A crescente dependência de crianças e adolescentes por telas, como smartphones, tablets e computadores, tem levado especialistas em saúde e educação a debater a importância da abstinência ou redução do tempo de uso desses dispositivos. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 86% de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos estão conectados à internet, representando 24,3 milhões de usuários. Esse número reflete a onipresença da tecnologia, mas também traz preocupações significativas relacionadas à saúde física e mental dessa população.
O uso excessivo de tecnologias digitais está associado a uma série de problemas de saúde, como transtornos do sono, irritabilidade, déficit de atenção, obesidade e sedentarismo. Dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil (2018) revelam que 25% dos jovens admitem não conseguir controlar o tempo de uso, enquanto 26% já enfrentaram cyberbullying ou tratamentos ofensivos online. Além disso, cerca de 16% relataram contato com conteúdos relacionados a autolesões, 14% com informações sobre suicídio e 11% com material ligado ao uso de drogas.
Estudos mostram que limitar o tempo de telas pode trazer benefícios importantes, como melhora no desempenho escolar, aumento da interação social e redução de comportamentos ansiosos. O Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde, da SBP, sugere estratégias como:
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Evitar telas para crianças menores de 2 anos, promovendo estímulos diretos, como brincadeiras e interação familiar;
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Limitar o tempo diário de telas a uma hora para crianças de 2 a 5 anos e a duas horas para crianças de 6 a 10 anos, sempre com supervisão;
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Desconectar durante refeições e antes de dormir, criando momentos de convivência familiar;
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Estimular atividades ao ar livre e esportivas, como alternativas ao uso de dispositivos digitais.
Pais e responsáveis devem ainda adotar regras claras para o uso de aparelhos e aplicativos, como filtros de conteúdo e limites de horário. A supervisão ativa, especialmente para crianças e adolescentes, é considerada essencial para evitar os riscos associados ao uso indiscriminado.
A abstinência de telas não é apenas uma responsabilidade individual ou familiar. Especialistas defendem que escolas e empresas de tecnologia também desempenhem um papel ativo na promoção de um uso ético e seguro da internet. Alfabetização midiática, campanhas educativas e ferramentas de classificação indicativa são algumas das medidas apontadas como essenciais para combater os efeitos nocivos do tempo excessivo de tela.
Ao incentivar momentos de desconexão, a sociedade contribui para a criação de hábitos mais saudáveis e para a formação de gerações mais equilibradas frente aos desafios da era digital.
O uso prolongado de telas pode trazer prejuízos à saúde, como alterações no sono, diminuição do rendimento escolar e aumento de comportamentos sedentários. Um dos problemas mais frequentes é a exposição à luz azul emitida por dispositivos, que interfere na produção de melatonina e dificulta o sono. Isso é especialmente preocupante porque o sono adequado é essencial para o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes.
Além disso, estudos apontam que o excesso de tempo em frente às telas está associado a um aumento nos índices de ansiedade, depressão e isolamento social. A constante comparação com padrões irreais promovidos pelas redes sociais pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima.
Benefícios da abstinência e da redução de telas
A abstinência ou a redução significativa do tempo de exposição a dispositivos eletrônicos pode trazer uma série de benefícios para crianças e adolescentes. Estudos indicam que jovens que limitam o uso de telas apresentam melhor qualidade do sono, mais facilidade para manter a concentração e maior interação social com amigos e familiares.
Um estudo publicado pela revista Pediatrics mostrou que crianças que passam menos de duas horas por dia em dispositivos eletrônicos têm maior probabilidade de desenvolver habilidades cognitivas, como memória e capacidade de resolver problemas. Além disso, reduzir o uso de telas pode estimular a prática de atividades ao ar livre, promovendo maior contato com a natureza e um estilo de vida mais saudável.
Embora a tecnologia desempenhe um papel central na vida moderna, o uso consciente é essencial para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. A abstinência total pode ser inviável no contexto atual, mas a implementação de limites claros e a promoção de hábitos saudáveis são passos importantes para minimizar os efeitos negativos das telas.
Promover um equilíbrio entre o mundo digital e as interações no mundo real é um desafio que deve ser enfrentado coletivamente. Ao adotar práticas responsáveis, famílias, escolas e a sociedade podem contribuir para a formação de uma geração mais saudável, conectada não apenas à tecnologia, mas também às pessoas e experiências que realmente importam.
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