Madrugada de 12 de janeiro de 2011. Há dez anos, a Região Serrana fluminense viveu momentos de terror. A maior tragédia climática do país devastou milhares de famílias e fez vítimas em todos os municípios da região. Segundo dados oficiais, foram 442 vidas perdidas, só em Nova Friburgo, embora acredita-se que o número de mortos chegou a casa dos milhares. Muitas vítimas não foram encontradas. Em Nova Friburgo, a tragédia começou um dia antes, no dia 11 de janeiro, quando um prédio na Rua São Roque, no bairro Olaria, desabou à tarde matando uma criança, um idoso e três oficiais do Corpo de Bombeiros que participaram do resgate.
Chovia muito na cidade desde o dia 10. A chuva ficou ainda mais intensa na noite do dia 11. O Rio Bengalas já dava sinais de que o transbordo era iminente. Em diversos pontos da cidade, como na altura do Nova Friburgo Country Clube e no Paissandu, as ruas estavam alagadas.
As fortes trepidações que invadiram a madrugada deram início a uma série de deslizamentos, em praticamente todos os bairros da cidade. A tensão, o medo, o desespero estavam estampados no rosto de cada friburguense à medida que os eventos catastróficos iam acontecendo.
Pela manhã, aqueles que moravam em bairros mais afastados – os poucos que não sofreram as consequências das chuvas – não tinham noção do ocorrido. A cidade amanheceu sem luz, sem sinal de telefonia móvel, sem internet. Ainda assim, moradores dessas regiões seguiram sua rotina matinal, e só foram tomar conhecimento da gravidade dos acontecimentos quando chegaram próximos à região central. No caminho encontraram lama, árvores caídas, carros soterrados, postes caídos, residências atingidas e um prédio residencial no centro da cidade, parcialmente destruído, e que tornou-se um dos símbolos daquele momento junto à Praça do Suspiro coberta por uma avalanche de lama e entulhos, hoje um dos exemplos da reconstrução da cidade.
Heróis
“A meta de salvar vidas a qualquer tempo e em qualquer situação não está apenas na nossa farda, mas, principalmente, no nosso sangue”. Foi com esta afirmação que quatro oficiais do Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo que atuaram nos resgates de vítimas de deslizamentos de encostas e soterramentos confidenciaram com exclusividade à reportagem de A VOZ DA SERRA, em abril de 2011.
À época, foram ouvidos os sargentos Joaquim Sant’ana Folha, 48 anos, e Rogério Faria Soares, 30 anos, o cabo Ronaldo Lopes de Oliveira, 30, e o tenente Paulo Elias Mafort, 54 anos, todos do 6º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM), sob o comando do tenente-coronel Luiz Emanuel Palência Barbosa.
RELEMBRE: uma cidade em reconstrução a cada dia (com vídeo)
RELEMBRE: feridas ainda abertas
Esses oficiais, que deixaram seus entes queridos e se arriscam em meio a deslizamentos de terra para salvar vítimas do desastre e resgatar corpos, colocando suas próprias vidas em risco, também se emocionaram, sofreram com perdas nas próprias famílias e tiveram a terrível dor de atuar e acompanhar o resgate dos corpos dos colegas de trabalho soterrados no deslizamento da Rua Cristina Ziede, no Centro: o sargento Marco Antônio Verly e os soldados Flávio Freitas e Vítor Lembo.
Na Praça do Suspiro, foi erguido o monumento 12 de Janeiro em homenagem às vítimas da tragédia e a força dos friburguenses que lutaram para se reerguer após o episódio mais trágico da história da cidade e um dos eventos climáticos mais violentos do Brasil. A iniciativa foi do Grupo Arte, Movimento e Ação (Gama). A estrutura de concreto tem ainda esculturas em ferro que simbolizam uma família facilitando o voo de uma fênix, representando a volta por cima dos friburguenses, após luto e dor. No monumento é comum depositar-se flores em homenagem as vítimas fatais da fatídica tempestade.
Relembre, na galeria abaixo, mais fotos dos estragos. E, aqui, a lista de mortos.
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