Quando li essa frase — “Sem perceber a gente torce pra vida acabar” —, numa rede social, parei nela, li, reli e segui o texto que a completava:
“A gente não vê a hora de sair do trabalho / Não vê a hora que a semana acabe / Que as férias cheguem / Que o ano novo comece…/ A gente não percebe / mas a gente está querendo se despedir do agora. / Só pensando no alívio de amanhã / esquecendo que a vida também está passando. / O agora é tudo que temos. / Então, fica mais um pouco aqui. / Olhe ao redor. / Fica. / A vida é agora. / Não tenha pressa / Fica mais um pouco / Só mais um pouco."
Fiquei refletindo sobre o tempo, a vida, a pressa, essa coisa de TER que dar conta. Ai, que canseira! Me fez pensar que quanto mais pressa tivermos, seja no que for, para o que for, mais rápido também passaremos. Essa ânsia pelo que virá, pelo que queremos que venha logo, não deve, não pode ser o combustível que nos leva pelo caminho da vida. A cada um de nós, cabe nossa própria e intransferível jornada, fazer escolhas, de preferência, com serenidade. Serenidade, o que é isso, mesmo?
O que essa necessidade de urgência significa? Por que precisamos correr tanto? Para a psicanalista e especialista em comportamento, Fabiana Guntovitch, a ansiedade é uma reação natural a todos nós em alguma medida e reflete o ritmo acelerado e os desafios da vida moderna. Mas…
“A ansiedade, apesar de estar normalizada na nossa sociedade, pode impactar negativamente na capacidade de reflexão, interação, decisão e relacionamentos, em todas as áreas da vida. A ansiedade está diretamente relacionada à gestão das emoções e à forma como significamos a vida, os outros e a nos mesmos”, diz.
Ao longo do tempo, os campos da psiquiatria e da psicologia têm se esforçado para entender por que, por exemplo, alguns jovens desenvolvem transtornos mentais enquanto outros não. Recentemente, a percepção crescente de que mais e mais crianças e adolescentes estão enfrentando problemas de saúde mental trouxe esse tema ao centro do debate público.
Em seu mais recente livro, “A Geração Ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais” (Cia. das Letras), o psicólogo social Jonathan Haidt, baseando-se no modelo tecnológico das gerações, foca na chamada geração Z, o primeiro grupo de indivíduos a atravessar a puberdade com acesso a smartphones e mídias sociais.
Esse é o assunto — complexo e que ainda carece de muito estudo — desta edição. Diante da longa jornada que temos pela frente, talvez seja um bom momento para refletir sobre o que estamos fazendo de nossas vidas e o que se passa ao nosso redor. Conosco e, principalmente, com nossas crianças e adolescentes.
Um bom fim de semana a todos e até o próximo sábado!
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