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A federação está contente, um dos seus escolhidos é o campeão
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Com o título ganho no último sábado, 2, o Fluminense tirou o sonho do Flamengo de se tornar tetra campeão do Estado do Rio de Janeiro. Com os títulos de 1932, 1933, 1934 e 1935 esta primazia pertence ao Botafogo, o que vai continuar assim, por muito tempo mais. Nos dias de hoje é muito difícil um clube se manter no topo, por quatro anos seguidos, em campeonatos tão competitivos como os de hoje. O Fluminense tem também um tetracampeonato, em 1906, 1907, 1908 e 1909, mas da época do amadorismo, no Estado.
Que o Fluminense tem méritos, ninguém duvida, mas as cartas já estavam marcadas desde o início do certame, para que Flamengo e Fluminense fossem os finalistas. Afinal das contas, o futebol de hoje em dia é feito de números e sendo a final um Fla X Flu, a percentagem que entraria nos cofres da federação estaria garantida. Mesmo que o campeonato seja deficitário, os dois jogos das finais compensariam os prejuízos ao longo da competição, se é que os cartolas da entidade máxima do futebol do Rio de Janeiro tenham prejuízo. É a mesma situação de quando uma firma entra em falência, pois quem vai falir é a firma, jamais o dono ou donos.
É claro que o tricolor mereceu esse título, pois dos 32 pontos disputados na Taça Guanabara, o tricolor das Laranjeiras conquistou 28, dois a mais que seu rival Flamengo, com 26. No turno final, dos 12 pontos em disputa, ganhou nove ficando à frente do vice por três pontos. Por falar em vice, o rubro negro da Gávea está se especializando em chegar em segundo lugar. De dezembro do ano passado até o último fim de semana, foram cinco vices campeonatos, a saber em 2021 vice da Libertadores e do Brasileirão, em 2022 vice da Super Copa, da Taça Guanabara e do Carioca. Na atualidade, tem mais vices do que seu rival Vasco da Gama.
O que entristece e torna o campeonato do Rio de Janeiro ridículo e sem credibilidade é que muitos jogos são “arranjados” nos bastidores, fazendo com que o público se afaste da maioria deles, todos deficitários. Só os clássicos, em função da rivalidade presente, escapam do vermelho. Os jogos entre os times pequenos, verdadeiros participantes e, nada mais, são acompanhados por menos de 200 “testemunhas”. São times montados para disputar o campeonato do estado e garantir os votos para que os dirigentes da federação se perpetuem no poder. Num tempo já distante os clubes grandes, que detêm o maior número de campeonatos, o Flamengo levantou a taça por 37 vezes, o Fluminense por 32, Vasco da Gama foi campeão em 24 ocasiões e o Botafogo em 21 tinham um percentual no total de votos na entidade máxima, do futebol do Rio.
Como eram eles que mandavam, espertamente, um dirigente o famoso Caixa D´água (Eduardo Viana), em 2006 mudou as regras e a atual, regida pela Lei Pelé, determina que a diferença entre os pesos dos votos dentro das federações não tenha uma proporção maior que seis para um. Na Ferj, por exemplo, a divisão é a seguinte: seis votos para times de série A, quatro para times de série B, dois para times de série C e um para os demais times amadores e ligas. Ou seja, o poder dos grandes foi diluído e até times amadores e ligas, muitas vezes fantasmas, influem na eleição do dirigente máximo da entidade. E haja promessas por debaixo dos panos.
Em São Paulo, onde impera um profissionalismo mais arejado, o nível do campeonato paulista é muito maior, os times do interior são melhor estruturados e mais fortes e cumprem de maneira mais atuante o papel de formar jogadores para os times da capital e o Santos, da cidade de Santos. Para se ter um exemplo, o Guarani de Campinas já foi campeão do Brasileiro e o Bragantino, de Bragança Paulista, atual Red Bull primeiro time a se tornar SAF (Sociedade Anônima Futebol), no Brasil foi vice-campeão da Copa Sul Americana, do ano passado.
Como já disse, nada tira os méritos do Fluminense, campeão do Estado do Rio de Janeiro, versão 2022; não é um plantel milionário como o do Flamengo, mas muito bem treinado pelo experiente Abel Braga, curiosamente o técnico campeão do último título estadual do pó de arroz, em 2012, quando, também, levantou a taça do Brasileiro.
Parabéns ao Fluminense e que ao longo dos próximos 12 meses, lute para uma melhoria acentuada do combalido futebol do Estado do Rio de Janeiro.
Max Wolosker
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