Ao longo das últimas décadas, o Friburguense sempre se notabilizou e foi reconhecido, inclusive a nível nacional, por manter uma base formada por jogadores que criaram raízes no clube. Os exemplos mais clássicos são o lateral Sérgio Gomes, o zagueiro Cadão, o volante Bidu e o atacante Ziquinha, todos eles com mais de duas décadas defendendo a camisa tricolor. Essas raízes tornaram-se tão sólidas que, mesmo após a aposentadoria dos gramados, elas passam a render frutos em funções extracampo.
Almir Fonseca, o Mimi, talvez tenha “puxado essa fila” considerando o profissionalismo – há outros casos anteriores, como por exemplo, o de Carlos Alberto Nideck, que já ocupou praticamente todas as funções no clube, desde jogador a presidente. Mimi atuou no futebol amador do clube, pegou o início do profissionalismo e dirigiu praticamente todas as categorias da base tricolor, até chegar ao profissional.
Eduardo, Merica, Anderson Alves, Zé Romário e Adriano são outros exemplos de atletas que, mais tarde, passaram a compor o quadro de comissões técnicas montadas pelo Frizão. Nos anos finais de carreira, Ziquinha e Bidu podem ser os próximos a integrarem esse time (ambos já ajudam a desenvolver o trabalho nas escolas de campo do Friburguense). A VOZ DA SERRA relembra um pouco da carreira de alguns desses personagens.
Eduardo
Jorge Eduardo Gomes de Souza, ex-lateral-esquerdo da Seleção Brasileira, começou a carreira em 1982. A necessidade fez o então ponta-esquerda se transformar em lateral-esquerdo. Na base tricolor, conquistou o Carioca no juvenil, disputou três Copas São Paulo de Futebol Júnior e em 1985 passou a fazer parte do elenco principal.
No ano seguinte, assinou o primeiro contrato profissional com o clube. O lateral permaneceu no Rio até 1989, período no qual acumulou passagens pela Seleção Brasileira - em 1987, conquistou o Pré-Olímpico e passou a ser convocado com frequência para o time principal.
No fim da década de 1980, Eduardo foi vendido para o Cruzeiro e conquistou um título mineiro durante as duas temporadas. Retornou ao Rio de Janeiro para defender o Vasco da Gama, onde voltou a comemorar uma conquista estadual.
A fama de boêmio afastou o lateral da Copa do Mundo de 1990 e rendeu inúmeros questionamentos nos clubes onde jogou. Eduardo chegou a desistir do futebol e anunciou a aposentadoria em 1997, mas no ano seguinte, recebeu o convite para o recomeço, feito por Mimi (Almir Fonseca).
O Friburguense, então, montou uma equipe forte para o módulo extra do Carioca daquele ano — e Eduardo foi o grande líder. Anos após a aposentadoria, voltou para Nova Friburgo e, desde então, tem comandado times de base do Tricolor.
Sérgio Gomes
Um dos maiores ídolos da história do Friburguense, Sérgio Gomes foi o jogador que mais vezes vestiu a camisa tricolor, 420 vezes, o último deles contra o Itaboraí, pela semifinal da Copa Rio de 2018. Nascido em Viana, no Espírito Santo, Sérgio Gomes jogou apenas no Vitória-ES antes de ir para o Friburguense no fim de 1998.
Ele se destacou nos dois confrontos entre o Frizão e o time capixaba, pela Série C do Brasileiro. A estreia foi em Conselheiro Galvão, na vitória sobre o Madureira, pelo Estadual de 1999. O primeiro gol veio sete rodadas depois, no empate com o Olaria, na Rua Bariri.
Desde então, saiu do clube uma única vez para defender o Botafogo, mas retornou logo em seguida. Depois, passou por alguns clubes, sempre por empréstimo. Pelo Friburguense, participou das campanhas memoráveis nos estaduais de 1999 e 2004, da conquista do Torneio João Ellis Filho, em 2009, e do retorno à primeira divisão.
Sérgio adotou Nova Friburgo como casa desde 1999. Agora membro da comissão técnica, atua como auxiliar do treinador e amigo pessoal Cadão.
Cadão
Aos 46 anos, o zagueiro Cadão anunciou a aposentadoria depois de 22 anos defendendo o Friburguense. Já formado em educação física, assumiu interinamente o comando do Friburguense e logo foi efetivado. Com apenas dois anos no cargo, conquistou os títulos da Taça Corcovado, do Campeonato Carioca da Série B1 e comandou o clube na campanha de manutenção para a Seletiva Estadual de 2021.
Em campo, Ricardo Jerônimo, o Cadão, esteve presente em 412 jogos, em maioria, vestindo a camisa três e carregando no braço a faixa de capitão. Nascido em Três Rios, teve a primeira experiência como profissional em 1991, ainda no Entrerriense, aos 19 anos. Estreou na elite do futebol carioca em 1993, e dois anos depois, uma nova participação na elite e um empate com o Botafogo, atuando neste jogo como volante.
Em 1996, surgiu a proposta do Friburguense. A estreia foi em 17 de março, pela Segunda Divisão Estadual, numa vitória por 1 a 0 sobre a Portuguesa. O primeiro gol veio em 4 de abril, no empate simples diante do Barra de Macaé. Cadão é também o quarto maior artilheiro da história do clube, com 41 gols, atrás apenas de Ziquinha, Jorge Luiz e Lohan.
Merica
Merica é mais um que reforça o time de jogadores que se transformaram em técnicos, e além das divisões de base, comandou o time profissional. Destaque para a conquista da Copa Rio de 2016, vencida em campo e perdida para a Portuguesa nos tribunais.
A carreira de Merica começou em 1990, quando membros da comissão técnica do Tupi observaram o então garoto em um jogo contra o time de Recreio, sua cidade natal. O passo seguinte na carreira representou a primeira passagem pelo futebol carioca.
Contratado pelo Bangu, ficou no time de Moça Bonita por duas temporadas. Na sequência defendeu o Ypiranga e retornou ao Tupi em 1998.
No ano seguinte, o volante vestiu a camisa do Friburguense. A oportunidade surgiu após um duelo com o Tricolor da Serra pelo Brasileiro da Série C em 1998, vencido pelo Tupi por 3 a 1. Merica marcou um gol e foi o responsável por marcar o meia Eduardo, hoje técnico da equipe infantil. Depois da passagem pelo Tricolor da Serra, Merica jogou profissionalmente por mais três anos.
Anderson Alves
O ex-atacante Anderson Alves também teve as suas experiências como jogador e técnico do Friburguense. Nas passagens pelo Tricolor, participou da campanha do acesso à primeira divisão, em 1994, e do título do Módulo Extra, 1998. Comandou o time de juniores no Campeonato Carioca e chegou a exercer a função de auxiliar técnico de Mimi, antes de assumir o profissional em 2010. Ficou por uma temporada no cargo, e foi substituído por Edson Souza.
Adriano
Adriano Francisco da Silva nasceu em Petrópolis, e começou a carreira no Serrano — principal equipe da cidade natal. No Flamengo, participou da conquista da Taça São Paulo, em 1990 e do título Brasileiro de 1992. No ano seguinte, defendeu o Vitória da Bahia. O técnico Almir Fonseca intermediou a contratação do goleiro, e à época, o objetivo do Friburguense era evitar o rebaixamento.
Fez parte do time de 1998, que representou um marco na história do Friburguense. A partir do acesso, o Tricolor da Serra permaneceu por 14 anos consecutivos na elite carioca.
A história de Adriano no clube teve o título João Ellis Filho em 2009 como auge, e o rebaixamento no ano seguinte como o momento mais difícil. Naquela temporada Adriano perdeu 90% da visão no olho esquerdo por conta de uma bolada sofrida contra o Nova Iguaçu.
O atleta prosseguiu no gol do Friburguense, mas uma dividida com Maicosuel no jogo contra o Botafogo, em 2010, agravou o problema. Ainda assim, a aposentadoria aconteceu antes do desejado: o Friburguense treinava para a Série B de 2011, quando o então preparador Alexandre Martins anunciou que não contava mais com Adriano.
Logo após deixar os gramados, passou a trabalhar como preparador de goleiros do clube. Exerceu a função até 2018.
Zé Romário
O último integrante desse time de ex-jogadores que exerceram funções nas comissões técnicas do clube é o preparador Zé Romário. O ex-goleiro voltou a Nova Friburgo em 2019, e desde então é o responsável por treinar os jogadores da posição na qual atuou em campo. Com passagens pelo clube em 2000, 2004 e 2005, participou de 44 jogos pelo Frizão.
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