Um nome de grande importância para a origem do teatro brasileiro foi o padre José de Anchieta (1534-1597), considerado o primeiro dramaturgo do país. Com o tempo, essa linguagem artística ganha novas características, atendendo aos interesses da aristocracia e, posteriormente, passa a retratar também outras parcelas da população.
Foram muitas as transformações no teatro brasileiro, surgindo apenas na primeira metade do século 20 os primeiros grupos teatrais verdadeiramente nacionais. Quando chegaram em solo brasileiro e se depararam com a população indígena, os portugueses prontamente começaram a elaborar estratégias de dominação do lugar e, sobretudo, do povo nativo.
Assim, com o objetivo de converter a população indígena ao cristianismo, os religiosos utilizaram o teatro como instrumento de doutrinação, no que se chamou de teatro de catequese. O formato teatral escolhido facilitava a apresentação das ideias cristãs, trazidas pelos portugueses.
Como características desse teatro destacam-se: a preocupação em transmitir ensinamentos católicos; a valorização do propósito bíblico em detrimento da expressão artística; locais de apresentação acessíveis, como escolas, espaços públicos de lazer e ruas; e mistura de elementos da cultura indígena, como a música e a dança.
No século seguinte, ainda abordando temas religiosos, surge um teatro mesclado a festas populares e à encenação da Via Crucis. Esses eventos contam com a participação direta do povo, fator decisivo para promover a evolução do teatro no Brasil.
Um evento marcante para a cena cultural brasileira foi a vinda, em 1807, de Dom João VI e sua família, fugindo de conflitos com Napoleão Bonaparte na Europa. Buscando oferecer entretenimento e lazer à nobreza, o rei traz consigo diversos artistas das artes plásticas, música, dança e teatro.
Por decreto, ele estabelece a criação de teatros que atendam as demandas da nova classe que aqui se instalava. Assim, o país passa a receber peças no modelo francês para a diversão da aristocracia, o que, obviamente, não refletiam os costumes e a cultura do povo.
Uma obra marcante para o teatro brasileiro na primeira metade do século 19 foi Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães, encenada em 1838. A peça é inserida na vertente do Romantismo e faz parte do gênero dramático. Com objetivos nacionalistas, teve como protagonista o ator carioca João Caetano (1808-1863).
Enfim, o teatro brasileiro
No século 20 o teatro se torna uma linguagem mais autêntica no país.Companhias nacionais surgem a partir da década de 30, como, por exemplo, o Teatro do Estudante do Brasil (TEB), em 1938. Entretanto, foi em 1943 que essa expressão ganha maior visibilidade, com a estreia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, inaugurando um teatro moderno no país. Assinou a direção do espetáculo o dramaturgo polonês Ziembinski.
Outros grupos importantes surgem, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. É o caso do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), criado em 1948 por Franco Zampari, com a participação de nomes importantes como Cacilda Becker, Paulo Autran, Walmor Chagas, Tônia Carrero e Fernanda Montenegro.
Anos depois é fundado o Teatro de Arena, em 1953. O grupo trazia uma aura revolucionária e contestadora frente a tensão política e social dos anos pré-ditadura. Uma peça que marcou o início da companhia foi Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarniere, encenada em 1958.
Outro nome importante para a cena teatral brasileira é Augusto Boal, ator e dramaturgo que integrou o Teatro de Arena. Ele idealizou um método de ensino, o Teatro do Oprimido, com a intenção de tornar essa linguagem mais democrática e acessível.
Durante os anos da ditadura militar (1964-1985), a linguagem teatral sofreu perseguição e censura, assim como todas as manifestações artísticas, principalmente nos anos 60 e 70. Portanto, alguns atores e dramaturgos tiveram que deixar o país ou só conseguiram produzir espetáculos anos depois.
O teatro brasileiro conquistou um lugar de destaque na cena cultural do país, sendo reconhecido também internacionalmente. Hoje em dia, há ainda diversos grupos que se dedicam ao estudo da expressão, tanto companhias experimentais quanto comerciais. Há ainda montagens de espetáculos de outros países, como grandes musicais, gênero produzido no Brasil por profissionais de reconhecido nível técnico e artístico, em montagens consagradas pela crítica e público.
(Fonte: www.todamateria.com.br)
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