Dez anos de “Laudato Si”: a urgente atualidade dos apelos pelo cuidado da casa comum

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terça-feira, 27 de maio de 2025

Há uma década o Papa Francisco presenteava o mundo com a carta encíclica Laudato Si’, um documento que se tornou referência moral, espiritual e ambiental para líderes, instituições e cidadãos preocupados com o futuro do planeta. Promulgada em 24 de maio de 2015, a Encíclica permanece atual e necessária, como afirma o arcebispo de Belo Horizonte-MG, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, em recente artigo que reforça a urgência dos apelos lançados pelo pontífice.

Intitulada “Sobre o cuidado da casa comum”Laudato Si’ é uma exortação ao compromisso ético e coletivo com a ecologia integral – um conceito que transcende a visão ambientalista tradicional ao conectar questões ambientais, sociais, econômicas e espirituais. “Apesar de promessas e acordos, ainda prevalece o interesse por lucros egoístas”, alerta Dom Walmor, destacando a resistência de governos e setores econômicos em adotar mudanças profundas nos modelos de produção e consumo.

Segundo o arcebispo, a encíclica se manteve viva nesses dez anos por insistir na conversão ecológica e na responsabilidade cidadã. “O cuidado com a criação deve ser uma atuação de cada pessoa e todas as instituições. É também uma interpelação à prática da fé”, reforça. Para ele, a negação da crise ecológica por parte de grupos poderosos é acompanhada por uma confiança cega nas soluções meramente técnicas, desconsiderando as dimensões éticas e espirituais do problema.

Entre os desafios apontados está a necessidade de um longo e contínuo processo educativo, ainda travado por interesses corporativos e visões limitadas. Dom Walmor cita, como exemplo, o projeto Junho Verde, iniciativa de motivação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que enfrenta dificuldades para ganhar força apesar de seu potencial transformador. O objetivo da campanha é mobilizar a sociedade para repensar estilos de vida e práticas econômicas em consonância com os valores da Laudato Si’.

O arcebispo também critica a incoerência de muitos cristãos que, embora celebrem a beleza da criação divina, não repudiam práticas destrutivas como o extrativismo predatório. “A omissão diante da urgência ambiental ameaça o bem comum e nos afasta do desenvolvimento humano sustentável”, afirma. Para ele, a ecologia integral propõe uma nova lógica de vida e de organização social que corrige desigualdades, discriminações e exclusões.

A mensagem da encíclica, segundo Dom Walmor, não se limita a uma convocação ambiental, mas representa um chamado à fraternidade universal. “O meio ambiente é um bem coletivo, responsabilidade de todos, e a propriedade privada deve cumprir sua função social”, relembra, ecoando os princípios sociais da Igreja.

Ao celebrar os dez anos da Laudato Si’, o arcebispo propõe um novo ciclo de reflexão e ação, com foco na educação ambiental e na formação de consciências críticas. “Só assim poderemos trilhar um caminho mais sustentável, justo e solidário”, conclui.

Fonte CNBB

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