O tabagismo é um assunto sério e preocupante em todo o mundo. O Brasil, inclusive, tornou-se um modelo de combate ao consumo dos cigarros, obtendo bons resultados e recebendo elogios das autoridades mundiais. Segundo um estudo feito por economistas publicado na edição deste mês da revista científica Journal Of Development Economics, nas cidades que proibiram o consumo de cigarros em locais fechados, houve uma redução de 18% na quantidade de fumantes entre jovens adultos o que representa uma economia de cerca R$ 490 milhões ao ano em gasto de saúde.
Ainda segundo o estudo, as vistorias feitas por servidores públicos para fiscalizar se estabelecimentos comerciais estão cumprindo a proibição de fumar em ambientes fechados são cruciais para efetividade da lei no combate ao tabagismo entre os jovens.
“Apesar de ter parado de fumar há algum tempo, percebi que ocorreu uma diminuição considerável, na quantidade do consumo de cigarro entre jovens. Acredito que seja reflexo da pandemia, reflexo da proibição em alguns lugares, onde hoje não se pode mais fumar, por exemplo, embaixo das marquises, em pontos de parada de ônibus, no interior dos coletivos e lugares fechados em geral. Acho que esses fatores contribuíram muito para esta redução”, relata Henrique Pinheiro.
Dados
Em 2024 a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um relatório de tendências sobre o consumo de tabaco, e os números foram animadores. Segundo a entidade, o fumo vem diminuindo ao longo dos anos. Em 2022, cerca de um em cada cinco adultos em todo o mundo era fumante, menos do que em 2000, quando esse número era de um em cada três.
Ainda segundo o relatório, em 2000, 16,3% das mulheres e 49,1% dos homens com 15 anos ou mais eram fumantes. Para este ano, a tendência era de queda: 6,7% (mulheres) e 32,9% (homens). Os números são ainda menores para 2030: 5,7% para o público feminino, e 30,6% para o masculino.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Tabaco entre Jovens, de 2024 (NYTS), sobre o uso de tabaco entre jovens no Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade, em 2024, 2,25 milhões de estudantes do ensino fundamental e médio relataram uso atual (uso em um ou mais dias durante os últimos 30 dias) de qualquer produto de tabaco, em comparação com 2,80 milhões em 2023.
Esse declínio foi amplamente atribuído à queda significativa no número de estudantes que relataram uso atual de cigarro eletrônico (2,13 milhões de jovens em 2023, em comparação com 1,63 milhão de jovens em 2024). Os resultados mostraram uma redução no uso atual de cigarros eletrônicos de 2,13 milhões (7,7%) de jovens em 2023 para 1,63 milhões (5,9%) de jovens em 2024.
Itens de tabaco mais consumidos
-
Cigarros eletrônicos (5,9%)
-
Sachês de nicotina (1,8%)
-
Cigarros (1,4%)
-
Charutos (1,2%)
-
Tabaco sem fumaça (1,2%)
-
Outros produtos de nicotina oral (1,2%)
-
Produtos de tabaco aquecidos (0,8%)
-
Narguilés (0,7%)
-
Tabaco para cachimbo (0,5%
Fatores que influenciam o tabagismo juvenil
Existem motivações sociais, psicológicas e culturais que levam o jovem ao tabagismo. A busca por aceitação no grupo pelo qual deseja pertencer ou no qual já faz parte, é um dos principais motivos, especialmente em função de outros membros já praticarem regularmente esse hábito.
Ocorre então a pressão social, ou seja, um forte incentivo para que o jovem consuma aquilo que o grupo determina como correto. Outro problema envolve a família, pois muitas vezes o jovem fuma tomando por exemplo algum membro da sua casa ou dos encontros sociais, onde parentes também se envolvem com essa prática.
Um amigo tabagista também é um forte motivo que pode influenciar os jovens, além, é claro, da facilidade em adquirir o cigarro, uma situação apontada como um fator de incentivo ao fumo. Os casos envolvendo os cigarros eletrônicos se dá em função da curiosidade, incentivo de terceiros e até mesmo quando deseja abandonar o tradicional, imaginando que essa substituição pode diminuir as chances de problemas futuros em sua saúde, o que não condiz com a realidade.
Estratégias para combater o tabagismo entre os jovens
A conscientização a respeito dos problemas ocasionados pelo tabagismo é a principal arma a ser utilizada junto às pessoas que fumam ou que estão predispostas a essa condição. É bom lembrar que o ato de fumar não implica apenas no risco de câncer, mas também leva o usuário a enfrentar outras possíveis situações e doenças, tais como:
● problemas nos dentes,
● lesões de orofaringe,
● enfisema,
● hipertensão arterial,
● infarto agudo do miocárdio,
● acidente vascular cerebral, etc.
O Governo Federal desenvolveu o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, oferecendo tratamento gratuito através do Sistema Único de Saúde (SUS), realização de campanhas e ações educativas, além da promoção de ambientes livres da fumaça do tabaco.
* Reportagem da estagiária Laís Lima com informações da Folha de S.Paulo, gov.br e GBOT. Supervisão de Henrique Amorim
Deixe o seu comentário