Como todas as atitudes geram consequências, essas que levam ao cancelamento não ficam de fora, afetando a vida da pessoa. Algumas possíveis são: perda de seguidores, dinheiro, patrocínios, reputação e carinho dos fãs. As pessoas não permitem que elas sigam suas vidas sem a devida punição e algumas dessas condutas envolvem atitudes racistas, LGBTQIA+fobia, machismo, xenofobia, intolerância religiosa, entre outras questões.
Porém, recentemente essas represálias passaram de uma espécie de “puxão de orelha” para um ‘linchamento e massacre’. O cancelamento pode atingir a saúde psicológica da vítima. A psicóloga Lissia Pinheiro fala sobre esse impacto psicológico, se ele pode se tornar gatilho para depressão e outros transtornos.
“Há um interesse generalizado das pessoas por fama, poder e prestígio; o status de ser celebridade, hoje, parece conquistar fácil as pessoas, e a cultura do cancelamento veio como um freio a tudo isso, mas que pode ser tanto negativo como positivo. Ao mesmo tempo que chama atenção, dá voz à indignação de pessoas em relação a atos e fatos criminosos e formas de preconceitos”.
Um dos casos mais recentes foi do jogador de vôlei Maurício Souza, alvo de cancelamento por criticar uma HQ com conteúdo LGBTQIA+ — resultando na sua demissão do Minas.
Outro exemplo é o da cantora Karol Conká, do reality Big Brother Brasil 21 (BBB/Rede Globo), no qual foi eliminada com recorde de 99,17% de rejeição. Segundo a revista Istoé, a reação mostrou que “os canceladores também podem ser cancelados”: a cantora, que era espelho para o feminismo e o combate ao racismo, teve atitudes dentro do reality que a tornou vilã da edição, sendo preconceituosa e tóxica com vários participantes, como o Lucas Penteado, que acabou pedindo para sair do programa por não aguentar mais os ataques da artista.
“Neste sentido, o cancelamento pode associar-se à sensação de ostracismo, isolamento, exclusão social, experiência de anonimato, invisibilidade, perda de posição ou prestígio, entre outros, levando a situações como depressão, ansiedade, sentimento de solidão, fracasso, incapacidade de realização”, avaliou Lissia.
Outro exemplo é da blogueira fitness Gabriela Pugliesi que após uma festa em seu apartamento durante o isolamento devido à Covid-19 e zombar da doença, foi cancelada. Segundo a Forbes, a influencer perdeu dezenas de contratos publicitários.
Após sofrer ataques e ameaças de morte depois que o filho do seu ex-companheiro Whindersson Nunes faleceu em decorrência de um parto prematuro no início de junho de 2021, a cantora Luisa Sonza se afastou das redes sociais para cuidar de sua saúde mental. Segundo a revista IstoÉ, a cantora saiu do país juntamente com o namorado Vitão, para evitar as ameaças.
“A cultura do cancelamento pode fazer parte dos fatores de risco para a saúde mental. E neste sentido, pode se tornar gatilho para o agravamento de transtornos mentais, com ou sem consumo de substâncias. É importante que a pessoa tenha uma rede de apoio que possibilite o restabelecimento dessa situação, e um olhar que possibilite a ressignificação da experiência para que consiga compreender o que está vivenciando, se conscientizar e superar”, finaliza Lissia Pinheiro.
(Com informações da UniAmérica)
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