Daqui duas semanas, dia 31, a Companhia de Arte Jane Ayrão estreia novo espetáculo — Floradas na Serra — romance lançado em 1939. A história tem como pano de fundo a epidemia de tuberculose e o tratamento numa época em que a doença ameaçava a saúde pública e mobilizava a sociedade brasileira em função dos altos índices de mortalidade.
O livro foi o primeiro grande sucesso da escritora paulista Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982) e deu origem a versões para o cinema, teatro e televisão. Desde a infância, a autora nutria forte obsessão pelo óbito por tuberculose, já que a avó e bisavó foram vítimas da doença.
Ao decidir abordar o tema, Dinah percorreu sanatórios, pensões e consultórios médicos localizados na Serra da Mantiqueira para traçar o perfil dos tuberculosos. Como resultado dessa peregrinação, surge a personagem Elza que, “no final da adolescência, partiu da cidade de São Paulo em direção às montanhas, levando para Campos do Jordão os pulmões avariados e a esperança de cura”. Ao longo da obra, outro personagem destaca-se: Lucília, considerada, então, o alter ego da escritora.
A construção da Campos do Jordão sanatorial foi inspirada nas cidades sanatórios da Suíça e da Alemanha, onde esse tipo de profilaxia da tuberculose fora desenvolvido, em 1859. E assim foi importado para Campos do Jordão, não apenas a arquitetura europeia, mas principalmente os valores sociais e culturais da população dos Alpes.
No início do século 20, a doença era altamente contagiosa e mortal, com o mundo vivendo uma epidemia de tuberculose. No Brasil, a enfermidade foi responsável por quase 70% das mortes por infecções: não havia remédio nem vacina.
Já nos anos 30, com o desenvolvimento da vacina contra a tuberculose — a BCG, e dos antibióticos, a climatoterapia foi descartada pela medicina e os sanatórios e pensões para tísicos foram perdendo importância e se transformando em hotéis, pousadas e restaurantes. Então, muitos hóspedes e pacientes que se curaram da doença acabaram se mudando para a cidade.
Essa é a história que a Cia de Arte preparou e estreia brevemente. E nós antecipamos aqui, nesta edição, os bastidores desta corajosa montagem. Tem mais: a peça foi convidada para se apresentar na Academia Brasileira de Letras (ABL), em novembro.
Parabéns Nova Friburgo, bom fim de semana e até a próxima!
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