Carrilhão da Catedral anda badalando com um sino só

Alertado por A VOZ DA SERRA, padre João pretende levar o assunto à próxima reunião do Conselho Econômico Pastoral
sábado, 20 de fevereiro de 2021
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
O carrilhão da Catedral São João Batista (Fotos: Henrique Pinheiro e reproduções da web)
O carrilhão da Catedral São João Batista (Fotos: Henrique Pinheiro e reproduções da web)

A exemplo da grande maioria dos friburguenses, nem mesmo o padre João Machado Evangelho, pároco da Catedral São Batista, já tinha se dado conta do  novo som de sinos ecoando a partir da Capela de Santo Antônio, na Praça do Suspiro.

Há algum tempo os quatro sinos da Catedral deixaram de tocar juntos ao meio-dia e às seis da tarde, depois das tradicionais badaladas. Hoje, apenas um dos sinos do carrilhão, o menor deles, voltado para a Avenida Alberto Braune, está tocando.

Alertado por A VOZ DA SERRA, o padre João pretende levar o assunto à próxima reunião do Conselho Econômico Pastoral. A ideia é sondar se os sinos precisam de manutenção e ajustes.

Não se tem muita informação sobre os sinos da principal igreja de Nova Friburgo, inaugurada em 1869, após 18 anos de construção (foto abaixo, 1870). Diferentemente de outros da cidade, o carrilhão da Catedral, embora também acionado automaticamente, reproduz o som dos próprios sinos em movimento. 

A Igreja São João Batista tem este nome em homenagem a Dom João VI, rei que assinou o decreto de autorização da vinda de suíços católicos para o Brasil e deu o nome de seu santo protetor à sede da Vila de Nova Friburgo: Freguesia de São João Batista. 

Como não existia outra capela para servir de Matriz, o Governo da Província do Rio de Janeiro comprou um terreno para edificá-la. A Diocese de Nova Friburgo foi criada em 26 de março de 1960 pela bula “Quandoquidem verbis” do Papa João XXIII, desmembrada da Arquidiocese de Niterói e das Dioceses de Campos e Valença.

Antes da igreja, os cultos religiosos católicos eram realizados no mesmo prédio da Câmara Municipal, em um casarão que era a  sede da fazenda do Morro Queimado, o qual os suíços denominaram de Chateau, exatamente onde hoje está o Colégio Anchieta. 

Segundo a historiadora Janaína Botelho, desde o período colonial até o fim da monarquia, o Brasil vivia sob o regime de padroado, compromisso entre a Igreja Católica e o governo de Portugal. O direito do padroado foi cedido pelo Papa ao rei, que deveria promover a organização da Igreja nas terras colonizadas. Ao rei de Portugal cabia arrecadar os dízimos, controlar a vinda de religiosos para a América Portuguesa, escolher bispos e criar paróquias, entre outras funções.

No entanto, o governo geral não cuidou em erigir uma igreja na Vila de Nova Friburgo. Foi graças ao auxílio de Clemente Pinto, o primeiro barão de Nova Friburgo, que a catedral começou a ser construída.  O Barão de Nova Friburgo era um dos maiores produtores de café de Cantagalo, próspero traficante de escravos e uma das maiores fortunas do país em meados do século 19.

A construção da catedral começou em 1851, exatamente no momento em que Cantagalo despontava como um dos maiores produtores de café do país. Logo, o barão poderia contribuir na sua construção com significativo aporte de capital. 

Na restauração de 2014, a maior novidade foi  a abertura de uma "janela arqueológica”: ao retirar com bisturi diversas camadas de pinturas sobrepostas, os especialistas  descobriram no presbitério uma pintura do artista plástico Martignoni. Imigrante italiano do final do século XIX, Martignoni tem trabalhos também  no Chalet do Country, antiga residência do barão, e possivelmente no palacete do então barão de Duas Barras, atual Faculdade de Odontologia da UFF.

 

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