Sobre ser grata

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Propuseram-me a criação de um “diário da gratidão”, com a sugestão de que todos os dias elencasse razões para agradecer. Nem precisava. Por aqui, gratidão é praticamente um estilo de vida, uma forma de pensar, um jeito de existir. Quando o sentimento não brota espontaneamente, nos exercitamos para nos reconectarmos com ela. Gratidão é coisa séria, sentimento que deve ser nutrido e cuidado, que transmuta nosso olhar, ressignifica tudo na vida, acolhe dores. É o pontinho de luz na escuridão. A flor no deserto.

Por escolher ser grata todos os dias, esforço-me para perceber que despertar já é objeto de agradecimento. Estou viva, estou aqui para mais um dia, para novos desafios, para o trabalho duro, para sonhar e realizar, espalhar amor por aí. Se tenho um lar, alimentos, família, amigos, ar fluindo nos pulmões, sou uma afortunada, não é mesmo? Já pensou sobre isso? Pensar pensar mesmo, refletir sobre como “reclamamos com a barriga cheia”, como diria o jargão popular.

Em meio ao caos e a tantas adversidades, sobreviver com dignidade é um privilégio. E digo isso sem medo de errar e a realidade da pandemia tem nos mostrado exatamente como o enfrentamento de tantas dores, medos e angústias podem refletir justamente os privilégios básicos de muitos de nós, como a capacidade de respirar livremente.

Proporia a todos essa reflexão, esse olhar. É bom viver deixando rastros de gratidão por aí. Essas palavras que hoje escrevo são impregnadas deste sentimento. A oportunidade de estar aqui conversando com os leitores todas as sextas-feiras é por si só algo que celebro e agradeço. O desafio é justamente escolher ser grata quando o contexto atrai a lamúria, as reclamações. Perceba o quanto as pessoas ao seu redor reclamam. Às vezes o dia inteiro, por coisas grandiosas e muitas outras banais. Perceba como tudo muda para pior quando nos conectamos com esse olhar negativo sobre os acontecimentos – eu sei, muitas vezes inevitável.

A fórmula é simples: fomentar o sentimento de gratidão e transformar o estado de espírito ao invés de preconizar o estado de reclamações que tanto minam qualquer sensação de bem estar. Acho que o caminho é esse e como (quase) tudo na vida, demanda escolhas. Escolho agradecer. Mais uma vez, obrigada, por tudo.

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Paula Farsoun

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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