Insônia: tipos, causas e tratamento

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 04 de junho de 2020

A insônia é a alteração do sono normal. Pode ser temporária ou crônica, e também inicial, intermitente e terminal. Inicial é quando a pessoa tem dificuldade para induzir o sono, ela deita e custa muito a dormir. A intermitente é quando ela tem interrupções freqüentes e variadas no período em que vai dormir. E a terminal é quando ela deita, dorme logo, mas acorda muito cedo, tendo dormido poucas horas e não consegue voltar a dormir.

Chamamos de insônia primária quando há dificuldade em iniciar e/ou manter o sono e quando há a sensação de não ter um sono reparador durante um período não inferior a um mês. Ela geralmente surge no adulto jovem (entre 20 e 30 anos), raramente na infância e adolescência, é mais freqüente na mulher e tem um desenvolvimento crônico. Neste tipo de insônia há, portanto, alterações na indução, na continuidade e na estrutura do sono. Ela pode existir também com sonambulismo (andar dormindo) e sonilóquia (falar dormindo).

A pessoa com insônia primária refere não ter tido um sono reparador durante um tempo não inferior a um mês, e acaba produzindo mal-estar físico, deterioração social no trabalho ou em outras áreas importantes de atividade.

A insônia crônica pode produzir uma diminuição da sensação de bem-estar durante o dia, caracterizado pela alteração do estado de ânimo e da motivação, diminuição da atenção, da energia e da concentração, além do aumento da sensação de fadiga e mal-estar mental.

Geralmente pessoas com insônia utilizam mal medicamentos e álcool para tentar favorecer o sono, e ao mesmo tempo usam bebidas com cafeína ou outros estimulantes para combater a fadiga durante o dia.

Ocorre a insônia por motivos variados. Há as chamadas “idiopáticas” de causa não detectável. Cerca de 50% dos casos de insônia ocorrem como conseqüência de depressão. Também pode ocorrer como condicionamento negativo, como a pessoa que dormiu mal uma ou outra noite devido a algum trauma emocional, e fica com medo de não conseguir dormir de novo. Este medo ou ansiedade perturba o relaxamento para permitir o sono fisiológico. Quanto mais medo de não dormir, mais provável é a insônia.

O que produz uma insônia pode ser diferente do que faz com que ela se torne crônica. Geralmente há uma situação aguda de estresse psicológico, como a morte de um ente querido, o afastamento de um familiar, tristeza, perda de emprego, iminência de uma cirurgia, caso de doença grave, depressão, perda financeira etc.

É relativamente comum a presença de insônia na pessoa que tem a chamada “depressão mascarada”, ou seja, um tipo de depressão em que a pessoa não se sente conscientemente triste e nem desesperançada. Estudos mostram que 40% das pessoas com queixas clínicas que procuram médicos clínicos gerais apresentam este tipo de depressão. Apesar da não queixa de tristeza e desesperança, a pessoa com depressão mascarada pode apresentar os outros sintomas depressivos, incluindo despertar precoce na madrugada (insônia terminal), desinteresse sexual, falta de apetite (ou apetite exagerado geralmente para doces), variação diurna do humor (pior pela manhã), constipação intestinal etc.

No tratamento da insônia deve-se observar a história da pessoa e ver se há depressão ou ansiedade generalizada e então tratar a causa primária. É importante fazer a higiene do sono que significa: praticar exercícios físicos pela manhã ou no começo da tarde, tomar a última refeição do dia pelo menos duas horas antes de deitar com alimentos leves, não usando nicotina, álcool, bebidas com cafeína como café, chá preto, erva-mate, bebidas com “cola”, guaraná em pó ou misturado com outros líquidos, chocolate.

Deve providenciar um ambiente agradável no quarto de dormir, sem televisão, sem barulho (se possível), colchão agradável, evitar deitar sem ser para dormir, ter hora certa para deitar e levantar.

Numa terapia de conduta para insônias severas a pessoa aprende a relaxar, sendo a leitura de algo suave e calmo indicada, além da oração e meditação. Eventualmente pode haver a necessidade temporária de medicamentos específicos para induzir o sono, que podem ser fitoterápicos, como a Valeriana e a Passiflora, ou medicamentos sintéticos chamados de hipnóticos ou indutores do sono que devem ser prescritos por médico e de preferência não ser utilizados seguidamente por mais de dois meses.

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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