Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Maria, Maria
Wanderson Nogueira
Palavreando
Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.
Minha mãe se chama Maria, como todas as minhas tias por parte de mãe. Todas as filhas de minha avó receberam um Maria precedido de seus nomes: Maria Arlete, Maria José, Maria Eronete. Junto com o nome Maria, receberam também o dom de serem mães.
Admiro todas as Marias, especialmente minha mãe, é claro. Permitam que eu fale no presente, pois por mais que minha mãe não esteja mais aqui, fisicamente presente, ela segue comigo por todos os meus dias.
E todas as Marias receberam um pouco daquela Maria de mais de dois mil anos atrás. E todas as Marias são muito parecidas com aquela Maria que deu à luz àquele que atravessa os séculos como guia salvador de todos nós! Maria segue conosco como exemplo de coragem, sensibilidade e força para suportar perder para dar ao mundo.
Ser Maria é um dom. Ser mãe é um feito, com Maria ou sem Maria no nome. Porque para ser Maria é preciso atitude e são as atitudes que definem quem tem um jeito Maria de ser.
Ser sorriso misturado ao sal que escorre pelo rosto no parto e por todos os demais dias adiante desse de ter ventre rompido e alma tatuada. Ser esse altruísmo de quem entrega tudo e se entrega para proteger, ao mesmo tempo que quer ver voar a quem deu peito para ter asas. Ser sentido, sentimento e sentir força mesmo quando não tem, mas vai...
Dançar com a vida e suas dores para apontar o dedo para o mundo e dizer: com mãe não se atreve, porque Maria aguenta e enfrenta tudo e todos na sua força fé de mãe.
Que todas as mães do mundo possam encontrar esse jeito de ser Maria, ao ponto que seus filhos possam encontrar e praticar os ensinamentos de Jesus Cristo. Que todas as mães do mundo possam suportar o dever de abdicar, mas que também possam encontrar o direito de não ter que ser sempre santa. Até mesmo as mães erram, mesmo que sempre na tentativa de acertar.
Que todas as mães do mundo sejam aquela Maria que entendeu a missão de seu filho e que nunca o abandonou, mesmo quando Ele esteve distante. Que todas as mães do mundo sejam luz para esse mundo caótico, carente e doente. Que toda a energia que emerge do amor Maria possa inverter o caos, prover o preenchimento dos corações tristes e vazios, curar a dor e as deficiências de um mundo cada vez mais distante dos ensinamentos Cristãos.
Mães solo, de leite, adotivas. Mães casadas, divorciadas, namoradas. Mães pais, lésbicas, trans. Mães jovens, avós, de primeira viagem. Mães brancas, pretas, orientais. Mãe mulher. Mães Marias, Arletes, Reginas, Anas, Mônicas, Cristinas, Veras, Adrianas, mães simplesmente mães, antes mesmo de ouvirem chamados seus nomes. Nada é mais sagrado do que mãe.
Que todos os filhos do mundo possam enxergar essa Maria no rosto de suas mães para que compreendam que uma mãe é algo divino. Que todos os filhos possam abandonar o egoísmo e que sejam bons filhos, amáveis e complacentes. Que todos os filhos possam ter um pouco de José, que apesar de todas as evidências contrárias, ainda sim confiou e amou sua Maria, mãe de todos! Que todos os filhos do mundo possam voltar para suas mães, nem que seja para receber a benção de cada nova missão dada para si.
Beijem seus rostos, mas respeitem seus ombros pesados e seus corações rigorosos e disciplinados ao amor que dedicam.
Minha mãe se chama Maria! A mãe de todos nós se chama Maria e há uma Maria em cada mãe, ainda que em seu nome não tenha Maria. Porque para ser Maria é preciso atitude e são as atitudes que definem quem tem um jeito mãe de ser!
Wanderson Nogueira
Palavreando
Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.
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