Volta do Carioca não gera receita para o Frizão, que aguarda definição sobre base

Livre do rebaixamento, clube tenta ser criativo para amenizar problemas financeiros
segunda-feira, 29 de junho de 2020
por Vinicius Gastin
Competições de base do Friburguense correm o risco de serem canceladas este ano
Competições de base do Friburguense correm o risco de serem canceladas este ano

      O retorno do Campeonato Carioca, direta e indiretamente, volta a movimentar o cenário econômico que envolve o contexto da competição. Os clubes envolvidos na disputa devem receber a última parte das cotas de televisão, pagas pela emissora que detém os direitos de transmissão do Estadual. Se para essas equipes, em especial as de menor investimento, o recurso pode representar um alívio, para o Friburguense o cenário pouco de modifica.

        De acordo com o gerente de futebol José Siqueira, o Siqueirinha, o Tricolor da Serra já recebeu toda a parte que lhe seria destinada. O montante, inclusive, foi bem menor ao previsto inicialmente, por conta da falta de acordo entre o Flamengo e a Rede Globo. O fato de se livrar das possibilidades de rebaixamento para a Série B1, ao vencer o Grupo X, já representa um alívio, mas não muda muito o atual panorama de dificuldades financeiras vivido pelo clube.

        “O Friburguense não tem mais nenhuma cota. Foi um campeonato muito difícil, mas logicamente nós temos que agradecer por ter voltado para a primeira divisão, mesmo sendo numa Seletiva. Eliminamos uma Série B1 com uma quantidade grande de meses, gastos e jogos, e fomos para uma fase que nos aproxima do grupo dos 12. Na Seletiva nós teríamos R$ 700 mil, mas como não houve acordo entre Flamengo e Globo, recebemos R$ 280 mil. Aí já ficou um valor em aberto dentro do planejamento”, explica Siqueira.

        O dirigente também revela que, com a manutenção na Seletiva de 2021 assegurada, o Friburguense projetava conseguir, junto à Federação, uma espécie de adiantamento da cota que terá direito na próxima temporada para amenizar o atual quadro. Contudo, após a pandemia, paralisação e demais situações que envolvem o Carioca de 2020, essa possibilidade foi descartada.

        “Veio a Seletiva e já não tínhamos mais nenhum valor a receber. O que havia era uma possibilidade de empréstimo, uma vez que ganhamos o Grupo X e garantimos a permanência nessa primeira fase da Série A. Existia essa chance de, assim que saísse essa última cota, a Federação emprestar um valor para a gente quitar salários, mas infelizmente não aconteceu”, completou o gerente de futebol do tricolor.

        Ainda com vários contratos em vigor e compromissos financeiros junto a jogadores e demais funcionários, o Friburguense tenta usar a criatividade – como é rotina nos últimos anos – para fechar as contas de alguma forma. O fato de não contar com mais nenhuma competição profissional é mais um desafio na busca por novas receitas, que no momento, foram reduzidas a zero.

        “Sem Copa Rio e nenhuma atividade profissional até o ano que vem, teremos uma engrenagem com receita zero. Essa vai ser a nossa maior dificuldade para enfrentar em todos esses anos. Eu sei que não está relacionado só ao Friburguense, mas a todas as outras atividades diante dessa pandemia”, destaca Siqueira.

Expectativa pela base

        Em meio a tantos desafios, o Tricolor da Serra ainda aguarda pelas definições quanto aos campeonatos de base. O clube disputaria todas as competições a nível estadual, do Sub-11 ao Sub-20, mas ainda não garantia sobre a promoção desses eventos. Siqueirinha, inclusive, não mostra otimismo a respeito do assunto.

        “A divisão de base ainda não foi discutida. A única competição que já se iniciou foi o Sub-20, na qual se fez uma primeira rodada antes da paralisação. Essa eu acho que pode ser retomada dentro de uma segurança. Mas aqueles campeonatos que envolvem menores de idade, eu acho que dificilmente irão acontecer. O Friburguense é forte nesse trabalho, tem como base a socialização, a formação de atletas e cria várias oportunidades. Temos que aguardar o aval da Ferj junto às autoridades responsáveis pelo trato da pandemia”, argumenta.

        A nível de Brasil, as federações estaduais não têm nenhuma ideia de quando será possível voltar a organizar competições de base. Algumas já praticamente desistiram de 2020. A situação deixa clubes e atletas em situação incerta. No Rio, a Ferj suspendeu as competições no dia 24 de março, mas ressalta que tem interesse na realização das atividades, desde que com responsabilidade sanitária. A entidade afirma ainda que avalia o calendário para readequação.

        Entre os grandes clubes do Estado, o Botafogo deu férias para as categorias de base no mês de abril, não dispensou jogadores, nem funcionários – e nem cortou salários. No Flamengo, todas as categorias cumprem uma programação de treinos em casa. O departamento de base foi um dos mais afetados com as 62 demissões no final de março. Os funcionários que recebem acima de R$ 4 mil tiveram 25% de corte nos salários (e na jornada).

        No caso do Fluminense, os jogadores alojados no CT voltaram para casa, e o clube criou uma programação de treinos a distância. Não houve corte de investimento ou de pessoas das categorias de base. No Vasco, os atletas de 7 a 20 anos estão trabalhando em casa e recebendo material diariamente. O cruzmaltino demitiu alguns funcionários das categorias de base, mas os cortes não afetaram os atletas.

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TAGS: futebol