Barboza pede ao UFC para reconhecer vitória contra Ige

Apesar de ter dominado duelo, atleta friburguense não teve o braço erguido ao final do combate
sábado, 23 de maio de 2020
por Vinicius Gastin
Polêmica derrota marcou a estreia de Edson Barboza em nova categoria no Ultimate
Polêmica derrota marcou a estreia de Edson Barboza em nova categoria no Ultimate

A derrota de Edson Barboza para Dan Ige no último sábado (16), nos EUA, ainda repercute e gera revolta de fãs e amantes do MMA. Desde a decisão dos árbitros em conceder a vitória ao havaiano, após três rounds, as redes sociais foram tomadas por protestos e questionamentos a respeito do resultado. A luta que marcou a estreia do friburguense na categoria peso-pena (66 kg) é assunto polêmico e recorrente.

Barboza concedeu entrevista ao portal Ag.Fight, e não escondeu a reprovação pelo resultado. O atleta de Nova Friburgo relembrou a luta contra Paul Felder, a última na categoria antiga, na qual saiu derrotado após outra decisão polêmica dos árbitros. Edson, inclusive, pediu maior qualificação das pessoas escaladas para julgarem os combates.

“É difícil. Única maneira de não deixar nas mãos dos árbitros é acabar antes. Tenho feito meu trabalho que é ir lá e lutar, e nas últimas duas vezes, se ouvir todos os especialistas, eu venci. Então é melhor não deixar nas mãos deles, mas quando não dá, como nas últimas duas lutas, eu ganhei. Tem que colocar pessoas mais qualificadas para julgar essas lutas.”

Assim como aconteceu após a luta contra Felder, Barboza pretende buscar o reconhecimento pelo seu desempenho. Apesar de afirmar que não vai se envolver nas possíveis tentativas de reversão de resultado, o lutador quer o reconhecimento do UFC, tanto esportivamente, quanto financeiramente.

“Eu não me envolvo, não quero me estressar com isso, porque sei que ganhei as lutas. O mais importante para mim não é a Comissão Atlética chegar e falar que eu ganhei as lutas, mas sim o UFC dizer isso e me pagar como se fosse o vencedor. É a coisa certa a se fazer agora pela organização. E como o Dana White falou que eu venci a luta, estou aguardando o UFC falar que eu venci.”

Apesar do resultado negativo, na visão dos árbitros, Edson Barboza aprovou a estreia na nova categoria. O friburguense precisou seguir novas rotinas, dieta e cortar peso, o que não atrapalhou no desempenho dentro do octógono. O especialista em muay thai reitera que não se sentiu mal fisicamente por conta da mudança, mas deixou em aberto o futuro na organização. Edson não descarta subir novamente de categoria.

“Me senti muito bem, e até achei que fosse ser pior. Me preparei para sofrer tanto e acabou que não sofri muito, mas quem sabe (se vai permanecer na divisão ou não). Vai depender do que o UFC vai fazer comigo nesses próximos dias, se eles vão me dar esse dinheiro como se eu tivesse vencido para ver se vale ficar batendo o peso-galo. Se ficar do jeito que está talvez eu suba para o peso-leve de novo.”.

Edson Barboza deixou o muay thai e passou a lutar MMA em 2009. Desde então soma 20 vitórias e nove derrotas no cartel, sendo 14 triunfos pelo Ultimate, onde atua há quase dez anos.

Empresário não deve recorrer

Além de familiares, amigos e especialistas, que se posicionaram sobre o resultado da luta de Barboza no UFC Jacksonville, o empresário do lutador, Alex Davis, também não escondeu a frustração com a derrota. Especialmente pela situação semelhante a vivida no duelo contra Paul Felder em setembro do ano passado, ou seja, com a pontuação final controversa dos juízes. Assim como naquela ocasião, a equipe do lutador até pensou na possibilidade de apelar judicialmente contra o resultado. No entanto, segundo Davis, o procedimento não será possível

Em entrevista ao site 'MMA Junkie', o empresário do atleta friburguense revelou que só poderia tentar modificar o resultado final do combate caso acusasse os juízes de fraude ou o adversário de Barboza de utilizar substâncias proibidas para o aumento de performance. Como a crítica do lutador e de sua equipe se baseia no suposto erro de julgamento dos jurados, sem presumir má fé, o agente lamentou o fato de não poder apresentar uma contestação oficial.

“Nós queríamos chegar na frente deles, analisar a luta e mostrar a eles que a decisão foi errada. Eles não permitem que isso aconteça, eu teria que acusar os juízes de fraude, ou Ige de ter tomado drogas de aumento de performance. Eu não tenho nenhuma suspeita de fraude, e eu não acho que ele utilize algo proibido. É um grande lutador, e foi muito bem. Não posso apelar por causa disso", explicou Alex Davis.

"O mundo todo viu Edson vencer aquela luta. Nada contra Ige, ele fez uma grande luta, e ele é um cara durão, parabéns para ele. Mas o problema é, na nossa visão, a pontuação foi errada. Nós deveríamos ser capazes de levar a luta para a comissão e apelar, e se eles acharem que a pontuação foi errada, eles deveriam poder reverter (o resultado). Isso não acontece aqui. A lei não permite”, lamentou.

Sendo assim, os efeitos por mais um revés prejudicam a sequência da carreira de Edson, e não só esportivamente. São quatro derrotas e apenas uma vitória em suas últimas cinco lutas, sendo dois desses reveses com decisões contestáveis dos juízes. “O efeito em sua carreira é devastador porque agora ele está 1-4 em suas últimas cinco lutas, com duas lutas que tiveram decisões controversas. Quando as pessoas olham para seu cartel, tudo que elas veem é a derrota e nada explicando como aconteceu ou quão boa a luta foi", criticou.

Alex Davis é conhecido por ser um crítico do atual sistema de pontuação do MMA, e propõe mudanças substanciais para que as decisões controversas dos juízes sejam, ao menos, minimizadas. Para que essas  “Não existe conexão entre os juízes e os lutadores ou treinadores. Nós não sabemos o que eles estão procurando (quando julgam), ou nós poderíamos ajustar sua visão para o que fazemos ou nós ajustamos o que fazemos para o que eles estão procurando. Existe uma desconexão, e isso está fazendo mal ao esporte", concluiu.

 

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TAGS: UFC