Viagem diferente

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Chegou o mês de julho. Para muitas pessoas, era um mês esperado, com alguns dias de férias e oportunidade de descansar, dar uma breve pausa, quem sabe até fazer uma viagem. Não à toa os pacotes turísticos para esta época do ano sempre foram muito procurados.

O mês de julho, para aqueles que podiam, sempre combinou muito bem com viagens, sem importar o destino. As crianças, com suas pausas clássicas de férias muitas vezes ditavam o ritmo de mudanças por alguns dias nas rotinas dos pais. Crianças em casa, sempre pareceu ser sinônimo de necessidade de reinvenção dos pais. Uma situação bastante típica. Os adoradores da estação do inverno também costumavam se deleitar esse mês ... festivais de inverno, passeios por lugares frios, busca por cantinhos aconchegantes de preferência com lareira, fondue e araucárias. Os que curtem neve e tinham possibilidades financeiras, lotavam os pontos turísticos e estações de esqui na América do Sul.

O cenário costumava ser bastante convidativo, claro, para aqueles que tinham essas possibilidades. Mas e agora? O ano de 2020 nos apresenta uma proposta diferente. Proposta essa não formulada por ninguém, sem roteiro, sem destino, sem planejamento, sem data para acabar. Em meio ao caos da pandemia, incertezas, perdas, doença, medo, dificuldades financeiras, isolamento, a viagem de meio de ano será bastante diferente para muita gente.

Com as novas perspectivas impostas pelo vírus, muitos roteiros foram repensados, e inúmeros destinos voltaram-se para os interiores dos lares e das pessoas. O tempo também foi relativizado. O estado de espírito do viajante empolgado, também foi impactado pela pandemia. Talvez os pais precisem reinventar o lúdico dessas férias de julho com os elementos reais e factíveis, que estão em suas próprias mãos.

Aliás, muita coisa está precisando ser reinventada e ressignificada neste ano atípico e complexo. Não sabemos os rumos de tudo isso ao certo e a incógnita tem sido um elemento diferencial neste processo de nos voltarmos para dentro, de administrarmos as mais variadas emoções, desta vez com nuances inéditas, de fitarmos de forma tão próxima com a efemeridade da vida, com os recursos escassos, com a limitação de nossa liberdade e o que temos feito com tudo que nos era proporcionado e possibilitado até então. Que viagem difícil essa. Sem malas reais, mas com uma bagagem sem tamanho para carregar.

Não deixemos de viajar. Desta vez, para o âmago de nossos anseios, para o autoconhecimento, em busca da sabedoria profunda sobre quem seremos e para onde iremos quando tudo isso acabar. Se acabar...

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Paula Farsoun

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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