Campanha “Setembro Amarelo” salva vidas!

É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha
terça-feira, 19 de setembro de 2023
por Jornal A Voz da Serra
Campanha “Setembro Amarelo” salva vidas!
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em concordância com as orientações da OMS, reforça sua postura contrária ao compartilhamento de notícias sobre suicídio, especialmente àquelas que contenham informações explícitas sobre meio letal, fotografias, entre outros. Veículos de comunicação e pessoas, de um modo geral, precisam ter cautela ao noticiar óbitos por suicídio ou compartilhar notícias, prezando pelas orientações fornecidas pela Associação, na cartilha direcionada aos profissionais de comunicação. 

A maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade
Entre os assuntos abordados, estão a relevância da divulgação, o cuidado com aqueles que estão em luto em decorrência de um suicídio e a importância de não simplificar o fato, atribuindo-o a uma causa única. Recomenda-se ao leitor que acesse o site www.setembroamarelo.com e leia o manual "Comportamento Suicida: conhecer para prevenir", disponível também para download gratuito.

Em 2013, Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP, deu notoriedade e colocou no calendário nacional a campanha internacional Setembro Amarelo®. Desde 2014, a ABP em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgam e conquistam parceiros no Brasil inteiro com essa campanha. 

Atualmente, o Setembro Amarelo® é a maior campanha antiestigma do mundo. E em 2023, o lema é “Se precisar, peça ajuda!”, com diversas ações sendo desenvolvidas.

Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade. 

Peça ajuda!

Todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha.

Quando uma pessoa decide colocar um ponto final em sua vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações apresentam-se muito restritivos, ou seja, ela pensa constantemente sobre o suicídio e é incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema. Estas pessoas pensam rigidamente pela distorção que o sofrimento emocional impõe. 

Se informar para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave. É muito importante que as pessoas próximas saibam identificar que alguém está pensando em se matar e a ajude, tendo uma escuta ativa e sem julgamentos, mostrar que está disponível para ajudar e demonstrar empatia, mas principalmente levando-a ao médico psiquiatra, que vai saber como lidar com a situação e salvar esse paciente.

Nos países e regiões, entre homens e mulheres

O suicídio é um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo. Segundo dados da OMS, todos os anos mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária, câncer de mama — ou guerras e homicídios. 

Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades. 

​    Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.

As taxas variam entre países e regiões, e entre homens e mulheres. No Brasil, 12,6% por cada 100 mil homens em comparação com 5,4% por cada 100 mil mulheres, morrem devido ao suicídio. As taxas entre os homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,6% por 100 mil). Para as mulheres, as taxas de suicídio mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1% por 100 mil).

Em países da Europa, houve um declínio nas taxas de suicídio e observou-se um aumento dessas taxas em países do Leste Asiático, América Central e América do Sul.

Embora alguns países tenham colocado a prevenção do suicídio no topo de suas agendas, muitos permanecem não comprometidos. Atualmente, apenas 38 países são conhecidos por terem uma estratégia nacional de prevenção do suicídio. 

DEPOIMENTO

“Em uma noite de tristeza profunda, vi uma propaganda do CVV. Liguei e foi um alívio. Finalmente, falava com alguém que me ouvia de maneira carinhosa e respeitosa, sem me julgar. Voltei para o Rio e acabei me tornando voluntária também!”

“Perdi meu pai, há 20 anos, quando ele tinha 52 e eu, 24. Ele foi até a casa da mãe dele, que havia falecido uns seis meses antes, ligou o gás do forno e fechou a cozinha. Ele era uma pessoa amorosa, presente, benquista por todos. Não era aparentemente depressivo, mas não falava muito sobre as próprias emoções, era reservado. 

Em 1995, me casei e fui morar em Santa Catarina. Três dias depois, por telefone veio a informação de que ele tinha falecido. Por algum motivo, pude sentir isso. Meu ex-marido atendeu e perguntei para ele: ‘Meu pai morreu, não?’. Depois, soube pela minha mãe que, três dias antes do suicídio, ele estava mais recolhido, deitado e sem vontade de sair do quarto. Na noite em que tirou a própria vida, chegou a ligar para dois tios meus. Um deles era mais próximo, mas não pôde atendê-lo naquele momento. Jamais saberemos se a ligação era um pedido de ajuda. 

Eu me lembro de que, no início, tinha vergonha de falar a verdade na cidade pequena onde morava. Dizia que meu pai teve um infarto fulminante. Chorava dia e noite, foi muito difícil aceitar. Um dia, meu ex-marido falou: ‘O que posso fazer para não te ver triste desse jeito?’. E eu respondi: ‘Só queria dez minutos com meu pai, para dar um beijo nele e abraçá-lo’. 

Nesse dia, fui dormir chorando e sonhei com ele. Cerca de um ano depois, em uma noite de tristeza profunda, vi na TV uma propaganda do CVV, entidade que oferece serviço gratuito de apoio emocional, feito por voluntários. Liguei e foi um alívio. Finalmente, falava com alguém que me ouvia de maneira neutra, carinhosa e respeitosa, sem me vitimizar, nem julgar. Alguns dias depois, voltei para o Rio e acabei me tornando voluntária também.” (P.F.A., 44, empresária, RJ). (Fontes: www.abp.org.br / www.ippesbrasil.com.br)

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