20 de novembro - Dia da Consciência Negra

Uma oportunidade para reflexão e celebração
terça-feira, 19 de novembro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
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O Brasil é o país com mais população negra fora do continente africano. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país conta com 110 milhões de negros. As celebrações referentes à Consciência Negra surgiram nas lutas dos movimentos sociais contra o racismo na metade da década de 1970. O dia 20 de novembro, comemorado nesta quarta-feira, 20, celebra a luta e a resistência dos afrodescendentes no Brasil e é destinada a homenegear a mémoria de Zumbi de Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, um dos grandes nomes da resistência negra contra a escravidão no país, morto na mesma data em 1695.

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A contribuição do povo negro em Nova Friburgo teve início por volta do século 18
Palmares foi líder de uma das maiores e mais conhecidas comunidades de escravos fugitivos, que resistiu por anos à opressão e à violência dos colonizadores. Ele também apresentava um símbolo de libertade e buscava autonomia e dignidade para os negros escravizados no país. A escravidão acabou há mais de 130 anos, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea , no dia 13 de maio de 1888.

Escravidão no Brasil

A escravidão no Brasil teve início do século 16. Em 1535 chegou a Salvador-BA, o primeiro navio com negros escravizados. Este ano é o marco do início da escravidão no Brasil. As primeiras pessoas a serem escravizadas na então colônia foram os indígenas. Posteriormente, negros africanos seriam capturados em possessões portuguesas como Angola e Moçambique, e regiões como o Reino do Daomé, e trazidos à força ao Brasil para serem escravizados. Portugal tinha uma população pequena, de cerca de dois milhões de pessoas, e não tinha condições de dispensar parte de seus habitantes para sua colônia americana. Para suprir os braços que faltavam, os colonizadores usaram a escravidão, que já era praticada na África e no mundo árabe.

O transporte de pessoas escravizadas fomentou a produção de mais embarcações, alimentos, vestuário, armas e outros produtos que estavam ligados ao comércio de gente. Por isso, o tráfico negreiro representou um ótimo negócio para a Europa e movimentou grandes capitais nos três continentes. Desta maneira, portugueses, espanhóis, franceses, holandeses e ingleses tornaram a escravidão um negócio lucrativo. Superlotaram os porões de seus navios com negros africanos (os chamados navios negreiros) para serem vendidos nos portos brasileiros e em toda América.

As condições de escravidão no Brasil eram as piores possíveis e a vida útil de uma pessoa escravizada adulta não passava de dez anos. Após sua captura na África, os seres humanos escravizados enfrentavam a perigosa travessia da África para o Brasil nos porões dos navios negreiros, onde muitos morriam antes de chegar ao destino. Após vendidos, passavam a trabalhar de sol a sol, recebendo uma alimentação de péssima qualidade, vestindo trapos e habitando as senzalas. Normalmente, tratava-se de locais escuros, úmidos e com pouca higiene, adaptados apenas para evitar fugas.

Errar não era permitido e poderia ser punível com castigos dolorosos. Eram proibidos de professar sua fé ou de realizar suas festas e rituais, tendo que fazer isso às escondidas. Afinal, a maioria das pessoas escravizadas vinham da África já batizadas e era suposto que abraçassem a religião católica. Daí surge o sincretismo que verificamos no candomblé praticado no Brasil. As mulheres negras eram exploradas sexualmente e usadas como mão-de-obra para trabalhos domésticos, como cozinheiras, arrumadeiras etc. Não era incomum que as mulheres escravizadas recorressem ao aborto para impedir que seus filhos não tivessem a mesma sorte.

Em Nova Friburgo

A história do negro em Nova Friburgo começou por volta do século 18 com a vinda dos portugueses. No século 19, a hoje denominada Praça Marcílio Dias, no Paissandu, era conhecida como a Praça do Pelourinho, onde muitos negros sofreram torturas e humilhações. O casarão da Praça Getúlio Vargas, onde hoje funciona a Fundação Dom João XV, também tem um passado escravocrata. O antigo proprietário, o Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, administrava a vinda de escravos. 

Quando os suíços e alemães aqui chegaram já encontraram os negros. que não tiveram sequer a oportunidade de retornar ao país de origem, caso não se adaptassem ao Brasil. O negro não teve opção de escolha, pois o principal apoio que teria para lutar era a família e isto também lhe foi tirado, haja vista o grande processo de segregação, ou seja os negros que chegavam aqui com suas famílias eram separados de seus parentes. Até hoje muitas das histórias contadas mostram o negro simplesmente como escravo, não é destacada a valiosa contribuição do povo negro ao país. Por exemplo, em Nova Friburgo o maior produtor de inhame é o distrito de Lumiar, um distrito colonizado por suíços e alemães, mas que tem na cultura desse tubérculo uma herança africana. 

Mais história

A cultura negra em Nova Friburgo tem espaço na Praça das Colônias, no Suspiro. O Centro Cultural Afro-Brasileiro Ysun-Okê e a Colônia Pan-Africana simbolizam toda a cultura e legado do povo africano. O Centro  Ysun-Okê foi criado em 1987, visando desenvolver projetos que elevem a autoestima, inclusão social, conscientização e cidadania através de eventos culturais, cursos de formação e qualificação e capacitação profissional, entre outros, junto à comunidade afro-descendente e população em geral.

*Reportagem da estagiária Laís Lima sob supervisão de Henrique Amorim

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