O Dia Internacional da Enfermagem — também conhecido como Dia do Mundial do Enfermeiro —, é comemorado anualmente em 12 de maio, quando se homenageia a classe de trabalhadores dedicada a cuidar da saúde da população.
A função desses profissionais é essencial para garantir a recuperação e salvamento de vidas em perigo, seja nos hospitais ou demais instituições, que necessitam da assistência contínua de cuidados médicos.
Essa data é celebrada mundialmente desde 1965, embora oficialmente, só tenha sido decretada em 1974, a partir da decisão do Conselho Internacional de Enfermeiros. A escolha do dia 12 de maio se baseou na data de nascimento de Florence Nightingale, considerada a "mãe" da enfermagem moderna.
De nacionalidade britânica, aos 17 anos ela decidiu ser enfermeira. Anos depois, quando o Reino Unido entrou na guerra da Crimeia, entre 1853 e 1856, ela foi para o campo de batalha para cuidar dos feridos. E em 1860, Nightingale fundou a primeira Escola de Enfermagem secular do mundo, na Inglaterra.
A enfermagem no Brasil passou a ser uma data comemorativa em 1938. Mas, por aqui ela é celebrada como a Semana da Enfermagem, de 12 a 20 de maio, comemorando também o Dia do Auxiliar e Técnico de Enfermagem.
Por dentro de uma UTI
Enfermeira em UTI de Covid-19, Marina Z. conta: “A situação que vivemos é deprimente, não tem outra forma de falar. Às vezes o plantão acaba e não dá vontade de voltar no dia seguinte”, desabafa, acrescentando que a cidade onde nasceu, vive e trabalha, se encontra em uma situação jamais imaginada, com hospitais públicos e privados lotados.
“É urgência o tempo todo. Todo dia é um desafio diferente, um volume absurdo de mortos. A cada plantão, nos perguntamos: ‘Meu Deus, o que nos espera hoje?'. Os leitos nunca ficam vagos. Constantemente, no espaço de uma hora perdermos um paciente e já temos outro para ocupar o lugar. Agora, temos pacientes mais jovens, em sua maioria, em estado grave. E cada segundo pode fazer a diferença entre viver ou morrer”, comentou.
Experiente, ela agradece a Deus por ter sido bem treinada e se sentir preparada para o desafio que é trabalhar numa UTI, em plena pandemia. Mas.. “o mais triste é ver as enfermarias lotadas. É o que está me destruindo por dentro, essa sensação de ter que escolher quem vai subir para a unidade de tratamento intensivo, de não poder ajudar todo mundo. Nunca vimos nada parecido, o consumo de oxigênio impressiona. Por enquanto, ainda temos estoque, mas sei que, nas cidades do interior, já está faltando. Não esperávamos chegar a esse ponto. Achei que depois de 2020, estaríamos menos sobrecarregados. Mas, não, parece que voltamos à estaca zero”.
Emocionalmente abalada e fisicamente exaurida, ela diz que está passando pela fase mais pesada de sua vida. “Vemos amigos morrendo, colegas tratando de colegas infectados, e outros tantos internados juntos com familiares na mesma UTI. O pior é o sentimento de fazer tudo o que podemos e, mesmo assim, não ser suficiente para salvar a vida de tanta gente.
Me sinto exausta o tempo todo, e quando chego em casa, desabo e choro. Já pensei em largar o emprego, mas sinto e sei que as pessoas precisam de mim, e isso é o que me motiva. Também tenho a sorte de integrar uma equipe de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, de alto nível profissional e de amor ao próximo.
Estamos todos frustrados também. Não tem mais desculpa para não entender o que está acontecendo, não tem como negar a realidade. Eu saio do plantão depois de ter perdido seis pacientes de uma só vez e vejo as pessoas no barzinho... Ou tenho que ouvir que estou exagerando, que é 'terrorismo'. Como assim?”.
Para encerrar, ela explica que o procedimento ‘pronar’ é a técnica que consiste em virar o paciente de barriga para baixo para melhorar a oxigenação, inclusive grávidas. “Nunca fazemos isso com pacientes nesse estado, mas fomos obrigados para tentar manter a oxigenação de duas mães, uma de 25 e outra de 28 anos. Aquilo me tocou profundamente. Tenho colegas que haviam voltado de licença-maternidade há pouco tempo e também se emocionaram. A que ponto chegamos?”.
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