O motoboy nosso de cada dia: profissão se destaca durante pandemia

Pedidos de delivery dispararam e motoboys, empresas e clientes relatam os cuidados necessários com a higiene na hora das entregas
quarta-feira, 01 de abril de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Motoboys nas ruas de Friburgo: um dos poucos serviços que não param (Fotos: Henrique Pinheiro)
Motoboys nas ruas de Friburgo: um dos poucos serviços que não param (Fotos: Henrique Pinheiro)

Amados e odiados em todo o Brasil, os motoboys ganharam uma importância extra em meio a essa crise ocasionada pela pandemia mundial do novo coronavírus. Esses profissionais estão sendo ainda mais requisitados devido a necessidade de isolamento social e a paralisação das atividades em diversos setores. E como o atendimento ao público também foi restringido, muitos estabelecimentos estão funcionando apenas com delivery (entrega em domicílio) ou retirada no balcão, o que fez o número de entregas crescer exponencialmente, sobretudo nas últimas duas semanas.

Alvos de muitas críticas no dia a dia, especialmente por conta da maneira agressiva de guiar de alguns poucos profissionais e pelo barulho exagerado daqueles que insistem em utilizar a moto com escapamento aberto – uma minoria, cabe ressaltar -, os motoboys estão sentindo que, finalmente, estão tendo seu valor reconhecido pela sociedade.

“Trabalhamos sob sol, chuva, frio ou calor, mas somos mal tratados por algumas pessoas. Ainda assim fazemos nosso trabalho com muito orgulho. E mesmo diante dessa crise estamos firmes e fortes para atender a todos”, disse Wesley Moura, motoboy autônomo há cinco anos.

Ele explica ainda que muitos motoboys estão conseguindo fazer um dinheirinho extra nesse período já que os pedidos aumentaram bastante. Mesmo assim, muitos estão com medo de trabalhar por causa do risco de contaminação: "É um trabalho perigoso, pois frequentamos locais para comprar os produtos, entregar e não sabemos o que a outra pessoa tem. Vamos tomando nossas precauções e enfrentando o dia a dia. É o nosso trabalho", finalizou.

Bernard Schwartz é proprietário de um restaurante especializado em massas, que tem como um dos principais atrativos o rodízio. Porém, devido as restrições de funcionamento está oferecendo apenas os serviços delivery e retirada no balcão. E para suprir essa demanda, conta com seis motoboys próprios e deu uma série de recomendações a cada um deles.

“Todos receberam um frasco de álcool gel e o refil fica disponível na empresa. Cada vez que a máquina de cartão é utilizada ou pegam em dinheiro, eles são orientados a higienizarem tudo. Pedimos para que mantenham uma distância segura do cliente. E cada um também tem a sua maquina de cartão para evitar que fique passando de mão em mão”, explicou Bernard.

Bons e maus exemplos

Como tudo ainda é muito recente e ainda não há uma espécie de cartilha para orientar os motoboys com relação aos procedimentos corretos a serem adotados nas entregas, cada empresa ou profissional adota as medidas que julgam necessárias. O estudante de jornalismo Thiago Lima relatou à reportagem de A VOZ DA SERRA uma experiência positiva nesse sentido.

“Mesmo pedindo algo por delivery, tenho ainda algum receio. Mas esses dias recebi uma entrega que me surpreendeu positivamente. O motoboy estava com luvas e a máquina do cartão estava higienizada dentro de um zip lock. Eu mesmo inseri o cartão, digitei o valor da compra e a minha senha. São medidas simples, mas que fazem a gente se sentir mais seguro”, relatou o estudante. 

Já o autônomo Guilherme Vieira não teve uma percepção tão boa: “Tenho visto motoboys sem álcool gel e com a máquina de cartão não higienizada. Deveria ter uma campanha oficial que informasse quais os procedimentos necessários para minimizar os riscos de transmissão. Todos precisam estar cientes do que fazer. Os motoboys deveriam usar luvas e higienizar sempre a máquina de cartão, o interior do baú que carrega as entregas e os guidons da moto. E os clientes também deveriam higienizar sempre as mãos e o cartão antes de receber o motoboy”, afirmou Guilherme. 

 

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