Abrigo de Valéria Lima ainda tem 95 animais esperando por adoção urgente

Restam 55 cães em sítio no Amparo; 20 gatos já foram resgatados e outros 20 permanecem no local
segunda-feira, 15 de junho de 2020
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Alguns dos gatos, depois de limpos e acolhidos pela ONG Confraria dos Miados e Latidos (Divulgação)
Alguns dos gatos, depois de limpos e acolhidos pela ONG Confraria dos Miados e Latidos (Divulgação)

A morte da protetora de animais Valéria Lima, no último sábado, 13, deixou um vazio e também um drama longe de terminar: no sítio onde ela morava, no distrito de Amparo, restam 55 cães e 20 gatos à espera de um novo lar. Outros 20 gatos já foram resgatados e estão em lares temporários, aguardando por adoção.

Segundo Emilene Imbroise, voluntária da causa animal e amiga de Valéria, dos 80 cães remanescentes no abrigo, 25 já foram doados ou estão em lares temporários, restando, portanto, 55 no local. Por incrível que pareça, o maior empecilho tem sido o transporte dos animais, já que o sítio fica no fim de uma estrada de terra íngreme e esburacada, na localidade de Morro das Contas, entre o Alto do Catete e o Parque das Flores. A Subsecretaria do Bem-Estar Animal (Subbea) está coordenando a adoção dos cães, com a ajuda dos voluntários. 

Com relação aos gatos, a ONG Confraria dos Miados e Latidos resgatou os 20 num primeiro momento e espera resgatar mais outros 20 - os mais ariscos - em uma segunda etapa. Segundo Evelyne Ferreira, responsável pela entidade, todos os bichanos estão sendo vacinados, vermifugados, castrados e tratados de eventuais problemas de saúde causados pelo confinamento. O trabalho está a cargo de voluntários.  Abaixo, ao longo desta reportagem, fotos da recuperação gradual de alguns deles.

Além de reabilitar os animais e conseguir lares responsáveis para os gatos resgatados, a Confraria está lançando uma campanha para receber qualquer tipo de ajuda, seja na forma de medicamentos, ração ou serviços veterinários. A Confraria também defende um trabalho educativo sobre a proteção animal, que inclui uma mudança de paradigmas. “Acreditamos que a responsabilidade de todo animal em situação de rua ou de risco é de toda a sociedade, não devendo jamais recair sobre uma só pessoa. Tirar o animal da rua e enviá-lo para um abrigo onde já vivem centenas deles só piora as condições de vida, tanto do animal quanto do protetor. Na verdade, esta é só uma forma de tirar o problema da frente, nunca de solucioná-lo”, diz Evelyne.

“Live” nesta quarta

Para discutir este assunto, a ONG vai promover uma “live” (transmissão ao vivo pela internet) nesta quarta-feira, 17, às 19h. A “live” vai acontecer em dois dois perfis do Instagram: https://instagram.com/cmiadoselatidos, com a presidente da ONG em SP, Tatiana Sales; https://instagram.com/cmiadoselatidosfriburgo, com a diretora regional, Evelyne Ferreira.

Evelyne explica que osprotetores de animais não deveriam ser chamados de "anjos", "guerreiros", "heróis" ou qualquer outro adjetivo semelhante, sob o risco de desumanizar a pessoa. “É aí que mora o perigo: se ela está ‘acima do que é humano’, ela deve dizer sempre sim, nunca dizer não.  Nós, voluntários da Confraria dos Miados e Latidos, temos o maior amor e respeito pela causa animal. Buscamos trabalhar com técnica, planejamento estratégico, muito estudo e esperança de ajudar cada vez mais animais. Mas somos seres humanos. Temos o direito de dizer não quando o resgate está além da nossa capacidade física ou de recursos”, afirma.

O resultado de sucessivos “sim”

Em agosto de 2018, A VOZ DA SERRA publicou reportagem mostrando o drama enfrentado por Valéria Lima, que cuidava sozinha de centenas de cães e gatos em um sítio praticamente em ruínas em Amparo, de onde estava sendo despejada. Na época, o jornal chegou a ajudar Valéria a fazer uma vaquinha online para angariar recursos. 

Quase dois anos depois, a situação só piorou. Valéria, que na época já lutava contra um câncer, teve seu quadro de saúde muito agravado nos últimos dois meses. Sem ter a quem confiar os animais, ela deixou de fazer a cirurgia que tanto precisava. Segundo amigos, há cerca de dez dias ela já não conseguia mais se levantar nem andar. Semana passada foi hospitalizada, já em estado gravíssimo, e neste sábado, não resistiu. 

"Questão humanitária"

Ao longo dos anos, ninhadas inteiras eram deixadas junto ao velho portão de madeira do sítio onde Valéria morava  desde 2011, quando perdeu sua casa na tragédia. Com o adoecimento de Valéria, coube a uma rede de voluntários ligados a entidades de defesa dos animais em Friburgo a missão de articular uma campanha em busca de ajuda - adoção responsável, ração, medicamentos, serviços veterinários - para cerca de 80 cães e 40 gatos. 

Como ajudar:

  • Para adotar ou ajudar um cão: (22) 99943-1912 ou  (22) 99876-4656

  • Para adotar ou ajudar um gato: (22) 99252-9918

A campanha tem conta no Instagram e página no Facebook. Os gatos estão sendo doados pela Confraria Miados e Latidos.

VEJA FOTOS DOS CÃES PARA ADOÇÃO NA NOSSA REPORTAGEM ANTERIOR.

 

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