Reflexões sobre o mundo virtual. Penso que sejam necessárias. Realmente necessárias. Pelo menos ando pensando bastante sobre o assunto. Sinto que as vidas, os desejos, os passos, os afazeres, os familiares das pessoas nunca antes haviam sido tão expostos como nos últimos tempos. Por vezes, as postagens nas redes sociais nutrem um ideal de aparência que sequer condiz com a realidade. Muitas pessoas mais preocupadas em parecerem ser do que o que verdadeiramente são.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana

Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
Há dias em que a força nos foge. Sentimo-nos, como diz o dito, “Saco vazio que não para em pé”, mesmo tendo nos alimentado. É incrível como nos dias de exaustão os pensamentos escondidos aparecem. Lembramo-nos de cuidar da saúde, valorizamos mais do que nunca uma boa noite de sono, repensamos a qualidade de nossas atividades e pensamos em como damos conta.
Mesmo quando a maré está mansa, não significa que mansa para sempre permanecerá. Basta o sopro do tempo, o rebolar das correntezas, a inspiração da deusa do mar e as ondas vêm. É o movimento natural. Não existe maré calma eterna. Existe vai e vem da natureza, reboliço dos ventos, e logo a onda vem. Nós não escolhemos seu tamanho, não dimensionamos seu perigo, nem prevemos sua velocidade.
O lugar do outro te parece confortável? Com o recorte daquilo que se vê, muito pouco ou quase nada de alguém, é possível exercitar ocupar ainda que em pensamentos esse lugar? Com dores, amores e dissabores. Parece fácil ir a um lugar que não é seu e avistar paisagem bonita, jardim frondoso, experiência próspera, ao passo de que se faz muito difícil ir até lá se o terreno lhe parece arenoso, encoberto de tristeza e dor.
Na dúvida, ofereça flores. Em uma pétala, pode haver o mundo inteiro. O mundo de alguém. Existindo por aí, interagindo com as pessoas, olhando as multidões, percebendo o cotidiano, não podemos alcançar com nossos olhos o que está por trás dos olhos daquelas pessoas. O mundo delas. Seus problemas, seus sonhos, seus amores, suas dificuldades. É uma imensidão inalcançável.
Disseram-me que prazos são uma "coisa chata". Que melhor seria viver sem tê-los, sem cumpri-los, sem que sequer existissem. De certo, concordei. Liberdade, pensei. Fazer o que quiser, da forma como pretender, no momento que entender adequado. Mas em sequência, retruquei: teríamos maturidade e responsabilidade suficientes para convivermos em uma sociedade moderna dessa maneira? Prazos perturbam ao mesmo passo que nos lembram dos limites, das regras, das tarefas que devemos desempenhar. Compromisso. Prazo tem a ver com isso.
A grama do vizinho é realmente mais verde que a nossa? Por que tanta gente acha que os sonhos realizados pelo outro são mais fáceis de serem alcançados? Que na casa dos outros não tem bagunça, que o casal lindo que vemos pelas fotos das redes sociais não tem desafios constantes, contas a pagar? De onde o ser humano tira a ideia de que o melhor está lá e não aqui?
Para quem acredita que a sinceridade de um elogio pode ser transformadora, eis uma realidade empírica: quando a intenção que encobre um ato ou palavra é sinceramente positiva, ela é ainda mais renovadora. O elogio pode ser significativamente mais profundo do que a simplicidade da forma, quando impregnado desse sentimento.
Abaixemos o dedo e não a cabeça. Guardemos em bom lugar nossos dedos apontados para os outros. Mania essa nossa de julgarmos a tudo e a todos o tempo todo. Não nos ensinaram que não devemos julgar, levantar falsos testemunhos? Não aprendemos a lição? Diz a lenda que se apontarmos os dedos para as estrelas, nascerá verruga em suas pontas. Já ouviram antes? Vai ver essa era uma daquelas estórias dos antigos para ensinar de alguma maneira que devemos tratar os outros com humildade e principalmente respeito. Repito, lição de todo sai: tratar a todos com respeito e humildade.
Há quem se dói por inteiro ao ter que dizer um “não”. É verdade. Acontece. Sofre-se a ponto de não conseguir fazê-lo. Atravessar essa barreira quase intransponível entre ceder e selecionar pode ser grandiosa missão. E, realmente, é muito para alguns. Para o mundo, “sim”. Para os outros, “sim”. Para si mesmos, quase nada. Dão-se demais. Além do que se pode. Assume-se coisas demais por fazer, peso demais para suportar. Porque negar, desagradar, limitar, é difícil demais.