A despedida de Dirceu Badini, médico, escritor e cronista de A Voz da Serra

Desta forma, prestamos nossa homenagem ao médico, cronista e amigo de todos nós, funcionários do jornal
sexta-feira, 05 de julho de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Arquivo AVS/Henrique Pinheiro)
(Foto: Arquivo AVS/Henrique Pinheiro)

“Quando A Voz da Serra nasceu eu tinha entre oito e nove anos. Capiauzinho tímido e ainda analfabeto lá do Córrego dos Índios não imaginava que hoje estaria aqui escrevendo coisinhas fúteis de uma época cuja memória morreria junto com a minha geração. Graças ao jornal, através do Laercio (Ventura), eu dei uma tapeada na sorte: não desaparecer no dia da minha morte. Ficarei não eternamente, mas a memória renascerá daqui a mais tantos anos no momento em que algum outro Jaccoud pesquise os anais e se espante ou se maravilhe de como era a “vida” daquele tempo. 

Neste porto seguro de A Voz da Serra até aquele humilde e despretensioso capiau encontrou abrigo num cantinho sombreado nestas páginas pelos grandes vultos de escribas sagrados e consagrados. Nunca serei um deles, mas toda a timidez foi-se em troca de um egoísmo explícito, entendo, mas eu ainda sou um humano: quero continuar vivo! Por isso, Viva A Voz da Serra! Assim, nós, colunistas, funcionários e todos aqueles que têm ou tiveram alguma relação com este jornal estaremos vivos lá no futuro também.”

Assim se apresentou no prefácio de seu livro — Réquiem para um beija-flor —, o médico oftalmologista aposentado e ex-cronista do jornal, Dirceu Badini Martins, 84 anos [em 2020], lançado em janeiro daquele ano. A obra tem cerca de 180 crônicas e contos — escritos originalmente para o jornal —, distribuídos em mais de 600 páginas, ilustrada com fotos da família. 

    Aqui separamos um trecho da entrevista que o dr. Dirceu Badini concedeu ao jornal em abril de 2020, para falar do livro, contar histórias de sua vida, de sua trajetória como médico e escritor. Em “Réquiem para um beija-flor”, o autor também presta uma homenagem ao jornal, que na época completava 75 anos. 

Nele estão descritas passagens de sua infância na fazenda da família e recordações de todo tipo: dos pais, dos irmãos, tios, primos, colegas, professores. Histórias da juventude, do casamento, dos filhos, netos.

Seu estilo é coloquial, a linguagem é agradável, e comove a forma como se refere a tudo e a todos que passaram por sua vida e sobre os que estão ao seu lado, hoje. Confidencia que anda emotivo. Não surpreende, afinal, nunca é fácil abrir baús. Gentileza em pessoa, dona Isa, a esposa de toda uma vida, acompanha a conversa e vez em quando acrescenta uma coisa aqui, outra ali. 

Como bem profetizou o doutor Dirceu Badini, que partiu desse mundo, em 24 de maio, ele está “vivo” aqui em nossos corações e em nossas memórias, seus colegas de A Voz da Serra. Desta forma, prestamos nossa homenagem ao médico, cronista e amigo de todos nós, funcionários do jornal.

Perfil

Dirceu Badini Martins nasceu em São Sebastião do Alto, em 1935. Formado em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina / Universidade do Brasil, em 1966, e pós-graduado em oftalmologia, exerceu a profissão durante 40 anos em Nova Friburgo. Foi professor convidado da cadeira de Clínica Oftalmológica no curso de pós-graduação da Faculdade de Medicina de Teresópolis, por 15 anos. Em 2007 tornou-se membro efetivo da Academia Friburguense de Letras. Um de seus contos — Zé do Pedro — foi publicado em livro lançado pela Universidade Federal de São João del Rei (MG), e crônica em livro editado pela Prefeitura de Piracicaba (SP).  

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