Quem é sua fonte de amor?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Precisamos de amor. Amor é uma das necessidades básicas do ser humano. Não vou conceituar amor nesse artigo, mas só para lembrar, amor não é controle, não é sentimento, não é sexo, não é uma emoção. O amor é paciente, é bondoso, altruísta, não é egoísta, está sempre com uma postura mental do tipo: como posso ajudar você? O amor não é ciumento, não domina a outra pessoa, mas a deixa livre, não fica trazendo as coisas de forma pessoal.

O mais comum é termos uma pessoa, ou mais de uma, como a fonte de nosso amor. Mas se partimos do princípio de que todos temos egoísmo inato, ou seja, recebemos a estrutura mental egocêntrica por herança das gerações passadas, não existe nenhum ser humano perfeito que possa nos amar perfeitamente.

Nos relacionamentos esperamos que as pessoas nos deem o que necessitamos. E alguns podem ficar tão obcecados com isso, que constroem relacionamentos difíceis porque se tornam exigentes quanto ao que as pessoas ao redor devem dar. A procura por um ser humano que se torne o “amor da minha vida” é inútil e ilusão se esperamos receber desta pessoa amor ideal.

Minha sugestão é que pouco a pouco você desconstrua a tendência de pensar, e com isso esperar, que existe alguém lá fora que vai lhe preencher tudo o que tem que ver com o amor que você deseja.

Desejar amor e ser amado não é o problema. Isso é normal. Mas nossos desejos podem estar misturados com egoísmo. Pense: ao ter uma atitude de amor para com alguém, você faz isso para dar ou receber? Ao amarmos de forma madura damos ao outro algo bom porque recebemos. Um texto bíblico diz que tudo o que é bom, se é realmente bom, vem do Pai das luzes, que é Deus o Criador do Universo. Você só pode ter amor verdadeiro se recebê-lo desta Fonte divina. O resto é misturado com egoísmo, dependência afetiva, controle, codependência, manipulação.

Se seu pai, sua mãe ou quem criou você era pessoa abusiva e vivia depreciando você, chamando-o de burro, você só será afetado por isso se crer que o que a pessoa dizia era verdade e absorver isso. Se alguém toma veneno, este veneno não afeta você, a menos que também tome o veneno.

A criança sensível afetada emocionalmente por ter vivido na infância num lar abusivo, pode ter criado uma crença psicológica em sua mente de que é realmente burra (ou outra coisa negativa) e sofre com isso. Para resolver este sofrimento ela precisa, assim que for possível, confrontar os pensamentos (crenças) em sua mente que dizem ser ela burra. Numa autoanálise ela vai precisar dizer para si algo tipo: “Na minha infância diziam que eu era burro. Cresci com esta crença. Agora vejo que isso não era verdade. Agora posso me respeitar e perceber meu valor como pessoa. Os pensamentos que querem me perturbar dizendo que sou burro, não precisam ter mais valor para mim porque não são verdades sobre minha pessoa.”

Então, hoje quando alguém lhe atacar com palavras nervosas e duras, pare de olhar o que e como a pessoa está falando e fazendo e pense em como aquilo está atingindo você, e no que provoca em suas emoções. E entenda e aceite que ao deixar de ter aquela pessoa como fonte de seu amor e valor próprio, você fica livre. Ela não mais terá poder sobre você. Sua fonte de amor não pode ser um ser humano, mas somente o Criador do Universo. Na primeira carta de João, no capítulo 4 e versículo 8 está escrito que Deus é amor. Ele é a única fonte perfeita de amor. Amor maduro vem Dele, chega em você e vai para o outro. Nunca vem de você mesmo e nem de outra pessoa originalmente. Por isso, ter o Criador como a única fonte de amor se torna libertador.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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