O Dia do Carteiro é celebrado em 25 de janeiro em homenagem à criação do Correio-Mor da Monarquia Portuguesa no Brasil, data oficial do início da atividade postal regular no Brasil. Nesse dia, em 1663, o alferes João Cavalheiro Cardoso foi escolhido para o cargo de Correio-Mor da capitania do Rio de Janeiro, por Luiz Gomes da Matta Neto, 7º Correio-Mor do Reino (1641-1674) e 1º das Cartas do Mar, embora na época a capital da colônia fosse Salvador.
Luiz da Matta Neto já atuava como mensageiro em Portugal, pois havia comprado do Rei Felipe II, o cargo de Correio-Mor, em 1606. Assim, era de sua responsabilidade todas as mensagens escritas e emitidas pela Corte, passando depois a ser o responsável, no Brasil, pela troca de correspondências da Corte portuguesa no país. Uma curiosidade: em 1696, Dona Izabel Caforo ser tornou a primeira mulher a administrar os serviços postais no Brasil.
Mas, o serviço regular de entregas de cartas e mercadorias só foi estabelecido no Brasil em 1835. A profissão de carteiro, como a conhecemos hoje, só foi oficializada naquele ano, quando começaram a ser entregues as correspondências nos domicílios. Até essa data, as pessoas usavam mensageiros, bandeirantes ou escravos para levarem as suas mensagens de um lugar para outro.
Mensageiros, os primeiros carteiros
Desde a Antiguidade, o ser humano usava mensageiros a fim de se comunicar com quem estava distante. E, muitos séculos depois, com a popularização da alfabetização e da correspondência, surgiu a profissão de carteiro.
Do navio de Cabral partiu a primeira correspondência oficial brasileira, enviada pelo navegante Pero Vaz de Caminha, para o rei de Portugal, em 1500, contando as maravilhas do país recém-descoberto por Pedro Álvares Cabral. A carta de Caminha é considerada a certidão de nascimento do país por ser seu primeiro documento oficial. Atualmente, a “missiva” está guardada na Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal.
No Brasil, os carteiros foram fundamentais para a formação do país. Basta lembrar que foi o "carteiro", Paulo Bregaro, que entregou as correspondências que acabaram tendo grande influência na proclamação da Independência, por Dom Pedro I, em 7 de setembro de 1822. Por esse motivo, Paulo Bregaro tornou-se o Patrono do Correios.
Voltando aos primórdios, havia o rufar de tambores, sinal de fumaça ou pombo-correio. A necessidade foi o motor que levou a inúmeras invenções, e no caso da comunicação, não foi diferente. Em 3.000 a.C., mensageiros velozes corriam quilômetros para dar recados a governantes. Ao chegar, recitavam o texto da carta. Aliás, a palavra correio deriva do verbo correr (pessoas que levavam as notícias correndo).
O imperador romano Otávio Augusto, por volta de 10 a.C. decidiu construir estradas para os mensageiros devido à imensidão do império. O comerciante italiano Marco Polo, que visitou a China em 1270, observou que existiam 10 mil postos de correio espalhados pelo território. Os mensageiros chineses entregavam suas encomendas postais a cavalo, assim como os persas.
Já os incas, povos indígenas que habitaram a América do Sul no século 16, faziam suas correspondências viajar por uma estrada de pedra, entre Colômbia e Chile, com cerca de 8 mil quilômetros de extensão. A cada 5 quilômetros, um homem aguardava o que estava por vir, recebia a mensagem e seguia adiante até encontrar o próximo. O revezamento se sucedia até chegar ao destino, sem cansar os mensageiros.
Resumindo, o surgimento dos Correios se deu a partir do trabalho dos primeiros mensageiros, depois carteiros que, portadores de boas e más notícias, cumprem fielmente a sua missão, tornando-se o elo principal entre as pessoas, independentemente da distância. Os Correios têm no carteiro o seu mais representativo símbolo de identidade junto à sociedade.
A comunicação e os meios
Atualmente, com os nossos sofisticados sistemas de comunicação através dos quais podemos enviar mensagens, imediatamente, para qualquer lugar do mundo, é difícil pensar que um dos meios mais rápidos de transmissão e comunicação de informações foi, em priscas eras, através de pombos. Apesar de antiga, e em desuso, essa função ainda é bem conhecida até hoje. Durante séculos, essas aves viajaram longas distâncias para transportar mensagens.
Os pombos-correio se diferenciam das demais aves, por terem um excelente senso de direção e um corpo atlético, podendo viajar até 1000 quilômetros em um único dia, a uma velocidade de 90 quilômetros por hora. O uso dos pombos para fins de comunicação foi, historicamente, muito variado.
Por exemplo: os pombos tiveram importância vital durante os períodos de guerras na Idade Média, onde o transporte de mensagens, normalmente, era feito através deles, embora sua história remonte há muitos anos.
Há registros de que já se utilizavam pombos como correio em 2.800 a.C.
Na mitologia e na literatura, temos vários relatos sobre o trabalho destes pequenos voadores, como este trecho de As mil e uma noites: “… temos de capturá-los, os quarenta pombos do califa, colocá-los em uma gaiola e trazê-los também!”
Eles têm sido um símbolo significativo da entrega de mensagens. Em textos antigos, como da Bíblia, vemos que o Espírito Santo surge através de uma pomba. Da mesma forma, uma pomba anunciou o nascimento de Jesus à Maria. Foi também uma pomba que levou a Noé um raminho de oliveira, anunciando que havia terra nas proximidades.
E nas antigas civilizações grega e romana, há referências da utilização de pombos para fins de comunicação: eram eles que informavam os nomes dos vencedores dos Jogos Olímpicos, nos confins do Império. Já na Roma antiga, as tropas romanas transportavam pombos-correio durante todas as campanhas militares, onde quer que fossem. Principalmente, quando travavam batalhas nos mais distantes campos de inimigos a serem conquistados.
Brasil, segundo país no mundo a emitir selos
Os diferentes sistemas postais que ligavam as regiões da Europa, no fim da Idade Média, tinham cada qual sua própria tarifa, o que resultava em um complexo e variado sistema de pesagens, medidas e verificações, o que provocava insatisfação entre os usuários. Por conta disso, organizações clandestinas passaram a oferecer o serviço mais barato e com menos formalidades.
Esse movimento, e o franco progresso do sistema não oficial, levou as autoridades inglesas a uma reforma radical no serviço de correio, projeto idealizado pelo funcionário Rowland Hil, de unificação do sistema. Uma das propostas estabelecia que as tarifas pagas fossem confirmadas por meio de um comprovante afixado na correspondência. A 6 de maio de 1840, as agências postais inglesas venderam os primeiros selos adesivos.
O bom resultado do novo sistema (a emissão de cartas passou de 78 milhões, em 1839, para 170 milhões, em 1840) provocou rápida difusão da reforma. O primeiro selo emitido no mundo, na Inglaterra, foi o “penny black”. E o segundo país a emitir selos foi o Brasil, inicialmente com a emissão da série "olho-de-boi", em 1843.
Daí em diante, os selos começaram a despertar o interesse de colecionadores que passaram a se dedicar à atividade de manipulá-los e conservá-los, dando origem a um dos hobbies mais praticados em todo o mundo: a Filatelia.
Na esteira desses acontecimentos, vieram os acordos internacionais e as melhorias nos meios de transportes, permitindo um serviço mais rápido e eficiente.
Deixe o seu comentário