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A importância da autoconsciência
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
Muitas pessoas não têm noção de como, por exemplo, ocupam os outros por falar demais. São detalhistas não só porque talvez queiram dar características úteis de um assunto ou objeto, mas porque o próprio diálogo é uma forma delas se conectarem com os outros e de estar na realidade. Então, elas gastam tempo precioso da outra pessoa por não serem mais objetivas. E podem nem pensar que estão usando os outros como fonte de conexão com a realidade.
Ter autoconsciência auxilia muito para se construir boas relações humanas. Os indivíduos mais conscientes de si têm a chance de serem mais produtivos, mais honestos emocionalmente, mais eficazes e talvez úteis no contato com os outros.
Já escrevi um artigo sobre o fato de boa parte da população viver no automático, ou seja, sem ter adequada autoconsciência. Comentei, no texto, que viver no automático é normal no sentido do hábito ou do condicionamento das pessoas. Mas, sair do automático para ter autopercepção é mais saudável.
Desenvolver a autoconsciência ajuda a identificar nossos objetivos e a tomar decisões com melhor confiança e firmeza, evitando transgredir seus valores. O autoconhecimento ajuda a pessoa a conseguir melhor equilíbrio emocional, o que facilita a vida na família, no trabalho, na sua comunidade religiosa.
A melhora da autoconsciência também facilita a compreensão do que podemos e do que não podemos, ou seja, caminhamos rumo a admitir que somos impotentes diante de muitas coisas da vida, e que podemos algumas coisas. Uma das coisas paradoxais nessa vida é que quando admitimos nossa impotência em relação a algo, seja o comportamento de outra pessoa ou outro fator, descobrimos que isso nos relaxa. Até a Oração da Serenidade diz no seu início: “Deus, concedei-me a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso mudar.” Aceitando nossas impotências sem revolta, a serenidade pode surgir.
Você pode pensar: “Como desenvolver o autoconhecimento?” Primeiro, você precisa parar algumas vezes ao dia para refletir sobre seus pensamentos, sentimentos e atitudes em vez de seguir no automático o tempo todo sem fazer essa autorreflexão.
Um segundo passo envolve pedir que alguém de sua confiança falem com você o que ela acha de sua conduta nisso ou naquilo. Peça para a pessoa lhe dizer como ela percebe você. Isso se chama “pedir feedback”. Requer humildade, mas é uma boa opção para auxiliar a melhorar seu autoconhecimento.
Em terceiro lugar, a leitura, cursos e alguma terapia psicológica pode lhe ajudar a se compreender. Um quarto passo tem que ver com escrever um diário, ou vez ou outra, fazer anotações sobre sua conduta. Escrever ajuda a perceber. E perceber é o passo básico para o autoconhecimento.
Creio que a oração consciente, não decorada, pensada, usando suas próprias palavras dirigidas a um Ser Superior, que eu prefiro pensar em ser o Deus Criador do Universo, também facilita o autoconhecimento. A mente pode ficar mais clara com a oração frequente e costumeira, sincera e espontânea.
Nunca chegamos a um ponto da vida no qual atingimos o máximo de autopercepção. Sempre terá a necessidade de aprimorar isso. Dura a vida toda e a vida toda não é suficiente para nos conhecermos profundamente a nós mesmos. Mas quem se empenha nisso, vive melhor, produz com melhor qualidade, se relaciona melhor com as pessoas e para de usar os outros como fonte de escuta e manipulação consciente ou inconsciente.
Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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