No último dia 3 de outubro uma destacada personagem do cenário atual da agroecologia, Ana Maria Primavesi completaria 100 anos e nesta data o Brasil celebra o Dia Nacional da Agroecologia em honra à saudosa e renomada pesquisadora da atividade macro e microbiológica do solo, que faleceu em janeiro deste ano. O artigo “A vida do solo”, publicado em A VOZ DA SERRA no último dia 13 de junho, enaltecendo o importante trabalho de Ana Primavesi, foi incluído no site oficial da pesquisadora (www.anamariaprimavesi.com.br) e o Jornal ganhou destaque junto a outros veículos da grande imprensa nacional.
Recentemente, a geógrafa Virgínia Knabben lançou uma primorosa biografia sobre a vida da “mãe da agroecologia”, trazendo na leitura vivências com a agrônoma nos últimos dez anos, além de diários da pesquisadora nos tempos em que vivenciou a II Guerra Mundial na Áustria e outros países da Europa, na luta para estudar e trabalhar com a temática dos solos na academia, em uma época onde a mulher não era vista como protagonista de seus experimentos e pesquisas. Capítulos intitulados como “O Germinar”, “Raízes”, “Espinhos”, “Florada”, “Frutos”, “Rebrota”, “Sementes” e “Disseminar”, transfiguram a história de Ana Primavesi de forma tão simbólica e única, que seu amigo Fernando Ataliba, do sítio Catavento, criou o termo “Manejo Primavesi”, que valoriza e coloca a agricultura de forma artesanal, humana, respeitosa e pessoal.
Neste sentido, datas importantes permeiam o mês de dezembro, como o último dia 3, quando se comemora o Dia Internacional da Luta contra os Agrotóxicos, onde neste mesmo dia, em 1984, um grande grupo de pessoas morreu e outro foi altamente intoxicado devido um vazamento em um tanque subterrâneo de uma fábrica de agrotóxicos na cidade de Bhopal, na Índia.
Já no dia 5 foi instituído pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Dia Mundial do Solo, que neste ano teve como tema “Mantenha o solo vivo, proteja a biodiversidade do solo”, aspecto este que Ana Primavesi tanto trouxe notoriedade para o modelo atual relacionado às agriculturas de base ecológica.
Na última sexta-feira, 11, comemorou-se o Dia Internacional das Montanhas, instituído em 2003 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A Embrapa, em parceria com a Aliança para as Montanhas, organizou um evento que trabalha a temática do Desenvolvimento Sustentável em Ambientes de Montanha, de maneira a socializar e divulgar ações neste âmbito no Brasil e no mundo.
Diante das recentes chuvas, que trouxeram a triste memória da tragédia de 2011 à população friburguense e considerando que Nova Friburgo está localizada em um ambiente de relevo montanhoso, sob a predominância de cambissolo háplico e latossolo amarelo, solos esses que possuem uma baixa fertilidade química natural e estão sob condições de relevo acidentados, observa-se a necessidade urgente de medidas legais, administrativas e políticas públicas direcionadas para o uso e ocupação do solo em ambientes de montanha, no sentido de que este manejo se torne, assim, cada vez mais, “primavesista”.
*Maria Clara Estoducto Pinto é bióloga, professora de Técnicas Agrícolas do CEFFA Flores e mestranda em Agricultura Orgânica pela UFRRJ
Deixe o seu comentário