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Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
Finalmente, estamos no oásis do Carnaval, porém, já receosos das saudades que virão desses dias de encantamento e descontração. As quartas de cinzas não se parecem mais com as de antigamente, quando o toque de recolher silenciava os tamborins que só voltariam a ecoar no sábado de aleluia. Atualmente, não temos mais como calar os tambores. Os ritmos que embalam o Brasil levam sempre aos caminhos de uma boa folia, regada por suas tradições regionais. Um país tão imenso, de tantas culturas e heranças históricas, tem, por suas raízes, o samba no pé e a alegria na mente. Como diz o enredo da Sementes do Samba: “A gente nem sente o tempo passar / riscando o chão com felicidade / para dançar, não tem idade...”. E a Unidos da Saudade garante essa empolgação, pois “na Festa pro Divino / o boi gira até de manhã...”.
A Vilage, verdejando a passarela, crê na magia que libera as boas energias: “O amanhã há de trazer um lindo dia / pra iluminar e reluzir na imensidão / os astros em perfeita harmonia / vão vestir a fantasia pra viver a emoção...”. O otimismo segue e nos leva até Maricá com a Alunos do Samba, onde “o cenário é deslumbrante / tão lindo é ver o céu beijar o mar / no litoral um bom lugar pra se viver / curtir e se apaixonar...”. Não importando a crença, a Imperatriz, num “ato de força, coragem e fé, desvenda os mistérios da luz: “descobrir de onde vem a força que me guia / e a mente entender qual credo escolher / quem vai nos defender e amparar...”.
“Mirra, incenso e ouro” enfeitam a passarela, brindando o Reisado, Santos Reis e as Folias do Brasil. É a festa do Unidos do Imperador: “Chama o palhaço pra rimar num verso só! / Com a visita de Gaspar, Baltazar e Belchior / e no som da viola, acordeão, caixa e tambor / salve a Folia de Reis e o Reisado do Imperador...”. Para festejar a natureza, o Bola Branca não mediu esforços para exaltar o Majestoso e soberano Sol: “Oh mãe natureza, /sua beleza em comunhão /quanta riqueza e divindade / linda no inverno e no verão / no amanhecer de um novo dia / sagrada é a luz que ilumina a vida / regendo as quatro estações / aquecendo as multidões ...”.
Eis que surge um “Raio de Luar” invadindo os corações: “É crença, mistérios, saber popular / A cura dos males, Raio de Luar / O milagre se repete nesse Carnaval / a fé que nos move te faz imortal!” . Mas “você tem medo de quê?” – quem pergunta é o Globo de Ouro que, de forma muito criativa, trouxe à luz um questionamento sobre os nossos medos. “Mas para espantar o medo não tem segredo / é só purificar / vem cantar, sambar, sorrir / sem medo de quem possa criticar...”.
Uma festa em que o Rei Momo impera tem que ter também os reis e as rainhas de bateria. Ana Borges, nossa “rainha da informação”, entrevistou as personalidades que têm a responsabilidade de apresentar a bateria na passarela. Além das celebridades citadas nas entrevistas, a inspiração provém muito da própria comunidade, dos ambientes de socialização nas quadras e das famílias envolvidas, principalmente, das mães.
O Carnaval é a apoteose da felicidade. Ele cria memórias afetivas e não há quem não tenha uma foto da infância com aquela fantasia feita em casa, com os recursos mais inusitados. Do antigo cordão de isolamento aos requintes das atuais passarelas, muita coisa mudou. As agremiações passaram a ser verdadeiras fábricas de cultura, oferecendo ao público espetáculos de encenações incríveis. Os enredos contam fatos históricos, difundem questões sociais, abrem alas para a diversidade e para os valores ampliados e atualizados. A nostalgia que reina nos corações saudosos de antigos carnavais, com seus pierrôs, arlequins, colombinas e as céleres marchinhas, é confrontada com os novos modelos dos ritmos do “pagodão baiano”, do funk, do axé e tudo o mais que possa fazer as multidões se juntarem, sem que haja até espaço para sambar. Ninguém deve fazer comparação. Cada carnaval tem suas manhas e suas manhãs das noites mal dormidas, de seus dias quentes, às vezes, chuvosos, porém cheios de confete e serpentina!

Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
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