Dias melhores virão

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Em dias ruins, costuma vir o alento de que as coisas vão melhorar. Sim. Também penso assim. Contudo, é necessário viver os dias ruins também, as fases difíceis, os momentos tristes, os desafios e tudo mais que compuser este pacote das dificuldades. Não podemos, ainda que queiramos, num passe de mágica, rebobinar a fita nem pular para a próxima etapa. Porque a vida da gente é segundo após segundo. Sem escapatória. Precisamos viver todas as dores assim como degustamos da alegria de viver.

Este ano tem sido assim. É claro que todos os outros também foram. Enquanto muitos riem da barriga doer, outros choram seus lutos. Faz parte da dinâmica da vida. Mas 2020 tem sido especialmente desafiador justamente porque talvez pela primeira vez tenhamos nos deparado com todas as pessoas ao mesmo tempo enfrentando a angústia da possibilidade de enfrentar uma doença ainda sem cura, que vem pelo ar, é invisível e imprevisível.

Não está fácil enfrentar. Mas vejam, já é dezembro. E ... Que cenário esquisito. Inédito. Surpreendente. Doído até. Tem sido difícil por tudo. Dezembro é aquele mês que passa num piscar de olhos, mas que costuma trazer com ele a alegria por finais de ciclos, a esperança latente pelo ano novo, os corações mais nostálgicos e saudosos por pessoas que queríamos que estivessem aqui mas não estão, tempo em que muita gente se conectam com a vibração da oração, da comunhão, em que os anseios pelo consumo aumentam também, é verdade.

Se eu pudesse definir dezembro em uma palavra seria “abraços”. Abraços nas confraternizações, nos colegas de trabalho, nos reencontros com amigos e, principalmente nos familiares. Conexão. Reconexão. Coração com coração. Afeto. Troca. Fraternidade. Para mim, esta época sempre foi um combustível para restabelecer energias do ano intenso e celebrar a vida e a família ao lado de quem amamos. Nos abraçamos ainda mais em dezembro, percebem isso? 

E este ano? Queremos, mas não podemos. Não devemos. Se o fizermos, nos arriscamos. Arriscamos os que amamos e todos os outros. Não podemos. Este ano está duro. Mais introspectivo. Mais arriscado. Mais desafiador. Mais sofrido. Mais humano. Mais solitário. E quem está totalmente preparado para encontrar-se consigo mesmo? Para abraçar a si mesmo? Ouço e sinto no ar que os dias estão ruins. E não resistirei a afirmar que as coisas vão melhorar. Vão sim.

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Paula Farsoun

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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