos e mortes
O novo Boletim Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra aumento no número de casos e de óbitos por Covid-19 em alguns estados e municípios. A taxa de incidência, que já se encontrava em níveis altos por todo o país, voltou a subir em vários estados e capitais. Esse cenário refletiu na elevação da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes com a doença. No entanto, os pesquisadores da Fiocruz sugerem cautela quanto a afirmar que o Brasil vive uma “segunda onda” da pandemia, sendo que o cenário epidemiológico deve ser monitorado.
Taxas de ocupação
Em relação às taxas de ocupação de leitos de UTI para a Covid-19, a tendência é de piora do cenário geral, com Amazonas (86%) e Espírito Santo (85,1%) permanecendo na zona de alerta crítica, e Bahia (61,1%), Minas Gerais (64,5%), Rio de Janeiro (70%) e Santa Catarina (78,6%) retornando à zona crítica intermediária, após ter estado fora da zona de alerta.
As capitais que estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos superiores a 80% são Manaus (86%), Macapá (92,2%), Vitória (91,5%), Rio de Janeiro (87%), Curitiba (90%), Florianópolis (83%) e Porto Alegre (88,7%). Além dessas, também aparecem com taxas preocupantes, mas ainda abaixo da zona de alerta crítica, Fortaleza (78,7%), Belém (78,3%) e Campo Grande (76,1%).
Casos/incidência
Os dados nacionais apontam para um aumento no número de óbitos por Covid-19. As taxas de mortalidade foram mais elevadas nos estados do Amapá, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal. Nas últimas duas semanas foram observadas tendências de alta no número de casos no Amapá, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, enquanto o número de óbitos sofreu aumento expressivo em Roraima, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás. Devido ao agravamento de alguns quadros clínicos, há uma defasagem de duas ou três semanas entre “picos” de casos e de óbitos.
A Fiocruz informou também que somada à elevação dos indicadores de casos e óbitos, o Estado do Rio de Janeiro apresentou uma piora expressiva da taxa de letalidade (6,4%), dada pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19. Esse valor é considerado alto em relação a outros estados (cerca de 2%) e aos padrões mundiais, à medida que se aperfeiçoam as capacidades de diagnóstico e de tratamento oportuno da doença, o que revela graves falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde.
Diante do atual cenário, os pesquisadores da Fiocruz ressaltam a importância de uma estratégia de enfrentamento da pandemia que articule a vigilância em saúde, com testes e identificação ativa de casos e contatos com isolamento dos casos. Tais medidas, destacam os pesquisadores, devem ser combinadas a outras, como distanciamento social e de redução da exposição da população a situações de risco de transmissão do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19.
Deixe o seu comentário