Cerca de 28 mil alunos retornam nesta segunda na rede pública

Previsão da prefeitura é que neste ano sejam atendidos 2.684 alunos com o serviço de transporte escolar terceirizado
sexta-feira, 03 de fevereiro de 2023
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Henrique Pinheiro)
(Foto: Henrique Pinheiro)

Na próxima segunda-feira, 6, começam as aulas nas escolas municipais e estaduais de Nova Friburgo, além de muitos alunos da rede particular e de cursos técnicos retornando também às salas de aula. A rede pública de educação soma cerca de 28 mil alunos. Desses, 18 mil são do município, que estão matriculados em creches, escolas de educação infantil, ensino fundamental e Educação para Jovens e Adultos (EJA).

De acordo com a prefeitura, desses 18 mil alunos, mais de um mil são novos na rede municipal, divididos entre os que vão frequentar pela primeira vez a escola e os que vêm transferidos das redes particular ou estadual.       Entre as escolas que entraram em reforma, duas voltarão às atividades nos prédios próprios, já reformados: a Escola Municipal Dermeval Barbosa Moreira, em Olaria, e Maximilian Falck, em Mury.

Já os matriculados na Escola Dinah Lantimant Bravo, em Santo André, Creche Brasiliana da Rosa Teixeira, em Conselheiro Paulino, Creche Maura Rosa Rodrigues, no Alto de Olaria, Escola Claudir Antônio de Lima, no Catarcione, Escola Ernesto Tessarolo, no Alto do Floresta, e  Helena Coutinho, em Olaria, continuam estudando em espaços alternativos, aguardando o término dos reparos e manutenções previstas para esse primeiro semestre.

Além dessas unidades, segundo a prefeitura, as antigas escolas Messias de Moraes Teixeira, em Olaria, e Estação do Rio Grande, no distrito de Riograndina, passarão por grandes intervenções e terão seu funcionamento em espaços alternativos. A prefeitura informou ainda que os alunos receberão duas camisas de uniforme, que já chegaram à Secretaria de Educação e deverão ser distribuídas brevemente. Em relação à merenda escolar e ao transporte, a prefeitura informou “que os processos estão em andamento.”

A previsão da prefeitura é que neste ano sejam atendidos 2.684 alunos com o serviço de transporte escolar terceirizado. Para tanto, a prefeitura estima que precisa de 126 veículos, atendendo 55 localidades.

Rede estadual 

Os alunos da rede estadual de ensino retornam às salas de aula das 26 unidades também nesta segunda-feira, 6. De acordo com o Governo do Estado, são 9.357 alunos matriculados para estudarem, nas escolas estaduais de Nova Friburgo, não sendo contabilizada a unidade Ceja (jovens e adultos).

De acordo com o estado, até a última quinta-feira, 2, foram totalizadas 3.610 inscrições para as escolas da rede em Nova Friburgo, durante a 1ª e 2ª fase da matrícula. Desses, 494 candidatos são oriundos da rede particular, representando um percentual de 13,68%. Mas, o Governo do Estado salienta que as matrículas continuam acontecendo no decorrer do ano letivo vigente, pelo site www.matriculafacil.rj.gov.br.

Alguns pais de alunos da rede estadual entraram em contato com A VOZ DA SERRA denunciando que estão sendo informados pelas escolas para providenciarem as camisas de uniforme, já que, as peças não chegarão em tempo hábil para o início do ano letivo. Em nota, o Governo do Estado informou que um processo de licitação está em andamento e a questão dos uniformes será resolvida o mais breve possível.

Adaptação das crianças depende de diálogo e acolhimento

Todo início do ano, muitas crianças pisam pela primeira vez em uma escola. E, hoje, com as mães trabalhando fora, isso acontece cada vez mais cedo. Os pequenos precisam de adaptação, não só por causa dessa ruptura, mas também ao novo mundo que está sendo apresentado a ele. Além disso, há aqueles pais que trocam os filhos de escola e, igualmente, precisam se adaptar para se sentirem parte integrante da turma. 

Conversamos com a especialista em psicopedagogia, Géssica Dias Fuly Daudt, que deu dicas de como enfrentar esses desafios junto com os filhos.

(Géssica Dias Fuly Daudt)

Com início das aulas, muitas crianças estão começando a frequentar a escola pela primeira vez. Como ajudar nessa primeira adaptação?

O processo de adaptação escolar é um período de situações que toda família enfrenta quando as aulas começam. É uma fase que requer dos responsáveis muita compreensão e paciência para que as crianças se sintam motivadas a participarem da rotina escolar.Durante esse período é importante que:

Converse com a criança; Incentive com os preparativos do material solicitando, incentivando a colocar as etiquetas nos materiais, organizar a mochila, separar o uniforme e até a pensar no lanchinho; organizar a mudança de rotina, sendo importante realizar essa alteração de maneira gradual na rotina da casa e da criança, considerando os horários da escola; interaja com o seu filho no percurso de ida e de vinda aproveitando esse momento para dar engajamento ao assunto escolar, quando responder, escute com atenção e interaja com resposta animada, se beneficiando desse momento para conhecer e integrar na conversa, de forma natural e respeitosa e nada impositiva; transmita confiança. Você é a principal referência para seu filho. Então, mesmo diante das dificuldades e desafios da adaptação escolar, se você estiver firme e transmitir confiança, a tendência é que seu filho se sinta encorajado a confiar também.

Por diversas razões, pais decidem trocar os filhos de escola. Muitas vezes, é difícil para os filhos aceitarem. Como explicar para a criança a necessidade da troca?

Dependendo da situação ou da idade da criança, não seria necessário detalhar o motivo que levou a decisão. Mas é necessário esclarecer a situação para que ele possa entender e ficar seguro com a novidade. Dar prioridade e ouvir a opinião da criança é essencial, pois faz parte deste processo quando expõe o que sente para os pais, consegue entender e lidar melhor com a situação. Um ponto importante é ressaltar que o pequeno não irá perder os antigos amigos, mas ganhar novos. Explique que os amigos da antiga escola continuarão a se encontrar. Podem fazer festa do pijama, sair para tomar sorvete e brincar juntos. Outra dica é levar a criança para conhecer a escola nova, antes do início das aulas. Visite a sala que ele vai estudar, mostre onde ficam os banheiros, o pátio, o refeitório e, se possível, apresente os novos professores. Assim, seu pequeno já se familiariza com o lugar e fica mais tranquilo e seguro. O que o deixará menos ansioso no primeiro dia de aula. 

Nessas trocas de escola, as crianças se sentem inseguras com medo de não serem acolhidas pelos outros alunos, que já vinham caminhando juntos. Como ajudar a criança que está indo para uma nova escola? E como falar para as crianças que já caminham juntas sobre a importância do acolhimento?

Uma abordagem benéfica para tranquilizar essa criança a esse novo ambiente, pontuando e refletindo com ele que a nova escola é uma oportunidade de conhecer pessoas diferentes, aprender a cultivar novos relacionamentos. Para facilitar o processo, busque alguém conhecido na nova escola para ajudar na adaptação inicial. Apresente os pontos positivos da escola, seja o local, a metodologia de ensino, atividades extracurriculares e oportunidades. A apresentação para a turma ajuda que esse processo seja leve e cabe ao professor mostrar à classe como é importante que todos se conheçam. Preparando dinâmicas que mobilizem o interesse de um aluno pelo outro. Outra sugestão bacana seria dividir a turma em duplas aleatórias e pedir que conversem sobre o que mais gostam - música, comida, brincadeira. Em seguida, proponha que cada um apresente o colega à turma, isso possibilita um acolhimento da turma.

As crianças atípicas sofrem mais nesse processo de adaptação? Como os pais devem proceder para ajudá-las?

Todas as crianças vão ter dificuldades para esse retorno. É uma readaptação do tempo e espaço. Mas as crianças atípicas precisam de um olhar ainda mais atencioso, mais carinhoso, para essa mudança que vai acontecer”, afirma a neuropsicopedagoga e mestre em pedagogia Georgya Corrêa, que é mantenedora da Teia Multicultural e diretora pedagógica da Asas Educação.

As crianças atípicas, em especial as mais novas, tendem a sofrer com a chamada angústia de separação. É primordial que antes de começarem as aulas, a criança conheça quem será seu professor e a equipe de funcionários para ter na escola um outro adulto de referência, passando um tempo agradável com ela. Assim, ela poderá se habituar a essa novidade e este fator se tornará um a menos na sua lista de possíveis causas de ansiedade no início do ano letivo. 

O papel da família na adaptação da criança 

A jornalista Isabella Stutz, do Instagram e canal do Youtube Papo em Família, divide com outras famílias sua maternidade. Ela, que tem dois meninos, Pedro, com 12 anos, e Enzo com 4 anos, que está no espectro autista, conta os desafios enfrentados nessa fase de adaptação e o que ela faz para tornar esse momento mais leve para todos.

“A adaptação escolar sempre é difícil para famílias atípicas ou não. Mas para uma família atípica há ainda a condição especial do seu filho ao entregar esse pequeno à escola. Por mais que gente visite, escolha a escola é um momento diferenciado. Ano passado, quando o Enzo entrou na escola foi a nossa primeira adaptação, com toda a orientação da psicóloga, todas as pesquisas que fizemos, eu conheci a mãe da Carol, que é o Autismo com Laços e Fitas, e ela explicava sobre a importância da carta de apresentação.

Não é obrigatória, não é uma solicitação da escola. Mas é uma forma de mostrar à escola quem e como é o Enzo. Essa carta muitas famílias atípicas fazem para entregar na escola e deixar também como documento, para informar as questões singulares da criança.

Por exemplo, o Enzo tem a questão da seletividade alimentar. Posso mandar todos os tipos de frutas, mas ele não vai comer, ele não aceita. Mas mando para ver se, vendo outras crianças, ele se anima a experimentar.

A minha dica para adaptação para as mães atípicas ou não é deixar isso bem claro pra criança. É um momento muito diferente, de ruptura, principalmente para quem vai pra escola pela primeira vez. Aqui a gente conversou muito, falou sobre a professora. Fomos, durante as férias, na rua da escola, na porta da escola. Depois, ele frequentou a colônia de férias na escola, para que ele voltasse a ter a rotina”, conta.

Isabela diz ainda que Enzo ainda está muito reticente com a questão do uniforme, pois trata-se de uma questão sensorial dele, que não está ainda resolvida. Ainda estamos trabalhando isso dia a dia e a escola é muito receptiva nesse sentido também. Essa adaptação tem que ser uma parceria entre pais, crianças e principalmente com a escola”, frisa a jornalista.

“Postar a carta na internet, por ser uma mãe que acaba influenciando outras mães foi o motivo que eu fiz, como fiz. Informei o site de onde extraí, qual o modelo e incentivei, porque também é uma maneira de outras mães atípicas ficarem mais seguras em relação aos profissionais da escola saberem como lidar com nossos filhos nas horas em que estiverem lá”, observa ela.

“Meus filhos têm uma diferença grande de idade. Uma coisa que eu achei muito diferente de um filho para o outro foi que o primeiro, Pedro, entrou na escola com 1 ano e meio. Ainda era muito bebezinho. Ele se desvinculou da gente muito mais facilmente e se adaptou com mais facilidade. Já o Enzo entrou na escola com 4 anos. Tinha mais vínculos, além de ter passado os dois anos da pandemia somente com a nossa família. Então, essa adaptação foi bem diferente. O que eu digo para os pais é que façam desse momento o mais tranquilo possível. Os pais também têm que confiar na escola, confiar nos profissionais da escola, porque se a gente demonstra medo, insegurança, isso passa pra criança também”, observa Isabela.

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