Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Com licença, vou falar da minha cidade

Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
Nova Friburgo vai fazer aniversário, e quem vive aqui sabe: essa cidade tem um jeitinho só dela. Um pouco suíça, um pouco carioca do interior, com serra, frio e coração quente. O calendário marca o dia 16 de maio, mas todo dia parece festa por aqui – até mais do que deveria. Festa com barraquinha, cerveja, morango com chocolate e conversa boa na calçada.
De manhã cedo, a cidade acorda com preguiça. O sol espia por entre os morros e vai iluminando devagar os telhados molhados pelo sereno. O pão chega quentinho na padaria, o jornaleiro já conhece os fregueses pelo nome, e a vida começa sem pressa. É um ritmo que combina com a alma da cidade: tranquila, mas cheia de história.
Tem o senhor da bomboniere que já viu Friburgo mudar de cara umas dez vezes, mas continua pesando doces na balança de cobre. Tem a costureira que borda sonhos enquanto ouve o rádio. Tem a criançada que corre no coreto da praça, como se cada tarde fosse uma eternidade. E tem o cheiro do fogão a lenha escapando das janelas, como convite.
Friburgo é dessas cidades que parecem tiradas de livro antigo, mas cheias de vida moderna. Tem fábrica de lingerie, faculdade que forma gente do país todo, polo de inovação e tecnologia. Mas também tem cavalo passando na rua, feira com cheiro de taioba e banca onde o ramo de cheiro-verde vira troco. Tem restaurante chique no centro e boteco com torresmo e cerveja litrão na esquina. E ninguém acha estranho — porque aqui tudo convive em paz.
É uma cidade com vocação para o acolhimento. Quem chega, fica. Quem vai, sente saudade. A serra abraça, o clima aconchega e o povo recebe com sorriso no rosto. Friburgo parece que foi feita pra gente gostar. E quanto mais a gente anda por ela, mais difícil é não se apaixonar.
Quando chove, a neblina desce como um cobertor sobre as montanhas. Parece que a cidade se recolhe, faz silêncio e convida para comer um morango e um chocolate quente. E quando faz sol, a luz se espalha pelos casarões antigos, pelas hortênsias azuis e pelos trilhos da Maria-Fumaça que só vive na memória.
Friburgo também é gente que batalha. Que enfrentou enchente, pandemia, crise econômica — e seguiu em frente. Com um passo de cada vez, mas sempre em frente. Tem orgulho de sua origem, de sua diversidade e da força que mora nas suas ruas, das mais calmas às mais movimentadas.
Cada bairro de Friburgo tem seu jeito, seu sotaque e sua graça. O Cascatinha acorda com canto de passarinho, o Centro ferve com o vai e vem das lojas, e o Cônego tem cheiro de padaria e fim de tarde preguiçoso. Em Olaria, tudo parece mais apressado, mas o abraço é o mesmo. Já em Lumiar, a vida é poesia em estrada de chão e banho de rio.
No Centro, a vida pulsa entre o calçadão e os prédios antigos, onde o passado e o presente dividem a mesma calçada. Tem loja, tem banco, tem encontro marcado na Praça do Viagra. O relógio da matriz marca o tempo da cidade — e quem vive aqui sabe que para uns ele corre, para outros caminha. É o coração que bate no ritmo de Friburgo.
Conselheiro Paulino é cidade dentro da cidade. Tem comércio forte, gente trabalhadora e uma energia que não se cansa. Ali, Friburgo mostra sua cara popular, seu calor humano, seu corre do dia a dia. No Caledônia, a vista da serra parece um quadro pendurado no céu. E em São Pedro, o sossego reina entre varandas e quintais.
Em Amparo, a tradição se senta à mesa com a comida boa do interior e as histórias contadas no portão. Campo do Coelho tem brisa gelada, estrada de curvas e morador que conhece cada nuvem do céu. Em Riograndina, a cidade se faz mais simples, mas não menos viva.
É impossível falar da cidade sem lembrar das culturas que se misturam. Do alemão ao italiano, do português ao indígena, do suíço aos povos africanos, cada canto tem uma história. Cada bairro tem uma alma. E cada morador carrega um pedacinho dessa Nova Friburgo no coração — às vezes sem nem perceber.
No aniversário da cidade, a gente não precisa de fogos nem banda. Basta olhar ao redor: o friozinho gostoso da manhã, os conhecidos pela rua, o som do sino da igreja, a beleza da serra. Tudo isso já é celebração – menos o trânsito de Conselheiro, é claro. E é por isso que Friburgo é especial: porque o seu encanto e bom humor está nas coisas simples.
Então, parabéns, Nova Friburgo. Que você siga sendo essa cidade que acolhe, encanta e inspira. Que continue com seu cheiro de mato, sua alma de interior e seu coração do tamanho do mundo. E que a gente nunca se esqueça da sorte que é poder te chamar de lar. Um até logo, para cidade que tanto amo.

Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário