Com o calorão dos últimos dias, os cuidados para prevenir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, tornam-se ainda mais necessários, pois a doença continua com força em todo o Brasil e, o pior, fazendo vítimas, inclusive fatais. Só neste primeiro mês do ano, que ainda nem terminou, já foram registrados no Estado do do Rio de Janeiro, 810 casos prováveis de dengue. Houve 50 internações. Os dados são inseridos no sistema pelos municípios e atualizados diariamente no Monitora RJ, ferramenta digital da Secretaria estadual de Saúde (SES-RJ). Em Nova Friburgo foram registrados no ano passado 5.310 casos, com 16 óbitos.
A nível nacional, o panorama da dengue assusta: já foram confirmadas só nestas primeiras semanas de 2025 quatro mortes e outras 62 estão sendo investigadas. A maioria dos casos é do Estado de São Paulo. Em 2024, ao longo do ano, houve 302.316 casos prováveis, 9.703 internações e 232 óbitos por dengue em todo o Estado do Rio de Janeiro. Nas três primeiras semanas epidemiológicas de 2024 (31/12/2023 a 20/01/2024), por exemplo, foram registrados 16.011 casos.
“No ano passado vivemos uma grande epidemia de dengue no auge do verão, portanto, o ano de 2024 foi considerado atípico. Analisando a série histórica, 2023 foi um ano sem epidemia e quando registramos 694 casos prováveis nas três primeiras semanas epidemiológicas do ano. Em 2025, já tivemos um aumento de 16,72% de casos em comparação com 2023. Isso nos acende um alerta para a importância da prevenção contra a doença”, observa a secretária estadual de Saúde, Claudia Mello.
Primeiro caso de dengue tipo 3 no estado
No último dia 9, a SES-RJ confirmou o primeiro caso de dengue tipo 3 deste ano. A notificação é do município do Rio de Janeiro e a confirmação foi feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ). A paciente é uma mulher de 60 anos.
Nos anos de 2023 e 2024, os sorotipos predominantes de dengue no país e no Estado do Rio de Janeiro foram os sorotipos 1 e o 2. O sorotipo 3 não circula no estado desde 2007. Porém, no ano passado, houve dois casos isolados, um em Paraty, na região da Costa Verde, e outro em Maricá, na região metropolitana.
Apesar da notificação do primeiro caso em 2025, o sorotipo 3 não circula de forma predominante no Estado do Rio desde 2007, ou seja, existe uma grande parcela da população que nunca teve contato com este tipo da doença.
Os sintomas da dengue tipo 3 são os mesmos dos tipos 1, 2 e 4, sendo os principais febre alta (maior que 38°C); dor no corpo e articulações; náuseas e vômitos, dor atrás dos olhos; mal-estar; falta de apetite; dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.
Combate permanente
Para a SES-RJ, o combate aos focos do mosquito Aedes aegypti Necessita continuar sendo uma ação prioritária e permanente. Serão mantidos o monitoramento de casos e a campanha “Contra a dengue todo dia”, prevista no Plano de Contingência para Enfrentamento às Arboviroses, em apoio aos 92 municípios fluminenses com alertas e orientações sobre a doença. Além disso, a secretaria reforça informações à sociedade sobre prevenção, destacando a importância da vistoria semanal dos quintais e demais áreas externas dos imóveis residenciais, comerciais e industriais para evitar água parada em latas, garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d'água descobertas e pratos sob vasos de plantas.
A importância da vacina
Para prevenir a dengue, além dos cuidados básicos, o Ministério da Saúde orienta a população a se imunizar com a vacinação disponível. Em Nova Friburgo, doses do imunizante Q-denga, do laboratório japonês Takeda continuam sendo aplicadas de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30, nas salas de vacinação dos postos de saúde Silvio Henrique Braune, no Suspiro; Tunney Kasuga, no bairro Olaria; Ariosto Bento de Mello, no Cordoeira; José Copertino Nogueira, em São Geraldo, e Waldir Costa, no distrito de Conselheiro Paulino, mas contemplam somente a faixa etária de 10 a 14 anos. A vacinação ocorre com a aplicação de duas doses, com intervalo de três meses entre a primeira e o reforço.
A adesão à campanha no município, infelizmente, tem sido baixa. No segundo semestre de 2024, somente 1.375 crianças e adolescentes receberam a primeira dose da Q-denga. Deste total, menos de 400 voltaram aos postos de saúde para receber o reforço. (Com informações da Agência Brasil)
VACINA ANTIDENGUE
Ministra Nísia Trindade descarta imunização em massa este ano
Instituto Butantan avança na produção de uma dose única contra a doença
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que não haverá vacinação em massa contra a dengue em 2025. O Governo Federal aguarda a aprovação da Anvisa para incorporar a vacina produzida pelo Instituto Butantan. A expectativa, no entanto, é a entrega de apenas 1 milhão de doses em 2025 e outras 100 milhões até 2027.
O comunicado foi feito nesta quarta-feira, 22, no Palácio do Planalto, após reunião da qual participaram representantes de conselhos, da sociedade civil, sindicatos, federações, instituições de saúde, associações e especialistas para alinhar estratégias e ações de controle da dengue e outras arboviroses.
O Instituto Butantan já iniciou a produção da nova vacina contra a dengue, chamada de "Butantan DV", mesmo sem a aprovação da Anvisa. O órgão solicitou à Anvisa o registro da vacina em dose única em dezembro de 2024, em termos da submissão contínua de documentos, que é procedimento anterior ao pedido oficial de registro.
"O Butantan está produzindo, mas não há previsão de vacinação em massa contra a dengue em 2025. É muito importante a vacina de uma dose, mas para 2025 ainda não será a solução que nós esperamos", declarou a ministra. "Mas vamos reiterar os cuidados de prevenção", completou.
De acordo com o Butantan, a vacina da Dengue 1, 2, 3, 4 é resultado da parceria com o National Institute of Health dos Estados Unidos (NIH) e a American Type Culture Collection dos Estados Unidos (ATCC). A "Butantan DV" é composta por vírus geneticamente atenuados, para proteção contra os quatro tipos de vírus da dengue. Em nota, o órgão explicou que foi feito "um ensaio clínico com 17 mil voluntários, realizado em parceria com diversos centros nacionais e encontra-se em fase final para obtenção do registro junto à Anvisa".
A vacina é de dose única e poderá ser aplicada na população de 2 a 60 anos incompletos. De acordo com a ministra, a expectativa é ampliar a faixa etária que pode receber o imunizante após a incorporação no SUS. "Lembrando que, neste momento, não existe vacina para pessoas acima de 60 anos", comentou Trindade.
Já a vacina japonesa Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda, está disponível no SUS para crianças entre 10 e 14 anos. De acordo com as recomendações da OMS, essa faixa etária sofre maior risco de hospitalização pela doença. A Qdenga, no entanto, foi aprovada pela Anvisa para pessoas de 4 a 59 anos e está disponível em clínicas particulares.
Nísia Trindade declarou que a reunião com as entidades foi um passo para acompanhar e reforçar as medidas contra a dengue nos estados brasileiros. "Hoje foi um dia com participação ampla da sociedade civil. Lembrando que essas ações são de âmbito nacional, por isso a importância dessa conversa com os prefeitos", disse.
(Fonte: Correio Braziliense Por Maria Beatriz Giusti)
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