Autoridades de saúde já começam a recomendar máscaras para todos

Uso está sendo reavaliado porque muitos indivíduos disseminam o vírus mesmo sem apresentarem sintomas
quarta-feira, 01 de abril de 2020
por Jornal A Voz da Serra
Friburguenses usando máscaras na fila da vacinação contra a gripe comum (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)
Friburguenses usando máscaras na fila da vacinação contra a gripe comum (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)

A comunidade científica mundial está começando a rever a orientação da Organização Mundial da Saúde de recomendar o uso de máscaras apenas por pessoas que estejam tossindo ou espirrando ou por quem esteja cuidando de alguém com suspeita de Covid-19, como profissionais de saúde.

Para o público em geral, as máscaras não teriam efeito preventivo contra o coronavírus, sendo mais eficaz a higienização das mãos com água e sabão e álcool gel, segundo a OMS. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) segue as diretrizes da OMS.

 Mas nesta segunda-feira, 30, o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças  dos Estados Unidos, Robert Redfield, disse à rádio NPR (National Public Radio) que está reavaliando  o uso de máscaras porque muitos indivíduos disseminam o vírus mesmo sem apresentarem qualquer sintoma.

Nesta quarta-feira, 1, o próprio  ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que vai divulgar na internet um manual para a produção de máscaras de pano reutilizáveis.  O conselho é: faça sua própria máscara e deixe as feitas pela indústria para os profissionais de saúde. 

Em entrevista à revista Science, o diretor-geral do Centro para Controle e Prevenção de Doenças da China, George Gao, disse que o maior erro dos Estados Unidos e da Europa no combate ao coronavírus é que as pessoas não estão usando máscaras maciçamente.

“O Covid-19 é transmitido por gotículas e contato próximo. Muitas pessoas têm infecções assintomáticas. Se usam uma máscara no rosto, isso previne que as gotículas escapem enquanto falem e infectem outras pessoas” disse.

Um estudo publicado em 2013 na revista científica Journal of Hospital Infection avaliou a performance de máscaras cirúrgicas em hospitais no Reino Unido para evitar infecção por vírus causadores de gripe.

Na conclusão  da pesquisa, o cientista responsável pelo experimento disse que, embora essas máscaras tenham limitações, elas podem reduzir a exposição a vírus infecciosos.

Já entre profissionais de saúde, o uso do equipamento é essencial. Um artigo publicado em 26 de março na revista científica The Laryngoscope, especializada em otorrinolaringologia, indicou que os profissionais desse campo foram os que mais se infectaram com o Covid-19 nos hospitais na China. 

O uso irrestrito das máscaras disponíveis no mercado, porém, esbarra na escassez. Já estão sendo confeccionadas, de forma artesanal, máscaras de tecido, laváveis, que também ajudam no papel de conter a emissão de gotículas salivares.

Mas outras preocupação do uso generalizado de máscaras, industriais ou caseiras, é a falsa sensação de blindagem sanitária que elas podem dar.  As pessoas, sem saber fazer o uso correto, podem pensar que podem coçar o olho e descuidar da lavagem das mãos, que ainda é o mais importante”, diz a infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) .

Para serem realmente eficazes, as máscaras cirúrrgicas devem ser feitas de TNT e ter um elemento filtrante, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Embora não exista um consenso na área médica nem estudos que comprovem eficácia das máscaras caseiras, como as produzidas com tecido, Raquel Stucchi diz que, no contexto de uma pandemia como a que atravessamos, elas podem ser úteis para oferecer alguma proteção, desde que associadas à higienização das mãos.

No caso das máscaras de pano, a infectologista Raquel Stucchi recomenda que o item seja lavado toda vez ficar molhado por um espirro, por exemplo.

Nota da Sociedade Brasileira de Infectologia:

Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia  diz que devem usar máscara cirúrgica os pacientes com sintomas respiratórios (tosse, espirros, dificuldade para respirar), os profissionais de saúde e os profissionais de apoio que prestarem assistência ao paciente suspeito ou confirmado de COVID-19. 

Com a escassez dos equipamentos de proteção individual (EPI) em face da pandemia, avalia-se o uso das máscaras de pano. Porém, em serviços de saúde, elas não devem ser usadas sob qualquer circunstância, de acordo com o mesmo documento citado anteriormente. 

Para a população que necessita sair de suas residências, a máscara de pano pode ser recomendada como uma forma de barreira mecânica. Mas há de ser destacada a importância da manutenção das outras medidas preventivas já recomendadas, como distanciamento social, evitar tocar os olhos, nariz e boca, além de higienizar as mãos com água e sabonete ou álcool gel 70%. "A máscara de pano pode diminuir a disseminação do vírus por pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas que podem estar transmitindo o vírus sem saberem, porém não protege o indivíduo que a está utilizando, já que não possui capacidade de filtragem. O uso da máscara de tecido deve ser individual, não devendo ser compartilhado", afirma a nota,  assinada por Dr. Leonardo Weissmann, Dr. Clóvis Arns da Cunha, Dr. Alberto Chebabo, Dra. Lessandra Michelin, Dr. Antonio Carlos de Albuquerque Bandeira, Dra. Priscila Rosalba Domingos de Oliveira, Dr. Marcos Antonio Cyrillo, Dra. Christiane Reis Kobal, Dr. Estevão Urbano Silva, Dr. Sérgio Cimerman.

(Fontes: Folha de S.Paulo e Ig)

 

LEIA MAIS

Confira a origem da data e a importância do profissional na sociedade

Instituição recebeu medicamentos que deveriam ter sido descartados há dois anos

Ao todo, cerca de 18 imunizantes estarão disponíveis para todas as idades, mas especialmente para as crianças e adolescentes

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra