Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Vai vendo
Para pensar:
"A primeira igualdade é a justiça.”
Victor Hugo
Para refletir:
“Não há ordem sem justiça.”
Albert Camus
Vai vendo
Ao tratar daquele que foi certamente o personagem mais controverso da atual gestão municipal, o ex-secretário de Governo e da Casa Civil, Bruno Villas Bôas, a coluna da última sexta-feira, 25, naturalmente repercutiu bastante.
Logo pela manhã as informações já estavam sendo reproduzidas em várias, páginas de notícias, grupos e sites e, de alguma forma que o jornalismo não explica, começou a agregar declarações fantasiosas como a de que um dos dois carros apreendidos pela Polícia Federal seria, vejam só, uma Lamborghini.
Bombardeio
Teria sido fácil fazer uma consulta para observar que, na verdade, se tratavam de um Jeep Compass e de uma Chevrolet S10.
O episódio ilustra bem o quanto estamos sujeitos atualmente ao bombardeio e à influência de informações inverídicas, e o quanto a população precisa escolher bem suas fontes, caso deseje formar opinião com bases reais.
Tanto mais em meio a uma corrida eleitoral tão curta e congestionada.
Para que inventar?
E é curioso que alegações falsas brotem justamente onde existiria um monte de informações verdadeiras a serem acrescentadas.
Alguém poderia ter lembrado, por exemplo, do episódio em que Ângelo Jaquel, que fez excelente trabalho à frente da Secretaria de Infraestrutura e Logística, foi repreendido publicamente - vejam só! - por ter salvado parte de um processo licitatório e, com isso, preservado o erário de dano ainda maior.
Na linha do trem
Ou então que se não tivesse pedido exoneração em 2018, sob a alegação de ter recebido convite da iniciativa privada, Villas Bôas teria sido alvo do procurador-geral da época, Sávio Rodrigues, o qual já havia inclusive manifestado por entrevista a este jornal, logo depois de assinados os Termos de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público Federal e do Trabalho, que a revisão de inúmeros contratos dos gestores municipais exigido pelos TAC´s seria iniciado justamente pela Ata de Duque de Caxias que - oh surpresa! - jamais havia passado pela análise da Procuradoria do Município.
Piuíiii
Sem esquecer, é claro, que o procurador-geral à época também teve a postura elogiável de cancelar o PL 430/18, episódio em que ficou publicamente constatado que o ex-secretário de Governo também havia contornado o PGM em esforço para ver aprovada pela Câmara a prorrogação do improrrogável contrato do município com a empresa de ônibus Faol.
Ou seja: se não tivesse pedido para sair, ia sair de qualquer jeito.
Esterilizando
E já que estamos falando sobre controvérsias, eis que a semana começou com mais um desdobramento de operação legislativa “Mãos de Sangue”, protocolada no fim de 2017.
Após três anos de investigações o Ministério Público Federal (MPF) denunciou as ex-secretárias municipais de Saúde, Suzane Oliveira de Menezes e Michelle Silvares Duarte de Oliveira por fraude na contratação emergencial da Bioxxi Serviços de Esterilização Ltda para prestação de serviços no Hospital Maternidade Dr. Mario Dutra de Castro e no Hospital Municipal Raul Sertã, como detalha reportagem na página 3 desta edição.
Questão de tempo
Também foram denunciados Paulo Eduardo de Souza, ex-servidor da SMS, Marcus Vinícius Negri Pereira, diretor médico da Bioxxi, e Diego Guimarães da Silva Pinto, sócio-administrador da empresa.
Cá entre nós, era apenas uma questão de tempo para isso acontecer, como também é questão de tempo para que surjam desdobramentos de muitas outras linhas de investigação a respeito de procedimentos extremamente questionáveis ocorridos durante o mandato atual.
Escandaloso
Esse episódio da esterilização foi escandaloso sob todos os aspectos, em especial quando a Secretaria de Saúde determinou a continuidade da realização de cirurgias eletivas mesmo quando já estava evidente que a esterilização estava sendo muito deficiente, e ainda orientou pacientes a processarem médicos que se recusassem a operar.
A coluna jamais vai esquecer disso, porque no dia anterior, antes de publicar qualquer palavra sobre o tema, telefonou para a prefeitura e comunicou a situação, disposta a não publicar nada caso medidas fossem tomadas.
Direcionamento
Os denunciados vão responder pelos crimes de dispensa ilegal de licitação e peculato.
“O que aparentava ser uma providência administrativa formalmente legítima para evitar o fechamento das três salas de cirurgia do HMRS, encobria, entretanto, prévio acerto criminoso entre os agentes públicos e os particulares denunciados para conceder à empresa Bioxxi Ltda contratos de serviço de esterilização das unidades hospitalares da SMS”, relata na denúncia o procurador da República João Felipe Villa do Miu.
Sem surpresa
Com autorização da Justiça Federal, a quebra de sigilo dos e-mails revelou que, antes mesmo da interdição da CME do Hospital Raul Sertã, os denunciados deram início às tratativas para a contratação da Bioxxi, comprovando o conluio entre os agentes públicos e os representantes da empresa contratada por dispensa de licitação.
A Bioxxi foi a única a apresentar proposta, iniciando as tratativas em data anterior à instauração do procedimento administrativo para a contratação, e as investigações revelaram que Suzane, Michelle e Paulo dolosamente dificultaram a apresentação de uma segunda proposta pela empresa Oxetil. Também não foi realizada ampla pesquisa de mercado para a contratação do serviço.
Até o fim
Não custa lembrar, no entanto, que o valor de seis meses do serviço contratado - e que nem ao menos era prestado devidamente, sendo fartos os registros de material devolvido sujo de sangue - custaria mais de 20 vezes o valor que se revelou necessário para recuperar a CME…
Ainda hoje este colunista ainda fica indignado com tudo o que viu naqueles dias, e por isso parabeniza ao Ministério Público Federal por mais esta ação.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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