13 de novembro: Dia Mundial da Gentileza

Em tempos de polaridade, troca de ofensas em redes sociais, brigas em famílias, há de se lembrar o quão bem fazem os atos de gentileza
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Henrique Pinheiro)
(Foto: Henrique Pinheiro)

Mesmo depois do fim da campanha eleitoral e das eleições, ainda é possível observar a polaridade entre os dois candidatos que disputaram a presidência da República nas redes sociais, através de posts e comentários defendendo um ou outro. Mas não é só a opção política que gera discussões, feminismo, religião, sexualidade, liberação do aborto, das drogas, entre outros tantos causam polêmica.

Neste 13 de novembro, Dia Mundial da Gentileza, lembramos que é possível ter um comportamento gentil, principalmente nas redes sociais. A psicóloga e escritora, Cinthia Lima Ramos, lembra que primeiro, é preciso pensar que por trás de cada perfil, existe um ser humano. Segundo ela, com a força que as redes sociais ganharam, principalmente nessa era de polaridade, muitas pessoas ignoraram a linha do limite e isso é extremamente perigoso. 

“O outro não precisa concordar e você só precisa ter a maturidade de respeitar o posicionamento daquele outro indivíduo. Ninguém é igual a ninguém, cada pessoa tem a sua autenticidade. Para ser gentil na internet, lembre-se de pensar antes de responder, seja cuidadoso com as suas palavras, não alimente o ódio e as fake news, não apoie o bullying virtual, não seja arrogante, exerça a sua solidariedade, construa relações saudáveis e empáticas, fortaleça os bons sentimentos e pensamentos”, exemplifica Cinthia.

(Psicóloga e escritora, Cinthia Lima Ramos)

Um outro comportamento que as redes sociais trouxeram é a falta de gentileza ao abordar um empreendedor, vendendo algo pela internet. Muitas pessoas só escrevem “valor” ou “tamanhos”, como se não tivesse uma pessoa respondendo por trás das telas. Imagine a pessoa entrando numa loja física e não olhar para o vendedor, não cumprimentar, apenas apontar para uma peça e falar: “valor” ou “tamanhos”. Para a psicóloga e escritora, esse comportamento reflete a sociedade atual, que tem supervalorizado as coisas e não as pessoas. “As relações são rasas e muitos indivíduos ao buscar por um produto ou profissional, estão interessadas somente no preço e não no valor ou experiência daquele objeto ou atendimento. Você não precisa perder a sua gentileza nas redes, o seu perfil pode distribuir gentileza. Se cada um pingar uma gotinha de gentileza dentro do online e no offline, poderemos colher bons frutos”, aconselha Cinthia.

Gentileza nas pequenas coisas

Mas, não é só nas redes sociais que se deve praticar atos de gentileza. No dia a dia, segundo Cinthia, os atos de gentileza são sempre amáveis e bondosos. “Dentro disso podemos destacar alguns exemplos: cumprimentar as pessoas desejando bom dia, boa tarde, boa noite; pedir licença quando necessário; abrir a porta para alguém entrar; escutar o outro com atenção; elogiar; esperar a sua vez para ser atendido; pedir desculpas; obter empatia pelo próximo, entre tantos outros”, enumera ela.

Essas ações devem ser passadas de pais para filhos. “Entendo que os pais são os maiores mentores de seus filhos. Ensinar é investir tempo e isso exige paciência, calma e muito diálogo. Se você deseja que seu filho venha replicar algo, seja você o exemplo. A família é a primeira instituição que o indivíduo é inserido e as crianças sabem ler os pais. Se você não é gentil, como conseguirá ensinar algo que você mesmo não exerce? É preciso demonstrar e auxiliar os filhos a desenvolverem ainda mais a gentileza. Você pode visitar uma instituição, doar brinquedos, praticar cumprimentos, saudações… Quando você leva seu filho para pensar e refletir sobre algo que fez e sentiu, essa experiência ganha um valor maior. Os pais podem criar caminhos de gentileza com os filhos, as experiências em família podem  ganhar um espaço positivo de aprendizado”, enfatiza a psicóloga e escritora.

E o melhor de tudo, ser gentil não faz bem só para quem recebe o ato de gentileza, mas também para quem o pratica, como explica Cinthia: “Com toda certeza a gentileza provoca bons sentimentos e podemos incluir aqui a felicidade, gratidão, alegria, generosidade, bondade, proximidade, compaixão e outros tão bons quanto esses. A gentileza libera dopamina, proporcionando bem-estar e isso faz muito bem para a saúde mental e emocional de qualquer indivíduo”, explica ela finalizando com “quem não é gentil consigo mesmo, desperdiça tempo e vida.”

Gentileza até no nome

Impossível falar sobre gentileza e não lembrar do conhecido Profeta Gentileza, criador da famosa frase “Gentileza gera gentileza”. : José Datrino, o Profeta Gentileza, cresceu como um menino incomum, já que vagava pelas ruas quando criança, afirmando ter um propósito maior, uma missão nessa Terra. No entanto, só começou a ficar conhecido como Profeta Gentileza em 1961, quando um terrível incêndio acometeu o Grand Circus de Niterói, levando centenas de vidas.

Depois da tragédia, Datrino se mobilizou para fazer um belo jardim no lugar onde o circo havia deixado apenas cinzas. Também se mudou para as redondezas a fim de amparar os prejudicados do incêndio, oferecendo conselhos e palavras amigas aos que o visitavam. A partir daí, passou a ser chamado de Profeta Gentileza.

Carregando o título de Profeta e ansioso para disseminar suas diretrizes de gentileza, Datrino saiu pelas ruas do Rio de Janeiro, muitas vezes se alojando próximo a ponte Rio-Niterói. Tentava transmitir seus ensinamentos, suas ideologias, pregava o amor ao próximo e a bondade acima de tudo. Por muitos era visto como um lunático.

Em 1980, o Profeta passou a trabalhar no legado que deixaria às gerações posteriores. No viaduto da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, entre o Cemitério do Caju e a Rodoviária Novo Rio, Datrino passou a encher as pilastras com frases que refletiam suas ideologias de gentileza. As frases desenhadas na caligrafia peculiar do Profeta, se tornaram conhecidas nacionalmente.

No entanto, em 1990, a Prefeitura do Rio de Janeiro apagou as frases do Profeta passando tinta cinza nas pilastras, o que causou grande revolta na população. Apesar do pedido de desculpas, a restauração do legado do Profeta Gentileza só veio em 1999, três anos depois de sua morte.

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