A prática de yoga presume o exercício do autoconhecimento físico, mental e espiritual. Ao realizar as diversas posições em uma aula de yoga, treina-se o corpo para ser flexível e forte. Mas o treinamento é muito mais do que isso. Na verdade, treina-se o corpo para ser adaptável.
A adaptabilidade é a maior força que as mulheres têm na vida, se considerarmos que a mulher é praticamente arremessada da infância para maturidade através da menstruação, depois passa pelo milagre da gravidez e do parto, até chegar ao fim da menstruação, que marca outro momento importante, que é a chegada da menopausa. Ao longo da vida a mulher tem que ser flexível e adaptável à medida em que vai assumindo um novo corpo e novos papéis.
A menopausa é descrita como uma espécie de montanha russa, com altos e baixos, de velocidade e duração imprevisíveis. Mas a verdade é que o corpo acaba se ajustando às mudanças nos níveis hormonais e recuperando o equilíbrio.
A melhor coisa que se pode fazer é entrar na menopausa com o máximo de saúde - no corpo, na mente e no espírito. O yoga diminui as oscilações hormonais ao longo da vida, equilibrando as glândulas, atenuando o impacto da chegada da menopausa no futuro. Elas ajudam a regular o sistema endócrino ao aumentar a circulação de sangue na região da cabeça, onde ficam a hipófise e a tireóide. E a meditação, que costuma ser incorporada à prática, prepara a mulher para aceitar as transformações no corpo.
O exercício do autoconhecimento e de expansão da consciência acaba se tornando o maior método de saúde preventiva que se pode imaginar. O corpo feminino precisa de paz, já que muitas vezes realiza uma dupla jornada de trabalho, que é forçado a atender a um padrão estético que privilegia a magreza, que passa por oscilações hormonais, distorção de imagem corporal, que se sente fisicamente vulnerável a violência e que é sexualmente reprimido em nome da tal da reputação.
Como saúde é um bem estar físico, mental, emocional, social e espiritual, a prática do yoga surge como uma estratégia de vivenciar essa saúde integral, já que é fundamental experimentar toda essa aceitação a essas mudanças para se viver plenamente o que elas estão trazendo. Quando a mulher é devidamente estimulada e adere à rotina da vigília sobre si, perde-se essa ideia antiga de declínio da idade e passa-se a viver plenamente cada transformação.
A prática da yoga redireciona, ativa e libera a energia que circula pelo corpo estimulando os centros cerebrais, os nervos e os órgãos, beneficiando o sistema neuromuscular e glandular. O trabalho muscular concentrado nessa área ajuda a melhorar as sensações na hora do sexo. Exercícios como abdominais internos trabalham bem esta região nas mulheres, ajudando a controlar melhor os movimentos vaginais na hora da relação e a aumentar a flexibilidade, além de diminuir a ansiedade.
Quando se trata de sexo, o primeiro ponto importante é que ele começa, e termina, na cabeça, já que o cérebro é responsável por interpretar todos os estímulos físicos, psicológicos e sociais. Quando se associam as duas palavras, yoga e sexo, logo se pensa na flexibilidade e na experimentação de posições exóticas, o que não deixa de ser um ponto relevante, já que a consciência corporal que essa prática proporciona faz com que gradativamente se consiga fazer determinados gestos e movimentos sem o desequilíbrio que uma pessoa não treinada tem.
Além disso, é uma prática que promove a aceitação e limitações do próprio corpo e dá a entender que as diferenças são naturais. Portanto, a pessoa se sente muito mais confiante para aproveitar os momentos sem inibições, o que é essencial para ter prazer. A prática de yoga ainda colabora na concentração dos praticantes. E isso é tudo que muitas mulheres precisam para sentir prazer de verdade, e entender que sua verdadeira força está na sua fragilidade.
* Igor Fonseca é instrutor de yoga.
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