A Ciência é uma área dominada por homens. Dados da ONU e da Unesco apontam que as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores no mundo todo e demonstram como ainda persistem as barreiras e a baixa representatividade para mulheres e meninas, sobretudo em áreas como ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
Por isso, desde 2016, em 11 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências, data aprovada pela Assembleia Geral em 2015 e celebrada pelas Nações Unidas e Unesco, que tem como objetivo o incentivo para que meninas e mulheres entrem para área.
E, Nova Friburgo tem motivo para se orgulhar por ter uma cientista, crescida na cidade — de família friburguense descendente de suíços —, com destaque na área de pesquisa. A cientista Camila Freze Baez, que voltou ano passado de Israel, onde obteve bolsa de pós-doutorado “The Morá Miriam Rozen Gerber Fellowship”, no Instituto Weizmann de Ciências. A bolsa integral, destinada exclusivamente a brasileiros, tinha como requisito essencial a excelência acadêmica.
No Instituto Weizmann, ela fez parte de um grupo pioneiro na identificação de um novo tipo de comunicação das células tumorais com as demais: a passagem de RNA — uma descoberta que abriu uma infinidade de possibilidades de pesquisa.
“Não é fácil, mas é compensador”
Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, Camila cresceu aqui, onde começou a frequentar as primeiras salas de aula e ficou até terminar o ensino médio. “Fui morar em Nova Friburgo com cinco anos. Morei no Prado e estudei na Escola Municipal Décio Monteiro Soares, Escola Municipal Rui Barbosa e Colégio Estadual Canadá”, contou ela. E foi nesse período de infância que veio o interesse pelas Ciências. “Comecei como muitos sendo uma criança curiosa e investigativa, que ganhava microscópios de brinquedo e kits de química como presentes enquanto crescia”, explicou ela.
E a paixão pelas Ciências a levou ao caminho da Biomedicina, curso que fez na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Mas, não parou por aí: fez mestrado em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas na mesma universidade e doutorado em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa de Camila, no Brasil, procurava ajudar a melhorar o entendimento científico sobre o papel dos vírus em cânceres de pele.
Sempre em busca de aperfeiçoamento e de ajudar, através de suas pesquisas, Camila conquistou a bolsa integral para pós-doutorado, em Israel, onde passou dois anos e meio. “Foi a concretização de um sonho. Espero, um dia, ser capaz de influenciar positivamente meus futuros alunos a perseguirem e alcançarem seus sonhos,” disse ela.
Sobre ser mulher e cientista, Camila diz que não é um caminho fácil, mas compensador. “É claro que nem sempre é fácil; a ciência no Brasil enfrenta dificuldades já há alguns anos com o congelamento de bolsas e corte de verbas. No entanto, quando se trabalha em algo que se ama, com pessoas que te ajudam a superar as dificuldades e com determinação, as dificuldades são transformadas em desafios a serem superados e aumentam a vontade de vencer”, finalizou ela.
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