O que é e o que não é de minha responsabilidade?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Nem sempre é fácil distinguir o limite exato entre o que cabe fazermos e o que não cabe, seja no trabalho, na família, no casamento, na vida social em geral. Pessoas muito egocêntricas não se envolvem nem um milímetro a mais do que creem ser seu papel, e, por outro lado, pessoas codependentes tendem a avançar sobre seus próprios limites saudáveis e se envolvem exageradamente no que não precisaria e, talvez, não deveria.

A autora anônima do texto de reflexão de 25 de março do livro “Coragem para mudar – Um dia de cada vez no Al-Anon II”, p.85, descreve algumas atitudes que aprendeu que seriam responsabilidade dela, como ser leal aos valores pessoais, agradar si mesma, manter a mente aberta, se desligar de situações conflitantes mas fazendo isso com amor, se livrar da mágoa e do ressentimento, expressar suas ideias e sentimentos em vez de reprimi-los, ser realista em relação às suas expectativas, fazer opções saudáveis, ser grata por suas bençãos.

Com relação aos outros, ela disse que também aprendeu a ajudar os outros, reconhecer que as outras pessoas têm o direito de viver suas próprias vidas, ouvir não só com os ouvidos, mas também com o coração, e compartilhar suas alegrias e tristezas. Já que ela convivia com um familiar adulto com problemas com bebidas alcoólicas, afirmou: “Não sou responsável pela maneira de beber, sobriedade, emprego, limpeza, alimentação, higiene dental, ou outras escolhas do alcoólico que amo.” E continuou: “É minha responsabilidade tratar essa pessoa com cortesia, gentileza e amor.”

Podemos andar uma segunda ou terceira milha com uma pessoa que realmente necessita da nossa ajuda. Mas temos o direito de colocar limites, com amor e firmeza, para com os abusadores, mesmo aqueles que podem atuar com abusos de forma inconsciente, não premeditada.

Ficar usando uma pessoa para nosso benefício pessoal é um tipo de abuso. Podemos pedir ajuda e a outra pessoa pode nos pedir ajuda, o que é diferente de abusar. Alguns ficam confusos sobre colocar limites, sobre cuidar de si mesmos como se isso fosse egoísmo. Mas egoísmo é cuidar só de si mesmo. No altruísmo você pode ajudar as pessoas, primeiro cuidando de sua saúde para ter condições de ser útil aos outros.

As pessoas “espaçosas” podem viver testando os outros para ver se eles manifestam amor por elas, por exemplo, pedindo com frequência coisas para fazerem por ela que elas mesmas podem fazer por si. Sendo sincero, sincera consigo mesma, você pode cultivar uma melhor percepção de si, observando suas condutas e separar o que precisa ser evitado e o que pode continuar a ser praticado, o que é de sua responsabilidade e o que não é. Pense.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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