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A gordura abdominal pode matar

Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Mais conhecida como barrriga, a circunferência abdominal aumentada, tem um papel importante na história de uma série de doenças. É o que mostraremos a seguir, com o intuito de ajudar a melhorar a qualidade de vida dos friburguenses.
Muito associada ao estar bem de vida, já que muitos acreditam ser sua presença um sinônimo de riqueza, a barriga é fonte de preocupação para os Endocrinologistas, Cardiologistas, Oncologistas e outras especialidades, mas também para muitos alfaiates e modistas.
Além da deposição, em grande quantidade, de gordura na parede abdominal, que é a parte visível da barriga, acontece, também, um aumento da quantidade de gordura nas vísceras (órgãos). Chamada de visceral ou intra-abdominal, ela é invisível, porém muito mais perigosa. Poderíamos fazer uma comparação com um iceberg: a parte submersa, invisível, é pior, para a navegação, do que aquela que fica acima do mar. Além do mais, a esteatose hepática, deposição de gordura no fígado, é um dos fatores importantes que levam à cirrose hepática e/ou a incidência aumentada de câncer de fígado.
Sabemos hoje, que a hipertensão arterial, o diabetes, as doenças cardiovasculares e o próprio câncer podem ter, entre suas causas, o aumento da gordura visceral. Muitos trabalhos feitos em vários centros de estudo, no mundo inteiro, mostram que o infarto agudo do coração é de três a quatro vezes mais frequente nos obesos do que nos magros. Daí, que uma campanha do “Abaixo a Barriga”, não seria piada.
A circunferência abdominal é considerada normal nos valores de 80 a 85 centímetros, para as mulheres e 90 a 95 centímetros, para os homens, sendo medida com uma fita métrica comum, numa linha que passa pela cicatriz umbilical e pelas cristas ilíacas superiores (aquela ponta de osso que temos do lado do abdome), de preferência com a pessoa deitada.
Quando esses valores são ultrapassados, o especialista sabe que seu paciente entrou na faixa de risco, não importando a idade. A diferença está no fator tempo, pois o jovem, em princípio, demorará mais para desenvolver suas lesões, ao passo que o idoso pode ter problemas muito mais cedo. Aliás, essa premissa começa a mudar, uma vez que a idade para o infarto vem baixando, a ponto de não ser incomum conhecermos pessoas que infartaram com 35 anos de idade ou menos.
Se por um lado a vida moderna trouxe uma melhora no dia a dia das pessoas, por outro, fez surgir uma série de problemas, que em última análise, levam a um comprometimento da saúde. Seja nos fast-foods, com suas altas taxas de gordura; seja na diminuição da atividade física, não somente pela “falta de tempo”, mas, principalmente, na modernização dos serviços, fazendo o homem se deslocar menos; seja no stress a que estamos submetidos, é preciso que alguma coisa seja feita para que o homem possa usufruir a modernidade, sem comprometer sua saúde. Além do mais, como a estimativa de vida aumentou muito, sendo hoje em torno de 73,1 anos, para os homens e entre as mulheres para 79,7 anos, de acordo com o censo de 2022 do IBGE, quanto mais zelarmos pela nossa saúde, maiores serão as chances de uma boa qualidade de vida na terceira idade.
Uma programação que inclua atividade física diária, alimentação saudável e uma atenuação do stress, certamente levará a uma perda de peso, a uma diminuição da cintura abdominal e uma melhora na expectativa do tempo de vida, com diminuição dos riscos cardiovasculares e prevenção do diabetes, assim como uma estabilização da pressão arterial. Além do mais, com o avanço da medicina e da farmacologia com o lançamento de medicamentos como o Ozempic, o Vegovy e, mais recentemente, o Mounjaro, o combate à obesidade ganhou novas armas para o seu tratamento. Aliás, o Mounjaro é mais completo, pois ao antagonista do GLPI, se associa o antagonista do GIP; esses dois antagonistas têm entre outras funções no estômago, de retardar o esvaziamento gástrico (GLP-1) e diminuir a secreção de ácido gástrico (GPI), promovendo uma sensação de plenitude. No sistema nervoso central ambos controlam a saciedade.
São medidas cuja execução pode significar um aumento brutal na nossa qualidade de vida, e tudo isso é possível, desde que se tenha conhecimento do problema e vontade de equacioná-lo. Portanto, se você está acima do peso, procure o endocrinologista, o especialista mais capacitado para cuidar dos obesos e mexa-se.

Max Wolosker
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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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